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BallasCast – Episódio 08 – O Espetáculo na guerra do Kosovo

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Clique aqui para ler a transcrição do episódio.


Senhoras e senhores, laaaaaadies and gentlemaaaaans, mesdames et messieurs, senhoritas e senhoritos, dentistas e dentistos, está começando mais um BaaaallasCast


— MÚSICAAA.


Olá, Olá, Olá!


Que prazer encontrar você aqui meu caro e barato ouvinte.


É realmente muito bom saber que você está ouvindo o meu podcast, por isso você está aí, ouvindo ao ouvido juntinhocoladinhocomigozinhooo.


Eu estava contando das minhas histórias e hoje contarei pra você mais um episódio…


Vamos à ele.


The history of my life… NOW!


 


O ESPETÁCULO NA GUERRA DO KOSOVO.


No episódio anterior eu contei que eu viajei junto com os Palhaços sem Fronteiras para uma expedição na Albânia, na fronteira com o Kosovo.


Isso porque o ditador da Iugoslávia, na época, Milošević, ele queria expulsar todos os kosovares de etnia albanesa e fazer dos sérvios a maioria em Kosovo.


Segundo a Wikipédia, ele enviou as tropas com ordens expressas de aniquilar por completo a rebelião dos kosovares, pois queria fazer uma limpeza étnica.


Sendo assim, a OTAN interviu e lá aconteceu a tal Guerra do Kosovo.


Então nós, Palhaços Sem Fronteiras, chegamos no campo de refugiados Rashbu II.


E o que que é um campo de refugiados?


É um terreno vazio, onde as Organizações Internacionais, no caso Médecins du Monde, montavam grandes barracas e lá os refugiados ficavam esperando para ver o que iria acontecer com eles.


Nesse campo, estavam mil pessoas e a nossa chegada já era muito interessante.


Por quê? Por que num campo de refugiados chegam poucas coisas. Chegam de vez em quando remédios, mantimentos, médicos ou psicólogos.


Mas dessa vez chegavam duas vans onde desembarcavam uns caras com umas caras esquisitas, com uns cabelos esquisitos e de lá de dentro tiravam monociclo, um trapézio, umas bolinhas…


Então, o espetáculo de certa maneira já começava do momento em que a gente chegava, porque já era um acontecimento em si.


Nesse primeiro campo eu tava muito nervoso. Eu nunca tinha ido para uma viagem dessa.


Eu tinha me apresentado poucas vezes na minha vida e tava no meio da guerra.


Então pegamos um pequeno espaço, pedimos algumas cadeiras pra eles e começamos a maquiagem e a nossa preparação.


Os Palhaços Sem Fronteiras tinham uma coisa que era muito bacana que assim, esse momento de preparação não era um momento fechado, era um momento aberto.


Por quê? Por que como eu disse, já tinha começado. É como se a gente começasse o espetáculo desde a nossa chegada.


Então esse nosso momento de maquiar, de se aprontar, de se aquecer, ele era de certa forma aberto.


Era assim feito na lateral e as crianças, principalmente, iam chegando, chegando, chegando, chegando e ficavam assistindo e ficavam comentando.


E a gente ficava de longe.


Eu ficava fazendo pequenos gestos, pequenas coisas, pequenos comentários assim né, não verbais né.


Porque tinha essa coisa que era mais difícil ainda lá que eles falavam em albanês e a gente não tinha a menor ideia como falava albanês.


A gente até tinha dois tradutores que ajudavam a gente, mas assim, ali na hora… cê num vai ficar perguntando tudo o tempo todo.


Então passa tudo muito por uma linguagem não verbal, uma comunicação não verbal.


Em pouco tempo, já tinham umas trezentas crianças que tavam lá olhando e assistindo esse momento da preparação.


Uma vez que todos estavam prontos, a gente fazia uma roda, fazia uma saudação nossa um… ALLEHOP… que se faz no circo, e antes de começar o espetáculo, eu e a Anne Lor a palhaça suíça, a gente saía pra fazer o que se chama de “aquecimento de público”.


Por quê? Por que alguns lugares eles não conheciam essa figura do palhaço. Então de repente sai um cara maquiado, nariz vermelho, com umas roupas… Podia assustar as crianças.


Então, a gente, antes de começar, saía ali aos poucos ia olhando pras pessoas, ia fazendo pequenas improvisações, ía amaciando o público, ía fazendo com que as crianças, principalmente, entendessem que aquilo era divertido, era legal, era bacana.


E uma vez que o público estava aquecido, começava o espetáculo.


 


        No público, além das crianças, obviamente tinham adultos também. Afinal, o espetáculo não era um espetáculo infantil.


        Ele era um espetáculo que era feito pra todo mundo.


        A grande maioria dos adultos eram mulheres, porque os homens, ou tinham morrido na guerra ou estavam lutando.


        Enfim… Cerca de setecentas pessoas estavam lá… a postos… e o espetáculo começou.


        A música começou a tocar.


        O primeiro número de malabares entrou.


        Depois entrou um número de música…


        Depois entrou um número de monociclo que eu entrava pra ajudar o Julien.


        Número de hipnose.


        Número de magia.


        Número de torta na cara que eu fiz com alguém do público que a gente chamou…


        E no final o número do trapézio.


        Quando acabou, as pessoas batiam palmas EFUSIVAMENTE…


        Elas gostaram muito, muito, muito, muito, muito.


        E eu não conseguia me conter porque era muita emoção ao mesmo tempo — de tá no meio da guerra fazendo espetáculo, de tá fazendo espetáculo pra tanta gente que eu nunca tinha feito espetáculo pra setecentas pessoas, de tá fazendo espetáculo com pessoas do mundo inteiro e de conseguir fazer com que naquela uma hora e meia que foi o momento do nosso show, aquelas pessoas esquecessem que elas estavam no meio de uma guerra.


        No meio de uma tragédia.


        No meio de uma grande miséria.


        E naquele momento aconteceu um grande encontro entre os Palhaços Sem Fronteiras e as pessoas que estavam lá naquele campo de refugiados.


        O show acabou, eles vieram conversar com a gente né?


        Conversar na medida do possível, por que a gente não falava albanês e eles não falavam francês, muito menos português.


        Mas era muito legal, por que eles vinham lá, vinham se aproximar da gente, abraçavam a gente, era muito tocante de ver o quanto eles estavam agradecidos.


        E lá no Palhaços sem Fronteiras tinha uma coisa que era muito legal que era o seguinte, quando acabava o espetáculo a gente fazia uma distribuição de narizes vermelhos, pra deixar alguma coisa pra eles, pra eles ficarem com alguma coisa na mão pra eles poderem lembrar de alguma maneira daquele momento.


        Então, a gente fez uma grande distribuição de nariz vermelho pra todos eles, todos, todos, todos, ficaram numa grande roda gigante, colocaram seus narizes, e lá estávamos nós junto com eles naquele momento inesquecível.


        E no final a gente sempre pedia pra eles fazerem alguma coisa pra gente.


        Por quê? Por que era o momento onde acontecia a troca, era o momento onde eles podiam oferecer alguma coisa pra gente.


        Isso era um dos principio dos Palhaços Sem Fronteiras que tinham que ter uma troca.


        A gente veio lá dar o espetáculo que era o que a gente sabia fazer, apenas isso, nada mais do que isso, não éramos super heróis, não éramos nada mais do que pessoas que vieram oferecer o que a gente sabia fazer, e eles em troca davam alguma coisa pra gente.


        Então nesse primeiro campo de refugiados, eles cantaram algumas músicas típicas da região, ensinaram pra gente alguns refrões e a gente ficou com eles confraternizando, cantando, até que chegou o momento de ir embora.


        Na hora de ir embora, eles fizeram questão de guardar todo o nosso material, eles não deixaram a gente tocar em nada.


        — Não, não precisa tirar isso daqui não, tal…


        Desmontar o trapézio que era uma coisa mais forte assim, colocar tudo nas vans, ajudar a guardar, guardar, guardar tudo.


        Vieram as crianças, vinham em cima da gente, vinham lá conversar, bater na mão, a gente entrou na van e aí eles ficaram com a gente até esse momento da saída.


        As crianças iam correndo, a gente dando tchau na janela, eles já sabiam meu nome…


        “Ah Marcio, Marcio, Marcio”.


        “Antoine, Antoine”.


        Sabiam os nomes dos palhaços já, a gente dava tchau eles iam correndo atrás da van, e a van foi saindo, foi saindo, e eles foram correndo, correndo…


        E a van foi saindo, saindo, saindo…


        E quando a gente chegou numa distancia que não dava mais pra dar tchau cada um sentou na sua cadeira, cada um ficou sozinho, e ficou um silêncio.


        Ninguém falava nada …


        Lá tinha acontecido nosso primeiro espetáculo de uma expedição que duraria quinze dias.


 


Música.


 


        Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um episódio (AAAAAAHHHHHH), mas na segunda feira que vem tem mais (EEEEEEHHHHH).     


        Você pode deixar seus comentários no grupo BallasCast no Facebook, ou na minha página pessoal ou onde você quiser e desejar.


        E se você esta gostando avisa a galera, tem gente que não sabe nem o que é podcast. Então passa meu podcast pra elas, assim elas vão começar a saber, não sei se vão gostar, mas vão saber o que é.


        Até a minha mãe está ouvindo podcast.


        Éééé… Um beijo para dona Carmen Ballas que é a senhora minha mãe.


        


Chegamos ao momento merchan…


        “Marcio, agora no final do ano a gente tem a convenção da nossa empresa, e a gente tá precisando de um mestre de cerimônias. Você era apresentador de TV, você faz essas coisas?”.


        


        É Clarooo.


        Eu sou um mestre de cerimonias e você pode me contratar no


        www.marcioballas.com.br


        E eu vou até a sua convenção specially for you baby !!!


        É isso aí. Muito obrigado pela sua audiência.


 


        Muito obrigado por emprestar a sua orelha esquerda, a sua orelha direita para fazer com que esse  AARR QUE SAAAiiii  da minha boca entre e penetre nos seus ouvidos e no seu coração…


 


Bye Bye..


 


See you next Monday in the very happy to be see happyssss…


Because the next Monday is NEXT . . . FUCKING MONDAY.