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BallasCast – Episódio 46 – Anderson Bizzocchi – Barbixas (Parte 3)

EPISÓDIO 46- ANDERSON BIZZOCCHI - BARBIXAS (PARTE 3).


Senhores e senhores, ladies and geeeeeeeeeeeeeeentlemans, madames et messieurs, garis e garoas, está começando mais um…


BALLASCAST…


MÚSICAAA!


Olá, olá, olá, seja normalmente bem-vindo ao BallasCast, se você só viu essa entrevista do Andy, sabe que lá no começo eu contei sobre os Palhaços Sem Fronteiras, falei Doutores da Alegria, falei dos primórdios do improviso, dois episódios inteiros sobre palhaços, palhaço em hospital, então dá uma escutada desde o começo…


E agora vamos para a terceira parte da entrevista com ele, que é da Cia. Barbixas, ele faz espetáculo Improvável, muitos milhões, 700 milhões de views no YouTube, agora aqui com vocês, Anderson Bizzocchi, N-O-W!


(Música)


Andy, vamos para a próxima pergunta então, porque você falou uma coisa muito legal, porque existem muitos tipos de improvisadores, e vocês Barbixas, têm uma coisa muito, o acaso acho que fez com que, vocês talvez não é o acaso, mas assim, cada um é realmente de um estilo, porque o Andy é mais… O Dani é mais cerebral, é aquele cara que né? Até nos primeiros vídeos dos Barbixas é aquele que até aparecia menos, porque ele é um cara que tá mais ali, pensando e tal, tal, tal, até meio dirigindo, as vezes de fora demais, o Dani tá meio de diretor da cena…


– Sim…


– O Elidio é aquele cara que tá servindo, ,tá na escuta, tá sempre ali, ajuda, compõe… E você é aquele que tal, tem as ideias e atira… Porque as pessoas falam “Não mas você é melhor”, claro você pode ter uma identificação, óbvio. “Ah, gosto mais de um”, “Gosto mais de outro”… Que é gosto, mas cada um tem a sua importância e todos são complementares, porquê? Porque assim, se ninguém sai pra dar uma ideia, pra fazer uma piada, pra fazer um cenas improváveis, fica aquele silêncio, então alguém tem que ir lá e se jogar…


– Aham…


– Se tem três Andys, os Barbixas seriam um fracasso, essa é a verdade, isso é muito louco…


– É…


– Três Danis seria um fracasso, três Elidios seria um fracasso, três Andys seria um fracasso…


– E aí é engraçado porque essa coisa de perfil de improvisador, acho que aqui no Brasil, o Jogando deve muito a isso, a gente tem um monte de filhotes do Jogando


Jogando no Quintal…


– Jogando no Quintal…


– Espetáculo de improviso de palhaços que a gente começou há vinte anos atrás, pra quem não conhece, não tem na internet quase nada porque não tinha internet na época…


– Não tinha internet! E o Ballas, sendo nosso mestre… O César, quando eu fiz o espetáculo do infantil do Jogando


– Sei…


– Eu tive muito contato com o César, com a Paulinha, e hoje em dia você tem vários filhotes de curso de palhaços que você deu, que várias pessoas deram… E o palhaço, a primeira coisa, me corrija se eu estou errado, mas a primeira coisa que ele mostra assim é VOCÊ É UM NADA… você, não importa você, tipo não importa, seu… Pega o seu ego  e faz o seguinte ó, joga…


– Sim, sim…


– E ouvindo histórias de cursos de grupos de improviso da Amércia Latina, com os nossos amigos lá, o Gustavo Miranda, outras pessoas e tal… Você ouve umas disputas de ego… Não de ego…


– Sei, de grupos que se odeiam…


– De grosseria, de grupos que brigam, de você faz uma cena e o público riu o outro fala “Pô, você jogou sujo aquela hora tal”, tive essa conversa ontem com o Gustavo, e ele contando alguns casos e ele falando, e ele contou uma cena em que um cara da Colômbia, fez um negócio muito, muito incrível assim com o corpo, e os caras da Argentina, ou do outro time, porque era uma disputa tipo match de improviso, que é um grupo de improviso versus o outro…


– Sei.


– Ficou meio assim tipo abalado, de “Caramba, eu não sei como fazer isso”, e eu tava e eu fiz assim meu, se fosse no Brasil, o palhaço encarnava, qualquer improvisador brasileiro, o palhaço encarnava numa coisa incrível e o cara ia fazer assim ó.


– Deixa comigo…


– Deixa comigo! Agora eu vou fazer melhor, e fazia ruim… Faria aquele famoso, o cara fez uma acrobacia e o cara dava uma cambalhota e ainda chamaria o público de, olha o que eu fiz, foi incrível…


– Aham…


– E ganharia a simpatia, e lá não, eu acho que eles não tem muita a escola do palhaço tal, do improviso…


– É… É verdade, é verdade, nos países tem muitas brigas entre os grupos, muito comum os improvisadores não se entenderem, os grupos não se bicarem, as vezes a gente é convidado pra festival, não mas não pode conversar com o outro grupo…


– Não pode chamar o cara…


– Não mas não pode chamar? Mas vocês não são amigos? E aqui até o Rafinha lá atrás um dia, falou uma coisa porque como a gente né, minha turminha lá começou o improviso, depois vocês vieram, o bebê da gente…


– Sim!


– A gente foi professor de vocês, tal, tal, tal… E aí um dia o Rafinha falou assim, “Mas Ballas, quando as pessoas vinham falar de stand up comigo eu não falava todas as coisas, não dava…” eu falei “Rafinha, nem tudo o que eu sabia”. Então Rafinha, sério ele ficou assim…


– Chocado!


– Eu acho muito legal isso, eu nunca, eu não tinha pensado, mas não é que eu acho que eu eu sou generoso, mas eu acho que é uma coisa normal…


– É… É…


– Até porque a gente veio… A minha turma veio dessa escola que é uma escola de compartilhar, de ensinar, de falar o que se sabe ou ensinar, passar o que eu aprendi!


– E é engraçado porque você toma uns tombos, e é uma coisa que acho que tem de bom no grupo, a gente, Barbixas, que as vezes a fente fala, a gente tem o ego lá embaixo assim, a gente tem um ego com o grupo, a gente protege o grupo, então assim, como toda uma companhia, você tipo, você quer vender o seu espetáculo, você quer tipo, defender a sua pauta, não, a gente quer os Barbixas, tal, tal, tal… Mas como pessoa tipo, a gente é muito lá embaixo…


– A gente tamo muito lá embaixo e dane-se.


– Sim!


(Musica)


– E aí tem duas histórias, uma não é de fracasso, mas de aprendizado.


– Ótimo porque, desculpa só um parênteses, porque as pessoas claro, quando veem os Barbixas bombando na internet, 500 milhões de views e não sei o quê, as pessoas acham que primeiro, vocês nasceram ali, e segundo acham que sempre rola, até porque eles veem só os melhores vídeos, bonitinhos, que eles veem só o cream de la cream


– Sim!


– As vezes dá merda, tipo…


– Não. Não… Eu ia falar da vida…


– Da vida? Melhor ainda… Melhor ainda!


– Minha vida pessoal. minha vida pessoal… A gente apresentou pra dez pessoas…


– É então, isso é muito bom. Muito bom!


– Acho que doze… Doze, doze pessoas… E era engraçado porque eu tava crescendo e a gente ia no Improvável falando “gente, a gente tem outro espetáculo e tal, promoção, e vai lá”… 12 pessoas. A gente perguntava, a gente perguntava ao nosso produtor… “E aí? Hoje eu acho que dá 15 e tal”. E vamos embora! E duas histórias muito boas, que eu fui fazer… O Improvável já existia ou não existia, nessa época a gente tava batalhando e eu fazia um curso de palhaço com a Gabi Argento


– Uhum…


– Palhaça do Cirque Du Soleil e o curso era um intensivão de seis meses, era um curso pra você fazer uma imersão né, e conhecer a linguagem do pallhaço… E aí ela deu uma tarefa simples de cena, “ah, você vai lá, você pega o balde aqui e faz bá-bá-bá-bá-bá”. Tá bom! OK! A próxima era uma coisa de vai um atrás do outro… Eu pisei no palco, peguei o objeto em mímica e ela falou “Sai do palco engraçadão”…


– Putz…


– Ela entendeu que eu era aquele cara…


– Que queria ser engraçado…


– O comicão, que queria ser engraçado, e na primeira oportunidade ela falou “Aqui você não vai ser engraçado, vai”. E eu fiquei parado ela falou “Sai” e eu saí. E aquilo me marcou muito, porque eu achei que ela falou sai, mas daqui a pouco você volta…


– Aham…


– Eu não voltei.


– Você tirou…


– Naquela aula eu fiquei só assistindo o resto das pessoas fazerem…


– As pessoas riram em algum momento?


– Com outras pessoas….


– Tá, mas quando você sai, você tipo…


– Não, as pessoas ficaram meio, ficou um silêncio meio…


– Sei!


– Tipo, caramba! É o que? É uma personagem me dando bronca?


– Isso é muito legal, porque…


– Ou é a própria Gabi só que tipo, como professora…


– Claro!


– De um tom professoral, aquilo foi maravilhoso, aquelas coisas de professor te dar uma sacudida e aquilo foi “tá bom, eu vou ficar aqui!”


– Porque, claro, ela é uma ótima professora quando o professor percebe, no clown né? No trabalho do palhaço…


– Sim!


– Que o ator lá, ele está querendo ser engraçado, ela imediatamente, a gente corta, porquê? Porque a ideia é você ser você…


– Espontâneo né?


– A graça vai vir… Exatamente! A gente trabalha a espontaneidade, a graça vai vir a partir de você mesmo. Quando você, já chega alguém, já quer, fora…


– Fora!


– Fora! E é tão bom que você lembra até hoje…


– Lembro, lembro!


– Uma aula de quinze anos atrás, sei lá, de dez anos atrás… E dá essa, essa, ensina na porrada… Ator tem esse problema, comediante… Comediante quando vai fazer improviso tem muito esse problema…


– Sim, sim!


– Porque o cara ele quer fazer punch line, ele quer fazer piada o tempo todo!


– E esse histórico do palhaço, esse flerte que a gente sempre teve com o humor inglês do fracasso, porque o inglês é isso, “e ai como tá? Tá péssimo, minha vida tá horrível e tal”. Eu acho isso muito engraçado e eu gosto, e aí teve uma história que eu adoro, de uma vergonha alheia assim, da minha vida que é… Eu tava fazendo um curso de inglês, eu tinha lá pelos quatorze, treze anos, e começando a, eu sempre gostei de tocar música e tal… Ia ter o 4 de Julho, e nas escolas de inglês eles gostam de falar, olha Independência dos Estados Unidos, e fazer um eventinho. E até no final de semana esse evento, e eu besta, comentei com a minha professora na época que eu sabia tocar, ia ter um talent show


– Sei!


– Uma coisinha assim, na escola de inglês… E eu falei que eu sabia tocar o hino americano…


– Uau!


– Melodia, mas assim, não nada assim… Melodia! Sabe criança aprendendo?


– Sei, sei, sei, sei, dedinho!


– Aí ela falou “Você vai apresentar”…


– Uau!


– Aí eu fiz um, aquele misto de criança já querendo…


– Sei!


– Aí eu fiz “Ah tá bom, tá bom”, fiz assim… Aí ela inventou que eu ia contar a história da bandeira americana…


– Que já é outra coisa!


– Que ia ficar legal… Ah, tá bom. E aí ela inventou de que não ia ser em português, tipo a bandeira americana foi criada… “Você vai ler inglês, porque seu inglês é bom”… Nossa, tá… E aí eu treinei e tal… Chegando o dia pra fazer o, eu ia tocar e ler, chega no dia eu começo a entender de que não é só do curso de inglês, é de toda a escola. E a escola tinha um curso de informática, um curso de espanhol, então na minha cabeça eu já comecei a pensar, não faz sentido eu ler esse texto, essa bitola em inglês… Vai ter pessoas que vão tipo “What? O que que tá acontecendo?”


– Exato! Tá!


– Eu tô montando meu tecladinho assim, que eu pedi emprestado pro meu pai, montei e tal, veio um menino com um teclado também…


– Aham…


– E ele monta também, eu falei ah tá legal, puta teclado muito mais, tipo muito…


– Sei…


– Tipo Kiko… Hã-hãmmm… E ele super na dele… E ia ter uma menina também que ia cantar, então o talento desinchou, eu apresento, não, ele chega e toca, “Agora o Felipe”, tô inventando o nome, “E agora o Felipe vai apresentar tal”, começa a tocar, e eu lembro da música porque eu gosto da música também aquela Final Countdown. E ele toca inteira, melodia solo… E a galera UhUhul… Moleque da minha idade, uau, muito bem… “E a gente também tem outro tecladista” e eu assim ó…


– Caramba, o cara arrasou…


– Não. Não. Não. Não. Não. Não. E vai lá Anderson, bom eu vou… Ele vai cantar, vai tocar o hino americano… E eu porque, porque, porque, e as pessoas tavam, e ai terminou, o pessoal aplaudiu, e eu só queria terminar, eu ia terminar e ia fechar e ia falar assim “foda-se o escrito, a bandeira americana”, e aí a professora “e agora também, ele vai falar a história da bandeira americana em inglês”. “The american fla, blá-blá-bláblá-blá-bláblá-blá-blá”, e aí teve um momento que eu lembrei, não foi uma página só, que teve um momento em que eu virei a página e tal, e as pessoas estavam assim… E eu ai, e só sabe aquele momento assim, que você só vai diminuindo na sala, e as pessoas, e eu lendo,lendo,lendo,lendo,lendo,lendo, lendo, e ninguém entendendo porcaria nenhuma e eu só tipo… EU QUERO QUE ESSE MOMENTO ACABE, EU QUERO QUE ESSE MOMENTO ACABE… Jjwhufhwuohf…. Acabou!


– Teve que falar…


– Tive que falar e a professora fez assim, silêncio, e aí todo mundo me olhando com uma cara de quero ir embora aí eu “acabou”, aí o pessoal…


– Oh God!


– Maravilhoso! Maravilhoso!


Andy


– Eu?


– Você gosta do só perguntas?


– Hã… Atualmente não!


– Perdeu!


– Ah, boa! Perdi!


– Andy…


– Mas tem uma explicação, as pessoas perguntam porque a gente não tá fazendo mais só perguntas…


– Não faz mais né?


– Não! E foi uma coisa que o Keith Johnstone falou pra gente quando a gente foi lá no Canadá…


– Keith Johnstone?


– Quem é Keith Johnstone?


– Quem é Keith Johnstone?


– Keith Johnstone é meio que o papa, um cara, um senhor que trabalha justamente a linguagem do improviso, há muitos anos, e ele, segundo ele, ele criou esse jogo pra mostrar o quão ruim numa cena improvisada é fazer pergunta, se fizer pergunta a cena trava. E ele transformou isso em um jogo, enfim, que acabou ele falou “Ah, as pessoas fazem isso como produto final, eu não gosto, mas efim”. Mas a dica que ele deu foi, quando vocês pararem de ter dificuldade no jogo e terem que errar de propósito só pela dinâmica do jogo, parem de fazer.


– Isso significa que quando fica muito bom as vezes…


– É…


– Ele perde a própria graça do jogo…


– Ele perde a graça, porque a dificuldade, a gente começou a perceber que… “Ah, onde o senhor vai? Você não vai pegar o ônibus?”. E os outros que estavam esperando não vão errar? E a gente não errava.


– Você poderia jogar… Joga ele sozinho, com seis falas.


– Seis falas?


– O título é lavanderia.


– Você sabia que as lavanderias hoje em dia ganham muito dinheiro?


Sabia que elas tiveram uma revolução de 1959 até hoje pra ganhar nas moedas?


Sabia que você não pode levar moeda de um real na lavanderia porque eles não tem troco?


Sabia que você tem que separar as moedas, as roupas amarelas e vermelhas porque senão elas mancham?


Você tem uma lavandera perto da sua casa?


Você já lavou com sabão de coco?


E era assim, e a gente ia indo e aí os outros não, e aí você vai erra ou não? E aí teve um espetáculo que a gente tomou essa decisão porque quase que um do lado não jogou, e aí a platéia não sentiu, mas a gente sentiu que o outro errou de propósito, que fez um “Ah”, e saiu… E no improviso quando você começa a fazer coisas fingindo, não faça!


É porque aí realmente não é mais…


– Improvisado… É!


– E perde a graça pra gente, isso que o público as vezes não entende… A gente tem uma diversão de fazer os jogos, de ter um desafio, de as vezes o improvisador dá um desafio pro outro, parece que ele tá sacaneando, ele tá um pouquinho, mas assim, ele tá sendo escada, tá levantando a bola pro outro, então é muito legal, é desafiador pra gente fazer uma coisa difícil, quando a coisa fica fácil e óbvia a gente perde a graça de fazer o jogo, e o jogo fica sem graça. Pra gente principalmente…


– Todos os nossos mestres falam tipo, se divirtam no palco, se você não estiver se divertindo alguma coisa está errada!


(Música)


Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um episódio (AAAHHH), mas na segunda feira que vem tem mais (EEEHHH)…


E se você ainda não entrou lá no BallasCast que é o grupo que a gente tem no Facebook, vai lá e pede pra entrar, que eu vejo, analiso assim, mas eu acabo meio que deixando, todo mundo que quem quer entrar, é muito bem-vindo…


Lá eu coloco conteúdos exclusivos, coloco promoções, coloco informações sigilosas que você só vai saber lá, então entre se você quiser, se você não quiser…


Free, be happy … Mas saiba que você vai morrer um dia!


 


E vamos agora para o nosso momento merchan…


“Marcio, eu queria aprender essas coisa de improviso porque eu sou um pouco tímido, e também porque eu gosto de humor e também porque eu quero aprender um pouco a ser um pouco criativo”


É fácil! Dias 28 e 29 de Outubro vai ter um curso de improviso para iniciantes, pra qualquer pessoa que queira fazer e possa pagar, obviamente, lá na casadohumor.com.br


É isso aí!


Você agora está liberado pra você faer o que você quiser, e como diria o cover do cover do Renato Russo, é preciso amar o amanhã como se não houvessem pessoas.


Pense nisso!


Thank you very much…


Nehrgvpiheg


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Wl4çgjvpow jtohj


Bye bye!