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BallasCast – Episódio 25 – Teste para o filme do Woody Allen

EPISÓDIO 25 – TESTE PARA O FILME DO WOODY ALLEN.


Senhoras e senhores, ladies and geenehenehenehenehntlemaaaaans, madames et messieur, ornitorrincos e ornitorrincas, está começando mais um…


BALLASCAST!


MÚSICAAAA.


Olá, olá, olá, seja absurda infinitamente bem-vindo de novo ao BallasCast, é sempre um prazer inimaginável estar aqui com você, com vocês, com nós, conosco, com nossotros e contigo aqui, neste podcast.


Na semana passada eu fiz jogos de improviso com a Cris, na outra semana eu fiz a entrevista com a Cris, e hoje eu resolvi contar uma história bem das antigas que meus amigos Dan Stulbach e Alê sempre que encontro eles eu tenho que contar de novo.


É uma história curiosa, inusitada, então… LET’S GO!


OF THE HISTORY OF MY LIFE… NOW!


 


 TESTE PARA O FILME DO WOODY ALLEN.


Pra quem tá acompanhando meu poscast, sabe que eu, quando eu tinha 27 anos larguei tudo pra tentar ser palhaço profissional e acabei me mudando pra Nova Iorque pra estudar lá, pra tentar ser palhaço profissional.


E lá eu comecei a fazer várias coisas, vários trabalhos…


E um dia uma amiga minha, Cintia Chamecki, de Curitiba, me ligou e falou:


Ballas, tu tem que coisa amanhã de manhã?


E eu disse pra ela:


– Não! Tô livre! Por quê?


– Então, eu comprei um backstage, que é um jornal que tem aqui Nova Iorque de teatro e tá falando que amanhã tem um teste pra figurantes pro filme do Woody Allen.


– Um teste pra figurantes? Como assim?


Ela disse:


– Não sei, mas tá escrito aqui “Um teste pra figurantes prum filme aí do Woody Allen”.


E eu pensei em ir lá ver qual é…


– Bom, então vamos embora! Não tenho nada pra fazer.


E a gente combinou as dez da manhã lá no local, marcado.


Quando eu cheguei em casa á noite eu meio que me arrependi de ter aceitado, porque pô, o que eu ia fazer lá no teste do filme, ainda se ele estivesse lá pelo menos valeria a pena, mas óbvio que ele não ia tá lá.


Ia ver uns caras lá, ia passar um perrengue, não ia servir pra nada, era muito difícil de eu passar.


Eu nem tinha visto de trabalho então eu nem sei se daria pra eu fazer, enfim…


Mas, decidi dormir e no dia seguinte ver o que eu ia fazer.


No dia seguinte eu acordei, tomei café, e como estava meio em cima eu não queria chegar atrasado, eu peguei um táxi pra subir um monte de ruas pra o endereço marcado.


Chegando umas sete, oito quadras antes, tava um trânsito tipo infernal, daqueles trânsitos assim, tipo São Paulo, o dobro.


Com helicóptero, com um monte de coisas. Tipo, tinha acontecido alguma coisa, incêndio, alguma coisa tinha parado a cidade.


E realmente parado, parado, porque o carro não andava.


Eu paguei o táxi e fui andando, essas sete quadras meio correndo porque já tava nove e cinquenta e dois e eu precisava chegar lá, e eu não queria chegar lá atrasado.


Eu corri, corri, corri, corri.


Quando fui chegando perto, eu vi polícia pra todos os lados, milhares de pessoas circulando pra lá e pra cá, falei:


– MEU! ACONTECEU ALGUMA COISA… E GRANDE!


Tipo um atendado… alguma coisa bem, bem, bem séria, porque realmente tava uma bagunça total.


Quando eu fui perguntar ali, perguntar aqui, eu descobri que aquela bagunça toda era por conta daquele testa.


O teste tinha causado aquele transtorno todo e milhares de pessoas tavam lá pra fazer o teste pra figuração do filme do Woody Allen.


(Música)


E a real é que tava uma verdadeira zona!


Você ia pra um lugar, te informavam uma coisa.


Você ia pra outro lugar te informavam outra…


Você ia no lugar marcado “Não, é ali naquela fila”.


Ai eu entrei numa fila ai o cara falou:


– Não essa fila não serve! Essa é pra quem tem ticket, quem tem senha!


– MAS ONDE QUE É A SENHA?


Vai pra lá, vai pra cá… uma hora depois consegui encontrar minha amiga e ela tinha conseguido uma senha, e eu fiquei na fila, esperando, esperando, esperando, esperando, esperando…


Depois de uma hora e meia eu peguei a minha senha…


YES!


O meu número era 1386.


A minha amiga chegou antes, então o número dela era quatrocentos e vinte e poucos – uma coisa assim – então a gente foi lá pra porta da casa onde seria o teste e ficamos esperando para quando chegasse a nossa vez.


Esperamos, esperamos, esperamos, duas horas depois – já era uma da tarde – eles começaram a chamar os candidatos.


Então o cara falou:


From 1 to 10, please!


As pessoas que tinham as senhas de 1 a 10 iam e entravam, então a gente ficou observando, observando, observando e as pessoas do 1 ao 10 entraram e demorou, demorou, demorou e depois…


– Ah, from 10 to 20!


Meia hora depois…


E pelos cálculos, eu era o mil trezentos e pouco, não ia rolar nunca, não ia rolar nem três dias o meu lugar.


Mesmo a minha amiga não ia chegar nunca.


A gente falou:


– Bom, ou a gente faz alguma coisa ou a gente vai embora!


A gente sabia que a possibilidade de pegar o papel no filme era quase impossível, a gente sabia que não ia ter ninguém importante lá, que a gente ia conhecer, nenhum ator nem nada, porque era um teste de figuração, quer dizer, não é que você ia ter uma fala…


Não ia ter porra nenhuma, era pra ficar no fundo do fundo, não tinha a menor importância daquilo, mas poxa, a gente já tinha ido até lá, já tinha se movimentado.


Sabe quando você já tá lá?


Então minha amiga, o quê que fez?


Ela pegou o número dela, quando chegou:


To from 40 to 50!


Ela pegou e tampou o último número e só mostrou os dois primeiros números e aí foi entrando, e aí ela conseguiu passar, e eu fiquei mal lá fora, falei:


– Não acredito! Ela conseguiu! Ela conseguiu!


Só que o meu não dava pra fazer isso, porque os meus números tavam muito coladinhos um no outro, fora que o número dela tinha três dígitos e o meu tinha quatro.


E eu fiquei esperando as pessoas saírem, esperando, esperando, esperando ela sair, e realmente a parada demorava muito lá dentro.


E demorando e saindo, e saindo, e saindo…


Até que um cara saiu e eu falei:


– Escuta! Where’s the test


E tal… e o cara me explicou:


No! Is very fast! You coming ther….


Tal, você vai lá dentro… aí eles olham você e você sai.


– Só isso?


– É, só isso!


Eu falei:


– Puxa vida, e mais nada?


– É! Mais nada!


Que sem graça né?


Eu falei:


– E você que número era?


Ele falou:


– Eu era o número 83 né?


E me mostrou o papelzinho dele.


Eu falei:


– Escuta, você vai usar o seu papelzinho?


Ele falou:


– Não!


Eu falei:


– Você pode me emprestar?


Ele falou:


– Pra quê?


– Ah me empresta!


Ele falou:


– Tá bom! Toma aí! Né?


Americano meio que não entende muito essas coisas eu acho, eles são mais certinhos.


E aí o cara me deu o papelzinho dele, e claro, o número 83 já tinha passado, porque ele já tinha saído, já tava no número sei lá, 102… 103…


Aí eu entrei lá na porta e falei:


– Escuta! Eu… meu número já foi chamado e eu não ouvi e tal…


Ele falou:


– Não, mas já passou!


Eu falei:


– Escuta, mas eu não ouvi cara!


– OK! OK! Come in! Come in!


E aí eu consegui entrar…


YES.


Consegui entrar e passei a barreira e fui lá pra dentro ver como ia ser a bagaça.


(Musica)


Entrando lá dentro uma moça me deu uma ficha que tinha que preencher com meus dados.


Nome. Idade. Altura. Peso. Etc…


Todas essas informações que você precisa, e eu comecei a preencher só que eu vi que eu não sabia dizer nas medidas deles qual era o meu tamanho, qual o tamanho do meu pé, qual o tamanho do meu manequim, qual o tamanho da minha camisa… eu não sei.


Porque aqui é 44, mas lá eu não o número.


Eu falei:


– Meu! Como é que eu vou fazer isso? Tem várias coisas em fit… eu não sei! Não tenho a menor ideia!


Então eu cheguei pra um cara na minha frente e disse:


– Escuta! Posso olhar sua ficha?


Aí ele:


– Tá!


Aí eu fui olhando e fui copiando todos os dados, e o cara obviamente era mais baixo do que eu, não era exatamente, mas eu falei… ferre-se entendeu?


Depois se eu for aprovado eu chego lá na figurinista e falo:


I’m sorry! I equivocate myself entendeu?


Depois não vai ser um problema, eu preciso pelo menos fazer esse negócio!


Copiei as informações do cara e o cara achou realmente muito estranho, e lá fomos nós caminhando para segunda fila.


Entrei então em mais uma fila, nessa vez a mulher me explicou o seguinte:


– Você vai ficar aqui, aí você vai entregar a sua ficha pra alguém e você vai entrar naquela sala alí. E quando você entrar naquela sala lá, você vai ter as indicações, OK?


OK.


Fiquei na fila esperando, esperando, esperando, esperando…


E chegou a minha vez, entreguei a minha ficha pra mulher…


Que entregou essa ficha pra outra mulher e essa ficha entrava dentro da sala onde, ela me explicou, que iam ter as pessoas que tavam fazendo a audição, os auditores lá, os caras do filme, que iriam olhar pras pessoas.


E como era esse tal de teste?


O teste era realmente a coisa mais ridícula do mundo. Porquê?


Realmente como aquele cara da porta me contou era uma questão de segundos, você entrava, eles olhavam pra você, e você saía.


Era tipo um teste de olhar mesmo, que poderia ser feito por uma foto, mas sei lá o porquê eles estavam fazendo o maior AUÊ por causa daquilo.


Já estava lá, continuei na fila pra esperar a minha vez.


Finalmente, cheguei na última fila, na última etapa, que era a tal da salinha


(Música)


Entrei nessa salinha, e dentro dessa salinha aí eu pude entender o que estava realmente acontecendo…


Então estavam quatro pessoas numa mesa, sentadas, e elas recebiam a ficha do candidato e o candidato entrava lá e elas davam o aval delas lá…


Escreviam alguma coisa…


E a pessoa saía!


Foi quando eu adentrei nessa sala que eu levei um susto.


Quem estava ali sentado na mesa era nada mais nada menos do que ele, o próprio Woody Allen.


Eu não pude acreditar que o cara tava lá!


Ele mesmo!


ALI! ELE MESMO! FAZENDO O TESTE!


EU não pude acreditar, era fora de cogitação a possibilidade de ele tá lá e de repente eu vejo aquele figura com os oclinhos dele, com a coreana, a namorada dele do lado, marida… esposa. Sei lá o que ela era porque foi depois daquela polemica toda que ela, numa época ela era enteada dele…


Mas enfim, isso não importa, o que importa é que tava ele lá.


Meu Deus do céu!


O Woody Allen!


E eu fiquei nervoso, tipo muito nervoso.


Era… NOSSA! ELE TÁ LÁ!


OH MY GOD! OH MY FUCKING GOD!


E aí as pessoas iam andando e alguém da produção falava next, e a pessoa entrava, ele via, OK…


Next


Entrava, via, OK…


Next


Entrava, via… OK.


E foi se aproximando e eu fui ficando cada vez mais nervoso, eu falei:


– Meu será que tem que fazer alguma coisa, será que eu tenho que falar, “Hi, i’m from Brazil! Hey… I love u! ”.


Eu não sabia o que. Mas eu precisava fazer alguma coisa…


Next. Next.


Foi chegando a minha vez, foi chegando a minha vez…


Quando chegou a minha vez eu entrei ele me viu, ela chamou “Next”, eu peguei e fiz…


– ohohohohohoh…


Uma careta, mostrando a língua, fazendo uma coisa que depois eu mostro pra vocês no vídeo o que que é…


Todo a fila cagou de rir, a galera rachou o bico…


A menina da produção ficou brava e falou:


NEXXXT.


EU falei:


Ok, ok, sorry!


E fui saindo assim, fui embora assim, meio desnorteado assim, meio assim “Opa! Fiz uma cagada aqui! ”. Tal, levei uma bronca e saí de lá meio desnorteado assim, meio assim…


Fui lá pra fora, milhares de pessoas, encontrei com minha amiga na sequência, eu falei:


Cintia, e aí? Ele tava lá!


Ela falou:


– Eu sei! Não podia acreditar! Era ele mesmo! Era ele.


E aí ela falou:


– Mas e aí?


Eu falei:


– Putz! E aí… você fez alguma coisa?


– Não! Fazer o que? Também não.


Eu sei que eu peguei e fiz uma careta assim …odjaiofhoihfhodhsalj pra ele… porque eu precisava fazer alguma coisa.


Ela falou:


– Eu não acredito que você fez isso. Eu também queria fazer alguma coisa mas eu não sabia o quê, eu não tive coragem.


Eu falei:


– Eu sei, eu sei o que é!


Eu precisava ter feito alguma coisa, e pelo menos eu fiz isso pro Woody Allen.


E depois pensando assim eu falei… gente que v=bobagem né?


Por que gente fica na nossa cabeça pensando, obvio que não foi na racional, mas na pratica eu fiquei pensando…


Por que que eu fiz isso?


Eu acho que meu sonho seria se eu tivesse levado uma bronca da menina da produção … NEXT


Aí eu…


OKOKOK SORRY…  e eu tivesse saindo ele…


Hey hey Hey.. you!


Eu olho pra ele e…


– ME?


Yes! What’s your name?


My name is Marcio. I want you to in your next movie… tipo… como se aquilo fosse fazer com que ele me … sei lá né?


Nossa cabeça é uma loucura…


Mas enfim, foi muito incrível porque pelo menos eu tive cara a cara alguns segundos com o excelentíssimo Woody Allen.


Fim do episódio.


(Musica)


Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um episódio (ahhhhh), mas segunda feira que vem tem mais (ehhhh) e só pra contar mais uma coisa do episódio que eu lembrei agora, o filme chama-se “Tiros na Broadway” e por incrível que pareça a minha amiga ela passou no teste e ela foi figuração do filme, quer dizer, se eu não tivesse feito aquilo quem sabe eu realmente teria sido um figurante.


Isto é, sei lá né?


Mas enfim! Essa é a vida!


Se você quiser entrar no grupo BallasCast que é um grupo que tem no Facebook, a gente tem vários comentários sobre os podcasts, onde eu coloco conteúdos exclusivos e explosivos…


Informações que não entram nesse podcast, eu vou colocar a careta que eu fiz no podcast, pra você ver qual foi exatamente a careta que eu fiz no filme do Woody Allen tester


Então vamos agora ao momento merchand…


(Musica)


“Oi Marcio, eu e minha família gostamos muito do teu trabalho e eu e minha família gostaríamos muito de saber como é que a gente faz pra te assistir?”


É fácil. Se você for de Campinas ou região dia 20 de abril, no teatro Iguatemi, eu estarei aí, com vocês… senão na noite de improviso, todas as quartas feiras aqui no Comedians Club.


É isso aí, chegamos ao final de mais um episódio.


Pra terminar eu queria falar duas frases do Woody Allen que eu gosto muito.


Uma delas é…


EU NÃO TENHO MEDO DA MORTE, EU APENAS NÃO QUERO ESTAR LÁ QUANDO ACONTECER.


E a outra é mais bonita que é…


 A LIBERDADE É O OXIGÊNIO DA ALMA.


Pense nisso.


MUITO OBRIGADO!


Thank you very much!.


Thnk you apreciated nsjvnuweurnvhoehgoçher


Sjcfijegijipwhjrgih


And see next Monday, next…


Thank you..


Bye bye!