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BallasCast – Episódio 39 – De Pai para Filho

EPISÓDIO 39 – DE PAI PARA FILHO.


Senhoras e senhores, ladies and geeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeentlemans, terapeutas e terapeutos, está começando mais um…


BALLASCAST.


MÚSICAAA!


Olá, olá, olá, seja astronomicamente bem-vindo ao BallasCast, para você que nunca ouviu, vê lá os primeiros episódios, acompanha lá desde o começo, ou não também, se você não quiser…


Mas para você que está acompanhando sabe que semana passada eu não gravei, porque eu estava de férias, muitas pessoas acharam que eu tinha morrido, porque o episódio anterior foi “O meu funeral”, e na semana seguinte não teve, então muita gente achou “Oh, ele realmente morreu, ele gravou o ultimo podcast dele”…


Seria lindo né?


Seria incrível, se eu tivesse morrido, seria o podcast que ia circular, no Jornal da Globo, ou na Rádio Globo, ou no rádio, SBT né? Que eu fiz SBT!


Enfim, estou aqui e como nesse fim de semana é dia dos pais, eu resolvi fazer um podcast em homenagem ao dia dos pais, então vamos para o episódio de hoje, NOW!


(Música)


DE PAI PARA FILHO.


(Música)


Em 2002, eu tinha voltado do período de três anos em Paris, onde eu fui estudar pra ser palhaço e tal, e ainda não tinha a Casa do Humor, então eu dava aulas no galpão do circo do meu amigo Alex Marinho.


Aliás, se você tem filho ou se você quer fazer aulas de circo, é um lugar muito legal aqui em São Paulo, na Vila Madalenagalpaodocirco.com.br


Então eu comecei a dar meus primeiros cursos lá, então eu dava meus workshops de final de semana, sábado e domingo e tal, e um dia, o Anderson que era o secretário do Galpão do Circo, me ligou, falou:


Ballas, tem um aluno aqui de 14 anos que quer se inscrever para o curso. Pode?


Eu falei:


– Poxa! Agradece e tal, mas fala que não dá!


Porque o clown é um trabalho muito interno né?


Você se conhece, você descobre o seu clown, você entra para dentro de você, então se ele tivesse 16, 17, eu ainda liberava, mas assim 14, era muito jovem então eu disse que não.


Chegou no dia do curso, eu cheguei lá e o Anderson falou:


– Oh Ballas, o pai do menino que queria fazer workshop está aí, e quer falar com você!


Eu falei:


– Ah meu Deus! Lá vamos nós! Bom, quem é?


– Ah, aquele ali!


E tinha lá um senhor grisalho, uns 50 anos ali, me esperando, para conversar comigo.


Se apresentou, muito simpático, Flávio Donatello era seu nome, e me disse o seguinte:


– Oi, prazer Marcio, meu nome é Flávio, eu sou pai do Rodrigo, e eu queria saber se realmente não dá para o Rodrigo fazer o curso tal, ele tem 14 anos, mas ele é bem esperto e tal…


Eu disse:


– Olha Flávio, não é por questão de ser esperto ou não, é que realmente não dá! Porque o clown acaba trabalhando em cima de você, das suas coisas, das suas questões, do seu ridículo… então é um pouco delicado entendeu? Então não é por mal. Mas não dá!


E ele disse:


– Sabe o que que é Marcio? É o seguinte, eu estou numa fase que eu estou tentando me aproximar do meu filho, e ele tá nessa fase adolescente, e você sabe como é né? Pai, fica mais longe, trabalha e vai se afastando do filho, está realmente difícil de eu encontrá-lo, de estabelecer uma relação com ele, então eu cheguei para ele e falei “Rodrigo, o que que você tem vontade de fazer? ”.


E o Rodrigo falou “Eu tenho vontade de fazer um curso de palhaço”.


E aí o Flávio falou “Tá bom, então vamos lá! Eu vou achar um curso e a gente vai fazer esse curso juntos”.


– Então por isso eu queria fazer o curso junto com ele, para eu me aproximar dele e para eu entrar mais em contato com ele, eu ficar mais perto do meu filho!


UAU!


Quando ele me falou aquilo assim, eu fiquei arrepiado.


Eu achei aquilo lindo, achei aquilo muito bacana, né?


Um pai que quer estar mais perto do filho e se prontifica ir fazer um curso de palhaço, num lugar que só ia ter jovem, só tinha moçada né?


A galera tinha 20 anos, 25, 30 no máximo… e ele seus 50 anos, seus cabelos brancos ali, ele já era arquiteto, professor de arquitetura, trabalhava no estado, e eu achei aquilo do cacete e eu disse:


– Olha! Normalmente não dá! Mas NESSE caso, tá super liberado. Venham, pode entrar, que a classe vai começar em 10 minutos!


E lá foram eles…


O curso foi super legal, os dois foram ótimos, o pai ficou super a vontade, o filho também… eu tinha esse medinho de que também o pai ficasse um pouco assim, ou o filho ficasse um pouco assim, porque o pai estava lá… e o curso realmente foi muito bacana, muito legal…


Enfim, quando o curso acabou ele veio falar comigo, ele falou:


– Ballas, muito obrigado, foi demais. Realmente foi muito libertador, muito incrível fazer esse curso e o Rodrigo adorou, e eu adorei também, foi uma grande surpresa… muito obrigado!


Ele estava realmente muito agradecido e eu fiquei muito feliz assim, eu achei aquilo muito, muito, muito legal…


Me deu um abraço, me deu um abraço o filho também, e lá foram eles pras vidas deles, e eu pra minha.


(Música)


Alguns meses depois eu comecei a dar um outro curso, lá no Galpão do Circo, dessa vez um curso regular, era um curso que durava um ano inteiro, uma vez por semana, então era um curso de longa duração para pessoas que estavam mais interessadas em se aprofundar na linguagem do clown, na linguagem do palhaço.


E quando foi o primeiro dia de curso, eu entro na sala, vejo alguns alunos, alguns eu conhecia e de repente tá lá o Flávio, eu falei:


– Opa! Tudo bem? Rodrigo vai fazer o curso?


Ele falou:


– Não, não, não! O Rodrigo não vai fazer não, ele não estava muito afim não. Ele resolveu lá, tocar música, fazer uns outros cursos lá, mas eu quero fazer o seu curso e vou ser seu aluno!


Eu falei:


– Não! Calma! Você vai fazer o curso, e sozinho?


Ele:


– É! Eu resolvi fazer o curso e ver como é que é, e me aprofundar mais na linguagem.


E eu achei aquilo muito legal, e ele virou o meu aluno do curso regular, no final do ano, depois de um ano fazendo o curso tal, ele me conta que tinha sido aniversário de um amigo dele, professor de arquitetura de uma faculdade e tal, e ele queria fazer uma surpresa para esse amigo.


Que era um amigo muito bacana, um amigo das antigas dele… então o que que ele fez?


Colocou o nariz vermelho dele, e sem avisar nada, entrou no meio da aula do cara, invadiu a aula… aí a galera “Meu, que é isso? Quem é esse senhor que tá aí de nariz vermelho e tal…”


Aí fez uma homenagem para o cara, cantou parabéns, falou umas coisas lá, os alunos adoraram e ficaram emocionados, o cara super adorou, era aniversário dele, o melhor amigo dele lá, vestido de clown e tal…


Então ele fez uma super homenagem para o cara, e tinha sido uma coisa muito bacana para ele, muito bacana para o cara, todo mundo bateu palma e tal, e assim foi a homenagem dele ao melhor amigo dele professor.


Depois que o curso acabou, para minha surpresa, ele continuou fazendo curso de clown.


Fez curso com outros professores, entrou num grupo que treinava, ensaiava todas semanas, naquela época tinha o “Sarau do Chaves”, que acontecia lá na Vila Madalena, então ele chegou a se apresentar, fazer alguns números…


Ele entrou totalmente nesse universo, e não é que ele virou palhaço nem nada, não, ele continua arquiteto, trabalhando, fazendo projetos de arquitetura para o estado e tal, tendo o trabalho dele normal, mas ele abriu essa janela para esse universo do clown.


Ele abriu essa janela para esse mundo e estava absolutamente encantado.


Enfim, é muito legal de ver né?


Que não tem idade, não tem tempo, não tem época para a gente abrir o nosso mundo…


Ele chegou a fazer trabalho voluntário de palhaço em hospital psiquiátrico, quer dizer, nunca é tarde para fazer nada do que você quiser…


E essa história, de 15 anos atrás, eu não vi mais o Flávio, consegui achar ele no Facebook, santo Facebook, e perguntei para ele se eu podia contar a história dele, e ele “Claro, Marcio, tudo bem”, e escreveu assim…


“Eu não vejo problema algum em você contar essa história, até porque foi um momento de revolução na minha vida”.


Olha que bacana, olha que legal!


E só para encerar, ele me mandou uma mensagenzinha e eu queria compartilhar com vocês as palavras dele, Flávio Donatello


 


“Bom dia Marcio Ballas, e aí como é que vai?


Tudo bem?


Bom, como vocês sabem eu fui fazer o curso de palhaço, com meu filho Rodrigo, na época eu estava com 47, para 48 anos e ele tinha 14.


Eu queria resgatar algumas coisas com ele e abrir caminhos para outras coisas, né?


Bom acontece que ele ficou pouco tempo, e eu acabei ficando mais 5 anos trilhando esse caminho do palhaço.


No início era só molecada mesmo, já despojada de um monte de coisas, e eu com um monte de preconceitos, ideias distorcidas, eu era vergonhoso nesse, nesse momento.


Bom, com o andar da carruagem foi tendo aquele processo, acabou fazendo uma revolução na minha vida, e a primeira delas foi aprender a me divertir com os meus defeitos.


Confesso que isso foi difícil no começo, mas quanto mais eu superava isso, eu descobri que eu mais me divertia.


Foi muito bacana!


Eu me lembro de uma, de uma passagem também, muito, muito marcante pra mim, é que foi que toda semana, a gente preparava uma cena, uma cena qualquer pra apresentar… e eu preparava as minhas cenas e toda semana eu só floopava, era só cacete, não tinha moleza, era uma sensação horrível, eu queria desistir, eu não queria voltar mais, era muito, muito ruim…


Até que um dia eu acertei, e todo mundo curtiu, aplaudiu, eu me lembro até hoje do seu sorriso na minha frente, e você foi de uma generosidade gigantesca naquele momento, perguntando como eu estava me sentindo, e estava escancarado, que eu estava, a minha felicidade era enorme, né?


E você disse “Fica aí, curtindo essa sensação”.


Isso foi um grande presente pra mim que estava conhecendo um mundo novo…


É, foi isso aí!


Valeu e valeu muito.


Um grande abraço meu irmão”.


 


Grande Flavio, muito obrigado pelo seu depoimento…


Feliz Dia dos Pais!


E fim do episódio.


(Música)


Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um episódio (AAAHHH), mas na segunda feira que vem tem mais (EEEHHH).


E se você ainda não se inscreveu no grupo BallasCast do Facebook, entra lá, e pede autorização pra entrar que eu libero você, tá muito legal!


Essa semana está tendo uma enquete “o que você escreveria na sua lápide, o que você escreveria no seu túmulo”, que tem a ver com o episódio passado, e a melhor frase vai entrar nos próximos BallasCast.


Então lá tem vários sorteios, várias coisas legais, entra e se inscreve lá no grupo BallasCast.


E agora vamos ao momento merchand


(Música)


“Oh Ballas, nesse episódio você mencionou esse curso regular aí, pra aprender a ser palhaço ou pra aprender a improvisar, como é que eu faço, me interessa muito, hein? ”.


É fácil, basta você ir lá na Casa do Humor, que agora estão começando os cursos que vão de agosto até novembro, cursos de palhaço, curso de improviso para qualquer pessoa, inclusive você. www.casadohumor.com.br


É isso aí, para terminar eu vou citar algumas frases que foram escritas…


Pessoas que disseram o que escreveram no túmulo delas…


O Luís Germano disse “Vim, vivi e morri”.


Ou então a Luísa Pires que escreveria “Morreu, mas passa bem”.


Ou então a Mariana Marques que escreveu “Seu único arrependimento em vida foi morrer sem saber, afinal, pinguim tem joelho? ”.


É isso aí!


Thank you very much.


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Bye bye!