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BallasCast – Episódio 36 – Entrevista com Daniel Nascimento (Parte 3)

EPISÓDIO 36 – ENTREVISTA COM DANIEL NASCIMENTO (PARTE 3).


Senhoras e senhores, ladies and geeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeentlemans, madames et messieurs, halterofilistas e halterofilistos, está começando mais um…


BALLASCAST.


MÚSICAAA.


Olá, olá, olá, seja significativamente bem-vindo ao BallasCast, se você nunca ouviu estou muito feliz que você está aqui… E se você já ouviu, estou feliz dobradamente por você estar aqui.


Eu tô começando a encontrar pessoas na rua que ouvem o BallasCast, isso é muita emoção, eu fico muito feliz!


Se você algum dia me encontrar na rua você pode falar “Ballas, eu ouço o BallasCast”, que eu vou ficar muito feliz.


Nos primeiros episódios eu falei das minhas histórias de palhaço e improvisador pelo mundo e agora eu estou fazendo uma série de entrevistas, hoje vamos para a nossa parte III com o Daniel Nascimento.


Ele que é da Cia. Barbixas de Humor, mais de 700 milhões de views, ele é comediante, ele é roteirista, ele é improvisador, ele é multi artista, ele dirigiu o Chamado Central, lá do Rafinha Bastos e do Evandro Rodrigues na, no MultiShow, dirigiu as Olívias, dirige muita coisa, inclusive o carro dele.


Então com vocês a nossa entrevista for you, NOW!


(Música)


 


ENTREVISTA COM DANI NASCIMENTO (PARTE 3).


(Música)


– Vamos lá Dani, seguindo a nossa entrevista.


O que você acha engraçado, você não ri muito! Mas o quê que você tipo “putz, acho muito engraçado”, quando você não tá fazendo cena?


– Eu gosto muito do humor non sense, gosto muito do humor non sense.


Tenho gostado muito, ultimamente, de um tipo de humor de camadas que está virando mais, mais moda, principalmente nos Estados Unidos, que é eles não dão tempo pra  você pensar na piada, então são três piadas seguidas…


– Já passou…


– O que você pegou você riu, o que você não pegou não riu…


– Vai embora… Tá!


– Que é um mar de comédia, ao invés de ser uma coisa construída pra você rir, depois cai.


– Legal!


– Então tem uma série que tá trabalhando isso, tem uma série de animação chamada Rick and Morty que tá, que é muito, muito maluca…


Rick?


Rick and Morty!


Que é uma série de animação, que é mais consciência pra adultos.


E ela é isso, ela é vertiginosamente engraçada porque tem um monte de contextos bizarros, simultâneos… No Netflix tem o Unbreakable da Kimmy Schmidt, que é da redação final, apenas da Tina Fey que é isso também, você não para de ter piadas de camadas e todos os personagens tem no mínimo quatro piadas por fala.


E é muito louco isso.


As vezes eu consigo dar uma risada disso que eu falo “Nossa! Que louco aonde esse cara chegou” e no improviso também, no improviso eu rio quando as vezes eu sou pego numa cena que eu consegui ver que daqui a quatro falas a gente vai chegar lá, eu já rio…


– Aí você já tá rindo antes, ai meu Deus!


– Eu tô fazendo uma cena com o Andy e com o Elidio, que a gente pensa e aí o Andy faz uma pergunta daí eu respondo e eu já vi que daqui a quatro a gente vai chegar lá e eu rio do contexto de saber que eu sei, junto com o Andy que a gente vai rir ali.


Então é interessante esse, os contextos, e eu rio de contextos muito específicos.


– Isso é muito legal, né?


Porque o humor é muito matemático né? Parece que não mas ele tem uma certa matemática, ainda vocês que trabalham muito juntos ou quando eu vou com vocês também, depois de muita convivência, você entende…


Eu vi até outro dia um pra frente pra trás, que eu faço a Kombi aí eu faço um trocadilho que não pensei que tem alguma coisa errada.


Não é que eu fico pensando, as vezes surge na hora mesmo.


E aí depois ele pergunta…“Ah, fala cherokeee”.


Ai o Luigi fala assim… Você já ver que ele já sabe que eu já sei, então é muito legal isso porque o público leigo normalmente não sabe que tem essa matemática e tampouco é um combinado.


O que te irrita em cena? Tipo, ai, que tem uma coisa assim, que dá uma preguiça assim as vezes, ou do público ou coisas que…


– Do público o que me irrita é a coisa do público querer ser engraçado né?


Que isso ainda é uma coisa existe mais não tem…


– Não tem que fazer…


– O Brasil é muito grande, muita gente tá vendo improviso pela primeira vez então a gente tem essa responsabilidade de estar sempre zerando a plateia. Então sempre a plateia tá vindo pela primeira vez.


– Títulos clássicos, vamos lá… Títulos clássicos.


– Títulos clássicos…


– Sauna gay…


– Sauna gay, putaria em geral…


– Vibrador… Motel…


– É… Coisas sexuais, esses lugares sexuais que as pessoas ainda acham muito engraçado.


As pessoas acham que o senso comum acha engraçado, né?


Não é nem que elas acham engraçado, elas falam buscando uma aprovação da plateia, acho que foi eu que falei…


– Você viu que eu fale…


– E tipo ninguém gosta disso, mas é uma pena pra plateia. Então isso me irrita um pouco.


E do improviso, eu acho que, porque tem uma persona do improvisador em sala, e tem uma persona do improvisador quando ele tem plateia.


– Em cena, uhum…


– E quando ele visita de novo aquele cara que quer ganhar a plateia, que a gente fala, discute muito isso em sala né?


Tipo, fale pro seu parceiro, não pra plateia… A gente tem noção que a plateia tá aqui, mas a gente tá jogando aqui.


Então quando claramente o cara desmonta pra fazer um plateia, aí rola uma coisa, aí fala um palavrão, faz alguma brincadeira sexual e tipo em 2017… Aí eu faço… “Nosssssa, não precisava disso hein? Acho que a gente já… A gente já tá lá na frente”.


Então isso me irrita um pouco, os lugares seguros sendo revisitados por pessoas que estão há muito tempo fazendo improviso.


Porque eu não vejo muito mais sentido nisso, poxa vida, mas a gente já faz há muito tempo isso né?


Então não precisa voltar nesse lugar e quando acontece isso em cena, isso me dá…


– Te dá….


– Me tira a vontade de entrar na cena as vezes. As vezes eu falo “Bom, deixa acabar essa cena e na próxima eu entro. Vamos ver, vamos ver o que acontece”.


– É, a0 gente pensa na cena, as pessoas acham que não pensa, mas a gente pensa.


Se você fosse pra uma ilha deserta e pudesse levar cinco pessoas com você… quem você levaria?


– Cinco pessoas?


– É! Rápido.! Rápido.


– Eu levaria o….


– Esquece família e os amigos…


– Ah saco!


– Sem família e Barbixas


– Numa ilha deserta?


– É…


– Eu levaria o…


– Você vai passar tipo, não sabe quanto tempo, um tempo, muito tempo!


– Eu ia levar… Com certeza um expert em fazer barracas, eu ia ver, talvez…


Um especialista em, em sobrevivência na selva…


– Pronto agora tá tudo incrível, a ilha tá ótimo, agora três próximas pessoas, pessoas tipo “Pô meu, vou passar”….


–  E não pode família?


– Não! Mas eu vou passar um…


– Você sabe que eu não ia levar família mesmo né?


– Não! Não sei!


– Mas foi bom você… entendi!


– Ah, não sei, eu tô…


– Aí eu levaria, deixa eu ver, levaria também uma pessoa que sabe secretamente onde tem um helicóptero, só pro caso da gente ter que sair de lá.


– Você já sabe, vai sair de lá, já vai sair, daqui um ano já tem a data marcada entendeu?


É tipo “Meu, você ganhou vai pra lá”. TCHAN!


Isso!


– Eu levaria… Tá, eu não sei responder essa pergunta, que cinco pessoas eu levaria numa ilha deserta…


– Foram três, pode ser só duas né?


– Pode ser só duas?


– É!


– Não sei! Não pode ser ninguém que eu conheço? Então tem que ser pessoas que eu não conheço…


– Não, pode ser quem você conhece mas digo, ah os Barbixas, meus amigos, entendeu? Mas alguém que você fala “Meu, esse cara, eu quero passar um ano com ele”.


– Não, tem um cara que eu gosto muito e é um cara que eu admiro demais, que é o Ricardo Araújo Pereira, que é um comediante português.


– Ah legal, português, ele não fala muito ia ser engraçado…


– Mas eu tenho é, uma história muito curiosa, que eu fui na casa dele lá em Portugal


– Do Ricardo? Que legal!


– Ele é muito simpático, muito amigável, muito curioso e acho que tudo ele fala tem sentido, eu gosto quando ele fala.


Então eu acho que ele não ia topar, eu acho que é um convite muito ruim pro Ricardo né? Mas eu tô respondendo nos sentido de que…


– Sei…


– Eu, se ele desse um curso de, de qualquer coisa eu tenho interesse em ouvir o que ele fala.


Porque acho muito legal o trabalho dele, o percurso dele, como ele pensa…


Quando fui na casa dele inclusive, ele, eu fui lá tipo querendo entender, nossa, entender tudo né? “Ai que legal! Como é que você faz? Como é que você trabalha? ”. E ele parou tudo pra falar…


“Cara eu queria aprender improvisação, gosto muito e comprei esses livros, o que você acha? ”. E tinha tipo dez livros, todos os livros que nenhum improvisador leu…


– Nossa!


– E ele tava lendo…


– Sei uns “puta livro”.


– E aí eu falei “cara que incrível” e ele tava querendo usar isso pra escrever, é muito interessante. Então eu acho que é um cara que, esses caras que estão constantemente pesquisando eu acho que são muito legais de poder tá junto.


Mas talvez na ilha ele não teria muita opção, a não ser que você falasse pra mim o que fosse pra levar. E pra ele tipo, uns vinte livros pra levar. Pelo menos a gente passa um tempo falando sobre os livros…


– Não! Posso falar pra ele levar uma galera.


– Ah, então por favor! Então tá bom, então eu tô mais tranquilo!


Então quando você  perguntar pra ele, pergunta “Que galera você levaria? ”. Já que o Daniel já vai…


– Isso, o Dani já vai…


– Você vai ter que ir, quem você levaria pra dar um apoio?


– Tá!


(Música)


– Qual a pergunta que você odeia responder?


– Putz, são várias, mas eu acho que a primeira é “Como vocês se conheceram? ”.


Ou se vocês brigam… É uma que eu odeio responder.


– Tenho duas perguntas pra você.


Como vocês se conheceram e vocês brigam?


– Vocês brigam? Muito bom. Eu já tava rindo quando eu respondi porque eu sabia que você ia perguntar isso.


– Você sabia que ia fazer


– Interessante!


– Droga, isso que dá raiva um pouco de comediante!


– Mas exatamente, muito tempo junto né?


Mas, a gente se conheceu no colégio…


– Tá! Pode resumir, muito!


– A gente se conheceu no colégio…


– Troca…


– E… A gente se conheceu na faculdade!


– Troca…


– A gente se conheceu numa sauna gay…


– Ai não, serio?


– Fiz conteúdo pra Internet…


– É? Tinha algum objeto lá?


– Tinha!


– Qual?


– Um vibrador!


– Não acredito! E tinha alguém que fazia alguma profissão diferente, tipo médico…


– Não, tinha a minha sogra.


– Ah não! A sua sogra?


– E ela estava no velório


– Ai não. No cemitério ou…


– No cemitério, e a gente foi de elevador…


– Ai não, eu não acredito. E apareceu algum proctologista em algum momento?


– Apareceu e falou… “40 anos hein? ”, e puxou a luvinha.


– Ai meu Deus…


– A gente terá improviso nesse momento.


– Tá bom, agora todas as primeiras ideias do mundo…


– Todos, a gente zerou o improviso…


– E você sabe que quando a gente foi pra fora os primeiros festivais, a gente achava que isso era uma coisa de brasileiro, mas fora também, a mesma coisa: sauna gay, vibrador, motel, prostituta, proctologista…


Qual o limite do humor?


– HAHAHAHAH. Qual o limite do humor? Essa é a terceira…


– Eu sabia, eu achei que você ia responder essa…


– Não é porque essa não tem muito a ver comigo né? A gente vive nessa, porque a gente não faz, por mais que as pessoas confundam a gente com stand up até hoje, mas essa pergunta…


– Não é stand up improviso?


– Não é stand up improviso.


– Mas é improviso de stand up não?


– Não!


– Não é stand up de improviso?


– Também não!


– Não?


– Deve dar pra fazer stand up de improviso…


– Deve dar!


– Eu nunca vi, eu vi um vídeo de um cara fazendo na Internet, mas eu não, mas eu não…


– Não é que vocês fazem…


– Não é o que a gente faz. Então a gente não faz stand up de improviso.


– E o limite? Em duas frases também…


– O limite do humor, eu acho que, eu acho que tá um pouco grande esse conceito de limite do humor, eu acho que tem muita gente que zoa minoria ainda, mas nos conceitos meio antiquados, mas o politicamente correto também eu acho é, um pouco exagerado.


E o interessante é que ele vem de uns pensamentos mais liberais e pensamentos de esquerda e a comedia que eu não gosto de fazer vem do pensamento mais conservador de direita.


Então eu acho que essa opção mais no centro de tentar incluir todo mundo tem a ver com a comedia, mas eu acho que depende do contexto né?


Então tem, eu acho que o contexto é o grande problema dessa discussão…


– Agora você acha que pode tudo, dependendo do contexto?


– Eu acho que pode tudo, dependendo do contexto, porque eu acho que o contexto é o que salva as coisas, por exemplo, eu fiz recentemente uma série que era uma paródia de um reality policial, o Chamado Central, e eu acho particularmente que o sensacionalismo da guerra da polícia é ridículo, você pode falar da guerra da polícia.


Se você é contra a militarização, a favor da militarização, não é isso que eu tô abordando, eu tô abordando o sensacionalismo disso.


Então, se isso é um problema, imagina a gente televisionar isso e fingir que é entretenimento.


Então eu fiz uma paródia disso, e aí na boca dos atores eu pude colocar as piadas extremamente preconceituosas.


Porque elas estavam sendo descontextualizadas comicamente numa paródia de reality, mas eu nunca colocaria uma frase do tipo “A policia só sabe distinguir cor de pele e não cor de camisete, por isso que a gente prendeu o cara errado”.


É uma frase muito forte…


– Forte!


– Mas porque ela tá dentro desse contexto onde no esquete os três suspeitos estão com uma camisa salmão, e eles não sabem identificar qual é a camisa salmão, eu não sei identificar uma camisa salmão, ele tava com uma camisa salmão rosa e eles não sabiam quem prender, eles chamam o especialista e pra chamar o especialista eles falam isso…


“A gente só sabe diferenciar cor de pele e não cor de camiseta”.


Então tem uma crítica aí clara, mas é muito forte.


– Sei!


– Mas porque ela é muito forte nesse lugar ela vira uma piada!


Então depende, se você descontextualiza uma piada dessa é um grande problema, mas esse é o problema que a gente vive hoje…


Esse excesso de contextos né?


E aí isso atrapalha muito o que é o humor.


Por que aí uma pessoa faz uma piada num bar só que alguém gravou, e aí tá na Internet, e ai a culpa é do cara porque ele fez a piada no bar mas aí alguém gravou, ele fez uma piada pro bar…


– Sim, tira do contexto né?


– Tira do contexto e aí gente vive nesse lugar hoje então eu acho que não é pra ter limite dependendo se você usar o contexto.


Mas a gente consegue identificar, quem é comediante.


Um cara que faz uma piada estupida, e a gente vê que o cara fez uma piada errada e  só agrediu as pessoas…


– É.


– Isso foi arrogante, a gente sabe identificar isso.


– Sim né?


– Mas é um jeito também de fazer né?


– E você falou uma coisa que eu acho que importa também que é o pensamento, você quando fez isso você pensou, puxa essa frase é forte, podemos, não podemos nesse contexto, de que jeito a gente faz, como a gente apresenta, como ele fala, como a gente põe na tela.


Então esse pensamento eu acho que também faz toda a diferença.


É isso aí, obrigado Dani, sendo assim, final do nosso episódio. Today.


(Música)


Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um episódio (AAAHHH) mas na segunda feira que vem tem mais (EEEHHH)…


E se você quiser fazer parte do BallasCast, que é um grupo que a gente tem no Facebook, onde eu coloco alguns materiais exclusivos, por exemplo agora eu vou colocar algumas coisas do Dani que só tem lá no Ballascast e nenhum lugar mais…


Enfim, entra lá, em breve essa entrevista vai pro meu canal no YouTube, então se você quiser se inscrever, Marcio Ballas com dois eles, ainda não está, não adianta procurar, mas daqui a pouquinho estará lá.


 


Sendo assim vamos ao nosso momento merchand


(Música)


“Marciooo, eu queria saber mais sobre os seus conhecimentos, aqui na empresa eu sou um pouco duro assim, queria saber como apresentar melhor, como é que posso usar o improviso e ser mais criativo?”.


É fácil, basta você me contratar e eu vou até a sua empresa fazer minha palestra de improviso e criatividade ou então dar um workshop, com o mesmo nome, para o seu time.


É só você acessar, marcioballas.com.br


É isso aí, a gente se vê então na semana que vem e se um dia te chamarem de preguiçoso responda o que disse Patativa do Assaré


“Não é preguiça, é redirecionamento de energia”.


Goxtei!


Thank You very much…


Ndohfoihwh


Wdjiwjfipwipe


Çajfiwhjgpij


Bye Bye…