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BallasCast – Episódio 58 – Gabriella Argento – Cirque du Soleil (Parte 2)

EPISÓDIO 58 - Gabriella Argento - Cirque Du Soleil (Parte 2).


Senhoras e senhores, laaadies and geeeeeeeeeeentlemans, madames et messieurs, homo sapiens e homa sapias, está começando mais um…

BALLASCAST…

MÚÚÚSICAAA!


Olá, olá, olá, seja absolutamentemorasomante bem-vindo ao BallasCast 2018, pra você que está ouvindo ele agora, em 2018, pra você que está ouvindo em outro ano, bem-vindo ao ano que você está!

Muito feliz de estar aqui fazendo a nova série de entrevistas do podcast, pra quem tá ouvindo pela primeira vez aqui, e vê as primeiras entrevistas, vê os primeiros episódios lá atrás, onde não tem entrevistas, onde eu conto várias coisas. Mas hoje vamos continuar a entrevista com ela, primeira palhaça brasileira no Cirque Du Soleil, é! O maior circo do mundo!

Já fez vários espetáculos no Soleil, já foi do Jogando no Quintal, foi minha parceira, minha amiga, minha brother, a minha allbestfriend, Gabriella Argento

Palmas!!!


– Aí você então foi contratada pro primeiro espetáculo do Soleil, e eu me lembro uma coisa, me fala se eu tô enganado, assim que você recebeu o convite, você começou a se preparar e um dia você quebrou, não?

– Não!

– Não foi nessa época?

– Não foi!

– Você quebrou a perna?

– Não! Não, eu já quebrei a perna várias vezes, eu já quebrei o tornozelo várias vezes.

– Que você quebrou as duas pernas?

– Ah, foi num outro momento!

– Tá! Então… Então daqui a pouco a gente pula pra essa parte…

– Mas eu vivo me estourando, a verdade é essa! Eu vivo torcendo, quebrando, mas continuo aí!

– Tá! Eu queria que você me contasse… Bom, aí você recebeu o convite pra ir fazer o primeiro espetáculo do Cirque Du Soleil, que era o KA, seu né? De palhaço e tal… Quando você chegou lá, como foi a preparação pro espetáculo e porque, você por exemplo, não sabia que você ia ter que pular de 11 andares…

– Não, não sabia!

– Saltar de 30 e…

– 5 metros… Não, não sabia!

– Como é que foi a preparação?

– Eu tava tão deprimida que eu não percebi… Vai, pula? Pulo! Vai, escala? Escalo! Vai faz… Faço! Mas o treino foi muito extenuante, muito extenuante. Porque eu estava com 100kg na época, e uma coisa é você ter 50kg… Colocar uma acrobata de 50kg pra fazer acrobacia aérea…

– Sim…

– Outra coisa é um corpo de 100kg…

– Uau…

– Foi a primeira vez que eles colocaram uma pessoa tão pesada pra fazer um trabalho de harness

– Uau…

– Que é o nome desse colete que te prende ao cabo, o harness! Então eles tiveram que desenvolver um harness especial pra mim…

– Uau…

– Pra conseguir o peso. Então eu fui na casa do cara que fazia os harness pro Homem Aranha, pro Matrix

– NOSSA!

– Não, foi INCRÍVEL!

– O cara fazia os aparelhos nesse nível?

– É, nesse nível!

– Era onde, era em Nova YEstados Unidos?

– Não, foi nos Estados Unidos, eu não lembro direito se foi… Acho que tinha um trailer em Las Vegas que a gente foi visitar, e aí ele tirou as minhas medidas. Eu chamava de… Porque eles desenvolveram um colete pra mim, que é um formato um pouco diferente pra dar base pro peso. Eu chamava ele de Golden Straitjacket … Porque ele era dourado e era ticum-ticum-ticum-ticum, vários, vários fechos, vários cabos… Era a Camisa de Força Dourada!

– Uau!

– O apelido carinhoso que eu dei!

– Não, eu me lembro disso, que você falou do trailer, eu lembro exatamente dessa imagem que eu fiz, porque você me contou “Mano, eu viajei não sei pra onde, eu fui parar no trailer e quando eu fui lá o cara fazia as roupas pro Matrix, pro…”

– É. Tanto que, porque todos esses números acrobáticos de cinema, usa essa técnica de harness, né?

– Sei…

– Nesse ponto eu tenho uma puta sorte, porque eu não conheço nenhum outro ator brasileiro que tenha treinamento em harness, eu tive que passar por treinamento, eu tive que aprender a trabalhar.

– Agora, um figurino desse, do seu, do Cirque Du Soleil, quanto custa mais ou menos, tem ideia?

– Então, no KA eu lembro que o meu figurino custava, os 7 inteiros, chapéu e tal…

– Sim, sim…

– Custava 33 mil dólares!

– Um figurino?

– Um figurino!

– Nossa! Imagina com 33 mil dólares, hoje é 100 mil reais.

– Exato!

– Imagina, é um figurino de uma companhia inteira durante 10 anos aqui em São Paulo

– Exatamente! Exatamente! É outro parâmetro né?

– É outro parâmetro! Mas é legal de saber porque a gente que não sabe, mesmo eu que sou meio do meio e tal, quando você me contou isso, eu falei “Nossa como é que o figurino custa 100 mil reais”…

– É… É…

– Isso é muito interessante.

– Porque eles mandam vir tecido não sei da onde, eles tem um núcleo de pesquisa, a priore da confecção das coisas que é impressionante, impressionante… Então dependendo da vertente do show, eles fazem escolhas… Esse show que estou, por exemplo agora, os figurinos são mais baratos, porque a pegada do show é mais humana.

– Então ele não custa 100 mil, ele custa só 40 mil…

– Sei lá, 40 mil… É!

– Agora vamos falar do show que você está, que está aqui em São Paulo mesmo, Amaluna né? É um show que foi concebido onde, e está rodando o mundo?

– Tá rodando o mundo desde de 2012, eu entrei no espetáculo em 2015, porque antes eu estava no Varekai!

– Que país você já foi?

– Ai meu… Como é que eu vou lembrar de cabeça?

– Mais ou menos…

Espanha, França, Bélgica, Alemanha…

América do Sul agora?

América do Sul a gente fez Paraguai, Uruguai

– Legal. É um espetáculo itinerante desse tipo…

Inglaterra!

– Nossa, muitos países…

– É. Eles fizeram primeiro América do Norte, eu fiz o final da América do Norte. Fiz Houston. Aí eu fiz a anatomia da Europa. Na anatomia da Europa eu tive um acidente, então fiquei afastada um tempo…

– Olha, me conta disso… Como é que foi esse acidente?

– Eu e os meus acidentes…

– Mais um deles… Como é que foi? Esse foi o que aconteceu no meio do palco?

– Esse foi o que aconteceu…

– Ah conta esse, é maravilhoso…


(Música)


– Conta a história, você estava em cena…

– Eu estava em cena, feliz, fazendo a minha pecinha feliz, tranquila, e tinha uma hora que eu cavalgava uma vassoura, como se fosse um cavalinho…

– LEGAL!

– E eu cruzo o palco, e é engraçado porque eu mexia o cabelo de um jeito engraçado, e as pessoas riam… Porque comigo o riso acontece por acaso também, eu nunca entendo muito bem porque as pessoas estão rindo de mim, mas elas riem de mim…

– Sei…

– São coisas… não é cerebral, eu não penso muito em piada cerebral e tal… Acontece alguma coisa que as pessoas riem… Então nessa hora específica eles estavam achando muito engraçado, então funcionava…

– Você…

– E eu estou indo, tô indo, eu não sei… Eu tropecei num fantasma…

– Tropeçou…

– Eu não sei o que aconteceu, eu tropecei, caí com a vassoura entre o meu braço e meu corpo e bateu no chão e quebrei o braço, mas assim, quase exposta…

– Nossa!

– Meu braço ficou torcido assim…

– AAAAIIIIII! Foi em cena?

– Em cena… Eu ouvi o crew do osso…

– Nossa! Quantas pessoas público, umas 2000 pessoas?

– Umas 2500 por aí.

– Nossa, 2500. E aí?

– E aí eu fiz uma escolha, porque assim, no circo a gente tem um, como fala isso?

– Protocolo?

– Protocolo, obrigada…

– Aham…

– Um protocolo que se acontecesse alguma coisa em cena você tem que fazer um X com os dois braços e para o show…

– Para na hora?

– Para na hora! E você não precisa nem dizer porque você está parando, se o artista se sentir em risco, se sentir não seguro de alguma coisa e tal, ele para o show…

– Faz o X e aí interrompe…

– Faz o X, interrompe o show, entra equipe médica, entra técnico, tal…

– Sei…

– Só que aí a gente fala do palhaço um pouco né? Porque o palhaço é você viver o momento, e você estar inteiro no momento em que você está! Eu quebrei o braço na frente das pessoas, eu estava de palhaço…

– Sei…

– Eu não consegui não continuar de palhaço…

– Sei… Uau!

– Foi mais forte que eu. Eu ESCOLHI ficar na personagem… Então eu caí e foi muito louco porque aí eles falando “Olha”, eles no microfone falando entre o diretor de cena, o técnico de luz…

– Produção…

– A diretora musical que fica todo mundo, né? Em contato durante o show, ele falou “Nossa essa queda é nova, ela nunca tinha feito”…

– Sei…

– Porque eu caía, fazia várias quedas diferentes na cena…

– Sei, como se tivesse sido uma brincadeira…

– “Olha que legal essa”, “É mas ela tá demorando pra levantar”, “E será que aconteceu alguma coisa?” Aí eles falaram que eles viram o meu braço virar um balão assim… Fez assim (puff).

– Nossa…

– “O que aconteceu, ela quebrou o braço”, “Mas ela, mas ela não tá parando ela não fez o sinal”, eu tirei o chão de todo mundo porque eu não parei o espetáculo…

– Nossa…

– Aí eu olhei pro braço, olhei pra plateia e falei “Bom, acho que eu quebrei o meu braço pessoal”, aí eu falei “Eu não lembro do meu braço ter se formado espiral pra baixo”, e falando e olhando para o braço…

– Nossa…

– Aí eu falava “Tá doendo, tá doendo bastante inclusive, eu acho que eu não vou continuar fazendo o espetáculo, sabe o que eu acho que eu vou fazer? Acho que eu vou conhecer o hospital de Frankfurt, nunca fui, disseram que é lindo”…

– Nossa…

– Eu estava com a adrenalina alta também, né? Eu estava com dor… “Disseram que é lindo lá, eu vou lá dar uma olhada nesse braço, mas olha, vocês fiquem aí porque o show é lindo, vai acontecer um monte de coisas incríveis… Eu não volto nesse show, mas vocês fiquem aí e assistam tá bom…” Eu olhei pro meu parceiro que estava em choque do outro lado…

– Estava não acreditando…

– Não acreditando, e ele falou pra mim, é um parceiro alemão na época, e ele falou pra mim que nunca sentiu isso no palco na vida dele, que ele realmente não sabia o que que era verdade o que que era mentira…

– Nossa ele não tava sabendo…

– Ele não estava conseguindo identificar se eu estava brincando, se eu estava… Até certo ponto, até que ele viu meu braço inchar ele falou “Gabi, eu não conseguia, eu nunca vi isso”.

– Uau…

– Isso é uma coisa que a gente fala muito de palhaço no Brasil, que é a mistura da verdade e da mentira, desse limiar e pra ele foi muito novo…

– E o público nessa hora? Silêncio total?

– O público silêncio total né? Que que vão falar? Uma louca de uma palhaça com o braço quebrado… Mas saí digna, chamei o parceiro, ele veio cavalgando…

– Você não saiu direto, ainda chamou ele?

– Ainda chamei ele, ele comprou o jogo , veio cavalgando, eu dei o bracinho pra ele, a gente saiu de bracinho dado cavalgando…

– Nossa…

– Dignidade!

– Dignidade em alta, lá em cima…

– Não, tem que ter né?

– Nossa, e aí quando você saiu… Hospital…

– Aí quando eu saí, não, é porque eu também sou… Sou muito controlada pra dor, né?

– Sei…

– Eu tenho um teto pra dor que não é muito normal… Saí, falei… cheguei na fisio e falei “Olha eu tô muito nervosa”, mas nesse tom “Olha eu tô muito nervosa, eu acho que eu preciso de oxigênio”.

– Nesse nível?

– “Eu tô com muita dor”.

– Uau!

– “Não toca, eu tô com muita dor”, “Não, tem que tirar figurino”, eu falei “Não vou tirar o figurino porra nenhuma, ninguém me encosta”.

– Nossa…

– “Ninguém me encosta que eu vou pro hospital agora”.

– Uau! E aí foi pro hospital…

– Aí fui pro hospital de figurino, com a maquiagem toda borrada…

– Nossa gente…

– Maior drama…

– Espetacular… Não… Isso é… Você tinha me contado essa história assim, eu acho que é uma das histórias mais incríveis que eu já ouvi na vida, porque ela é muito incrível, primeiro pela própria história, e segundo pelo que você falou que é muito interessante, que é, e isso é muito legal do palhaço, né? Ele está tão no aqui agora, no momento presente, que se acontece com outro artista ele saía fora, tipo, ou parava o show na hora. Mas ele está tão no aqui agora, a gente trabalha isso, né? A gente tá no momento presente de jogar, de assumir aquilo, então você foi lá assumiu o que estava acontecendo, compartilhou, jogou com aquilo, que é maravilhoso! Não deixou o show acabar né? Porque tinham 3000 pessoas lá, e ainda esse final também, eu acho épico, não é que você saiu não…

– Não…

– Ainda você chama o parceiro, ainda sai sem perder a dignidade, perde tudo menos a dignidade… Isso é genial. Não, essa história vai, pode estar no seu documentário. Se um dia for fazer um documentário da sua vida, essa história sem dúvida, é muito legal, é muito interessante, é muito, muito, muito interessante… E aí você ficou um tempo… Foi realmente sério, você ficou um tempinho…

– Foi sério. Eu fiquei um tempinho afastada, me recuperei, reabilitei e voltei.

– Já que a gente falou de momentos quedas, eu queria lembrar o momento que você tava no Brasil, e que o Soleil te chamou para um espetáculo novo e você quebrou… Como é que foi, você lembra disso?

– Oh, tá bom! Vamos falar… Eu não poderia falar disso entendeu? Porque isso daí é tipo um segredo…

– Ah tá então..

– Mas agora que você já colocou mesmo…

– Agora que eu já falei… Oh, bomba hein…

– Bomba total, não sei nem, mas tudo bem…

– Não, se você preferir não falar, não fala.

– Não… Não, porque deu tudo certo já, deu tudo certo…

– Tá, é passado…

– É passado, passado mesmo. Foi para o KA mesmo, foi na primeira vez que eles me chamaram, eu assinei o contrato, dois dias depois eu tomei um tombo na escada da minha casa e torci os dois pés ao mesmo tempo…

– Os dois pés…

– Os dois pés…

– Essa imagem eu lembro, de você com os dois pés… Engessou os dois pés…

– Engessei os dois pés, na época não tinha essas botinhas tranquilas tal…

– Nossa…

– E eu estava trabalhando nos Doutores da Alegria na época…

– Nossa…

– E eu estava precisando de dinheiro e nos Doutores… Nos Doutores não, no Brasil se você não trabalha, você não ganha né?

– É… Normal!

– Não é uma companhia como o Cirque Du Soleil que você tem seguro saúde, apoio, cuidado né? Aqui não tem isso…

– Sim…

– Então meu parceiro na época, o RaulFigueiredo né?

– Sim…

– Ele ia me buscar em casa, ele me carregava, levava cadeira de rodas…

– Você fazia o trabalho…

– Eu fazia hospital com os dois pés engessados…

– Isso é muito legal! Uau!

– Na cadeira de rodas!

– Uau!

– Porque entre assinar o contrato e ir, tem um tempo de visto… Então foi o tempo que eu levei pra me recuperar na verdade… Eu me recuperei e fui nova pra lá!

– Caramba!


(Música)


Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um episódio (AAAHHH) mas na segunda feira que vem tem mais (EEEHHH).

E se você ainda não faz parte do BallasCast, que é o grupo que está no Facebook, e muito legal, se inscreve lá!

Tem várias informações legais, eu dou várias dicas, conto coisas que não dá pra colocar no episódio, coloco fotos e coisas extras… Então vem lá, pede sua aprovação, que se você for legal, aprove you…

Vamos agora ao nosso momento merchand….


(Música)


“Marcio Ballas, eu ouço tanto você falar dessas coisas de palhaço, de improviso, eu queria muito fazer um curso, mas assim, eu não tenho nada a ver, eu nunca tive nenhuma experiência, eu nunca fiz nada, eu não sou de nada, eu faço tecnologia da informação com informática, entendeu? Será que você tem algum curso, alguma coisa pra mim?”

É claro!

Olha que coincidência, dias 03 e 04 de Fevereiro tem curso de improviso iniciantes, pra qualquer pessoa que esteja em São Paulo, que queira pagar e se divertir, é só você teclar casadohumor.com.br.

É isso aí.

Muito obrigado por acompanhar o BallasCast, se você é um dos acompanhadores, muito obrigado por ouvir pela primeira vez se você é um dos ouvidores… E muito obrigado por existir, porque sem você, eu também não existo…

And thank you very much…

Eifnvi guvpee

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Eççhj owebjw]ór

Eçtj hbor]j]´br

Rtjh ´]orjns´]o7[roh] rnón

Srk~]kr y

S~lmaórma lme

See you next MOnDay!

ByE bYe!