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BallasCast – Episódio 59 – Gabriella Argento – Cirque du Soleil (Parte 3)

EPISÓDIO 59 - GABRIELLA ARGENTO - CIRQUE DU SOLEIL (PARTE 3)


Senhoras e senhores, laaadies and geeeeeeeeeeentlemans, madames et messieurs, lady gagas e lady gagos, está começando mais um…


BALLASCAST…


MÚÚÚSICAAA!


Olá, olá, olá, seja paradoxalmente bem-vindo ao BallasCast, eu confesso que eu confundi o que era paradoxo com o que era antítese, as vezes até com metáfora, eram algumas palavras que eu não sabia direito, mas sabia, mas enfim…


Isso não importa, consegue Deus criar uma rocha tão pesada, que Ele próprio não a consiga levantar?


Essa foi a explicação que me deram pra eu entender o que era um paradoxo, ouviu isso caro ouvinte?


Isso não importa nada porque hoje teremos um episódio muito legal, na verdade a continuação de uma entrevista que eu estou achando muito, muito, muito, muito legal… Os comentários no BallasCast estão muito legais também.


Porque é o que acontece dentro, insight do Cirque Du Soleil, insigh the head of clown, dentro da cabeça de uma palhaça, então vamos a ela… Que é brasileira, fez três espetáculos do Cirque Du Soleil, atualmente está em cartaz com AmaLuña, do Soleil… Já foi do Jogando no Quintal, já foi dos Doutores da Alegria, palhaço em hospital, rodou o mundo palhaçando, e hoje está aqui no BallasCast, palmas para ela…


GABRIELLA ARGENTOOOOO!


(Música)


– Bom, vamos, já que você foi, parênteses, Doutores da Alegria, você fez trabalho de palhaço em hospital…


– Fiz!


– E você, nesses dias você fazia palhaça de pé quebrado?


– Fazia!


– Pés quebrados!


– Pés quebrados!


– Na cadeira de rodas?


– Na cadeira de rodas!


– Uau!


– Mas eu sempre fui assim, eu lembro no Jogando que a gente podia ir vestido né, de figurino, no começo…


– Jogando no Quintal, um espetáculo que a gente fez junto, que é um espetáculo pioneiro de improviso no Brasil, começou em 2002, que era um jogo de improvisação de palhaço, pra quem não conhece, dá uma olhada na internet, nós, a Gabi, fomos também, os precursores do grupo e do time…


– É! Era super legal, e a gente tinha no começo de se vestir com nosso figurino de palhaço, e eu sou uma das poucas palhaças que mudo muito o figurino…


– Sim!


– E eu vou de acordo com o que eu estou sentindo, eu lembro uma vez que eu estava em casa e a produtora me ligou e falou “Meu, acabaram de torcer o pé, dá pra você vir pra cá”, eu não estava escalada pra jogar no dia eu falei “Inferno… Tem que ir trabalhar.” Eu fui de pijama.


– Você foi de pijama?


– Eu fui de pijama…


– Uau!


– De palhaça, mas de pijama… Então eu não nego nunca o momento que eu estou, porque pra mim isso é muito importante…


– Sei. Você tem uma característica de substituta profissional também, isso aconteceu muitas vezes na sua vida…


– Muitas vezes, minha carreira no começo se definiu por isso…


– Você era uma substituta… Você substituiu muitas vezes…


– Muitas vezes, muita gente, muito rápido. Em coisas surreais, tipo a Bete me ligar numa quarta feira “O que que você vai fazer na sexta a noite?, eu falei “Nada”, “Ah, então você vai fazer o Diário de Anne Frank”…


– Uau!


– Inclusive vai cantar em hebraico, a capela, sozinha no começo…


– Uau!


– Dois dias pra decorar a porra da música!


– Nossa, em hebraico?


– Em hebraico! Eu lembro eu em cena, fazendo o primeiro dia… Eu olhava, aí eu passava perto das pessoas e falava assim “O próximo bloco é o bloco do pão ou o bloco do casaco?”


– Nossa, você não sabia…


– Porque eu decorava o bloco das coisas, porque era textão entendeu? Em dois dias assim…


– Nossa… Você lembra essa música até hoje, um trechinho?


– Eu lembro, é aquela que eu cantei pra você…


– Você cantou no meu aniversário…


– É! A única música em hebraico que eu sei…


– Ah, canta um trechinho pra gente…


– Ah meu Deus…


– Sem ensaiar, sem nada… (Música)


– Que lindo! E essa música é linda né?


– É!


– Porque ela fala o que vi ser… Num ano otimista, né?


– É!


– Uau!


– Eu decorava uma música em cada idioma, também eu tinha isso, eu tenho uma em japonês, uma em hebraico…


– Você sabe música em japonês?


– Eu sei!


– Ah dá um trechinho… (Música)


– Uau! É a famosa música que quer dizer…


– Essa eu nem sei o que quer dizer, eu sei que eu decorei porque no hospital, e você sabe que eu cheguei a usar no hospital…


– Ah você cantava?


– Tinha uma família de japoneses… E quando eu cantei em japonês o avô do menino ficou emocionadíssimo, porque ele não falava em português…


– Ai que fofo!


– É, então tinha isso quando eu trabalhava no hospital!


– Você no hospital, o que que você lembra de alguma história, de alguma coisa que você achou legal, interessante, que você falou “Putz, teve o dia que aconteceu tal coisa…”


– Eu lembro de histórias pesadas, que eu dou risada, pelo paradoxo que é ser palhaço em ambiente hospitalar, que são… A gente teve muitos momentos ótimos que eu lembro de fazer sushi humano com os médicos, sabe aquela coisa quando a pessoa deita pra comer sushi em cima da pessoa?


– Sei, sei…


– Eu fazia na sala dos médicos, sushi humano… Só que eu abria todos os saquinhos de açúcar, colocava no braço do médico, colocava bolachinha, pingava café, fazia tipo um…


– Sei…


– E comia, no antebraço dos médicos…


– Demais…


– Eu sempre falava de um coquetel, porque eu entendo muito de remédios, é um dos meus super poderes…


– Porque você é uma hipocondríaca…


– Assumida, e letrada!


– E letrada!


– Então eu chegava pros médicos e falava “Ai gente, eu precisava de um coquetel de diox, diazepam com gramatinina, sei lá, um pouquinho de suco de limão” uma coisa, falava uns medicamentos pessadéssimos assim, eles riam… Mas eu lembro um momento, esse é pesado, mas é muito absurdo… Eu estava com o Raul também, no Emílio Ribas… Tinha uma criança deitada, ninguém no quarto, ninguém nada, a gente chegou, ok né? Vamos… Aquela coisa Doutores da Alegria, entra com calma, criança dormindo, a gente cantando, fofo com a criança, passa uma enfermeira, parecendo cena de filme, ela passou, voltou e falou “Que que vocês estão fazendo, a criança tá morta, esperando o IML levar”…


– Nossa, meu Deus do céu…


– Ai a gente falou assim “A gente tá cantando pra subir, nunca ouviu falar?”


– Nossa que pesado, meu Deus… Uau! É, essa é a loucura do hospital…


– Essa é a loucura do hospital, é…


– Você passa por um monte de coisas que acontece lá e acontece de tudo né?


– Eu admiro profundamente quem trabalha em hospital como palhaço, e eu acho que como Palhaço Sem Fronteiras, esses ambientes adversos, são os melhores lugares para se treinar palhaço.


– Sim é um belo treino né?


– É um belo treino!


(Música)


 – O que que você aprendeu, você acha, no hospital como palhaça assim, tecnicamente falando, o que que você acha que é, qual o treino que te dá, que te deu né? Do palhaço dentro do hospital… Por exemplo, porque pra contextualizar, como você vem do teatro, a gente vai falar disso daqui a pouco, você era atriz, fez palco e tal, no palco a gente tem público, tem o palco, tem uma distância, tem espaço… No trabalho do palhaço no hospital, tem essa característica que o jogo é diferente, porque ele é feito em um ambiente menor, pra uma criança, duas, três, quatro… O que que você acha que aprendeu de… Tecnicamente, ou de treino ou de coisas assim?


– Prontidão! Eu acho que você deve estar com todas as antenas absolutamente ligadas pra saber o que que está acontecendo ao seu redor…


– Legal, legal…


– E jogar com o que exatamente está acontecendo…


– Muito legal…


– É! Prontidão acho que mais, acho que é a maior… E empatia né? No sentido de que você não pode colocar nem a sua arte, e nem o seu personagem, nada em primeiro lugar, você tem que estar servindo, é uma subserviência absurda no ambiente ao momento, a pessoa, e essa questão de ser individualizado, a escuta… Você precisa ter muita escuta, né?


– Legal, muito legal, então escuta você falou…


– Prontidão!


– Prontidão, e empatia né?


– Empatia!


– Que você está na relação com o outro, e absolutamente ligado no que o outro… Porque o que você falou é muito verdade, porque, ah foi cantar uma música e percebeu que o menininho olhou pro seu parceiro, você abandona imediatamente a música, deixa seu parceiro fazer, você fez, colocou uma marionete o menininho fez uma carinha de choro, imediatamente essa marionete vai embora… Outra coisa muito legal que você falou de prontidão, né? Para quem… Eu acho que é um dos grandes treinos, né? O fato de a gente chegar num quarto e você ter que lidar com a criança, com os pais, e de repente com uma enfermeira que chega com um soro que você não pode bater, porque você não pode fazer…


– Pra criança que as vezes não pode nem rir…


– Isso, as vezes a criança não pode rir, e aí o que que você faz? Joga com aquilo, a criança operou o olho, está sem os olhos, tem que jogar com aquilo, a criança  tá entubada e não pode responder, tem que jogar com aquilo, é neném, não pode falar… Então você tem que estar absolutamente no aqui agora e jogar com tudo o que acontece né? Então é realmente um belo de um treino mesmo…


– É a tesoura mesmo assim…


– Quero fazer agora uma pergunta do Bruno Godoi, que é um dos participantes do BallasCast que é um grupo que a gente tem no Facebook, muito legal, então você entra se você não entrou, porque tem muitas coisas legais lá… E ele pergunta o seguinte “Precisa ter talento pra ser palhaço, qualquer um pode ser palhaço?” Gabriella Argento


– Bruno Godoi, qualquer um pode ser qualquer coisa, desde que queira ser, né?


– Sim!


– Talento, pra tudo precisa de talento! Precisa de talento pra ser garçom, eu por exemplo, um dos meus maiores pesadelos é eu perder todos os meus empregos, eu dançar na vida e ter que virar garçonete porque eu não tenho talento…


– Não poderia…


– Eu não sei fazer essas coisas, entendeu? Isso é um talento específico…


– Legal!


– Da pessoa… Então um pouquinho de talento para as coisas a gente tem que ter, mas o mais importante é perseverança, porque o palhaço é um treino exaustivo, extenuante e longo…


– Legal!


– E é muito fácil desistir também no processo…


– Sim!


– Porque o processo é doloroso, então muita gente… Eu por exemplo, quando eu dou aula, eu sempre abro 30 vagas, porque eu sei que eu vou acabar o ano com 12…


– Sim, porque a galera vai saindo…


– As pessoas desistem porque você tem que se virar do avesso, você tem que estar disponível, se você quer ser palhaço você tem que estar disponível pra colocar tua alma numa bandeja pro público…


– Uau! Gostei dessa!


– Então se você não tem esse colhão de se expor, nem vá, né? Nem tente!


– Legal, eu concordo total… É uma coisa até que as pessoas atribuem a gente “Não, mas vocês tem o dom” Não, não tem questão de dom nenhum, eu trabalhei muitos anos pra fazer isso… “Ah eu queria muito”. Você quer então vai  estuda…


– Vai e faz!


– É como eu estou falando, é que nem o cara, quer ser sei lá, cirurgião, “Ah eu quero”, você tem que estudar pra ser cirurgião, tem que estudar pra ser palhaço…


– Mas essa é a diferença da nossa profissão, gostei do exemplo do cirurgião, porque ninguém subestima o trabalho de um cirurgião…


– Sim, legal…


– Ninguém fala “Ah, eu sou bom de Biologia, eu sou bom de… Puta eu corto umas carne animal no churrasco, eu vou lá cortar um cara”… E a gente não… Eu sou engraçado no churras, então eu posso ser palhaço… Existe um grande, longo caminho em ser engraçado… O cara engraçado do churrasco e ser um bom palhaço…


– Exatamente! E se você quiser estudar casadohumor.com.br


– Exatamente!


– Tem cursos, aliás a Gabi já deu muitos anos né? Cursos lá no nosso espaço… Mas é total… Tem que estudar, tem que trabalhar, tem que fazer, tem até um palhaço, meu professor falava que um bom palhaço ele nasce de dez anos…


– Eu concordo…


– Então é isso né? Aquela coisa das 10 mil horas, se você fizer 10 mil horas qualquer coisa você vai ficar bom nessa coisa, o palhaço é a mesma coisa, quando você começou você já era mega boa?


– Imagina, eu me fudi, ai desculpa… Eu dancei tanto, tomei tanta piada da Quito. Muitas vezes, no primeiro curso que eu fiz com a Quito, eu fazia com o meu parceiro, com o Denis, a gente levantava todo dia de manhã chorando cara, a gente não queria ir… O Denis falava “Não vamos Gabi”, eu falava “Não, vamos porque se a gente furar agora a gente não vai mais”.


– Sei…


– A Quito, eu pagava sei lá quanto por mês, eu levantava, fazia exercício “Senta,  não faz, não, tá falsa”… É difícil…


– É né? Até o Anderson Bizzocchi dos Barbixas contou aqui no podcast, que você foi professora dele, e ele lembra de um dia que ele entrou lá engraçadão e você falou “Fora”, e ele “Hã”, “Fooooora”…


– É!


– “Ah tá entendi”, aí ele ficou mal, eu falei “Caramba”, e ele já era engraçadão assim…


– Ele era…


– E você já deu uma aula pra ele, porque ele entendeu que opa, não é querer ser engraçado o tempo todo que você tem que isso que você estava falando antes né?, Uma questão de você entrar pra dentro, você entrar em contato com você e tal…


– Achar o seu ridículo né? E pra você achar o seu ridículo, você tem que estar vulnerável, se você não estiver vulnerável você não vai achar nada… Se você for montado, pronto e armado pra um curso, você está querendo mostrar o que você sabe, você não está querendo aprender…


– Quero falar de palhaço, começando por uma definição em uma palavra, estou perguntado para os palhaços que vem aqui, eu sei que é difícil, e tudo bem, ter rótulos, e não importa muito… Mas assim, se você fosse falar em uma palavra a definição de palhaço, o que você acha que é mais importante em um palhaço, qual a palavra que você usaria?


– Olha… Figurativamente eu usaria amor, mas a primeira palhaça que vem na minha cabeça é FILOSOFIA!


– FILOSOFIA? Uau! Conta mais!


– Por que pra mim, o palhaço é mais do que um personagem, eu me interesso pela filosofia que está atrás da máscara!


– Legal! Muito bom! Muito bom! Muito bom! Fala mais disso…


– O que é esse ser? O que é o estar do palhaço? Mais do que o personagem, o estar do palhaço, que é um ser de alta disponibilidade, alta amorosidade, pronto pro encontro, sem passado, sem futuro, completamente amoral, que é diferente de moral, não tem julgamento, não tem medo… O que é o palhaço? É o que a gente supostamente deveria ser, é como a gente nasce, é o nosso estado essencial, e é o que a gente perde durante a vida, é o que a gente vai colocando a cada estágio da vida que a gente passa, a gente vai colocando uma camada a mais…


– Sim!


– É o bom filho, é o bom aluno, é o bom amigo, é o bom profissional, é o bom estudante… E o que acontece com a maioria das pessoas na idade adulta, é que a gente tem tanta camada, que a gente já não sabe mais quem a gente é…


– Sim!


– Então estudar a filosofia do palhaço pra mim, ajuda qualquer pessoa, querendo ser palhaço ou não, a resgatar o teu essencial, o teu fio condutor existencial, o que você é antes da sociedade te distorcer!!!


(Música)


Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um episódio (AAAHHH) mas na segunda feira que vem tem mais (EEEHHH).


E se você ainda não se inscreveu no grupo do Facebook, BallasCast, não sei porque você está vivo… Éééééé…. Lá tem muita coisa legal, a gente tem pouco conteúdo, o que é muito bom, porque esses grupos são um inferno, então entra lá que tem conteúdo exclusivo, coisas bem legais. Esse ano vamos gravar um podcast exclusivo com o público, então você vai ser o primeiro a saber, tem descontos para os meus cursos, enfim, entra lá se você quiser saber, se você não quiser,  be free


Vamos agora ao nosso momento merchand…


“Ballas, eu estou ouvindo tanto você falar sobre o clown e sobre o palhaço, e eu sou muito tímido, e eu queria aprender um pouco como ser engraçado, ou pelo menos como falar um pouco em público, enfim, você não tem alguma dica pra mim?”


É claro. Olha só que coincidência, dias 03 e 04 de Março, tem curso de clown, palhaço com a Bete Dorgan, éééé…


Entra no site que você tem mais informações. www.casadohumor.com.br


É isso aí muito obrigado pela sua presença, pela sua audiência, pela sua decência, pela sua querência, pela sua malemolência, pela sua eloquência e sendo assim…


Thank You Very Much…


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Rtjh ´]orjns´]o7[roh] rnón


Srk~]kr y


S~lmaórma lme


See you next MOnDay!


ByE bYe!