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BallasCast – Episódio 62 – Festival Internacional de Improviso ESPONTÂNEO (Parte 1)

EPISÓDIO 62 - FESTIVAL INTERNACIONAL DE IMPROVISO ESPONTÂNEO (PARTE 1).


Senhoras e senhores, ladies and geeeeeeeeeeeentlemaans, madames et messieurs, engraxates e engraxatos, está começando mais um…


BALLASCAST…


MÚÚÚSICAAA!


Olá, olá, olá, seja abissalmente bem-vindo ao BallasCast, pra você que me acompanha semanalmente todas as segundas feiras, thank you very much, I really appreciation your company here


Pra você que está chegando, bem-vindo, você que não ouviu os primeiros podcasts, acho que vale apena ouvir os 20, 30 primeiros, que são minhas histórias e etc, então que são, eu acho os mais legais e depois a série de entrevistas que eu estou fazendo…


Hoje, vou falar de um assunto que muitas pessoas comentaram, porque viram que eu publiquei nas redes sociais de uma viagem que eu fiz para Madrid e Portugal, então vamos ao episódio de hoje, N-O-W!!!


(Música)


Festival Internacional de Teatro de Improviso Espontâneo.


(Música)


Em setembro do ano passado, 2017, eu recebi um messenger do Marco Graça, que é do grupo Instantâneos, lá de Portugal, eles ficam sediados em Sintra, ao lado de Lisboa.


E ele me convidou pra participar do festival do Espontaneo… Inicialmente eu sugeri a ele o espetáculo Caleidoscópio, mas como 5 atores e mais 1 iluminador, mais um produtor, era muita gente.


E eu contei pra ele que eu estava ensaiando um solo novo, mas ainda estava em processo de ensaio, não sabia o que era nem nada, e ele me escreveu uma mensagem muito bacana e disse assim…


“No que diz respeito ao teu espetáculo, eu fazia a ti uma proposta meio louca, que era o de estreiares o teu solo aqui no festival. Poderá ser um ótimo laboratório e da nossa parte, ficaremos muito orgulhosos de poder assistir a estreia do seu espetáculo solo, aqui em Portugal”.


E eu achei muito legal, adorei esse impulso e disse “Sim, eu vou!”


E lá embarquei eu com a minha diretora, Rhena de Faria, em direção a Lisboa, Portugal.


Quando eu contei para as pessoas que eu ia para um festival de improviso, as pessoas ficaram muito curiosas.


“Mas o que que é?”, “Como é?”, “Como funciona o festival?”


Por isso inclusive, que estou gravando este podcast a pedido de muitas pessoas, pessoal que tem o nosso grupo BallasCast, lá no Facebook, então é mais ou menos assim…


Chegando lá eu fui mega, super bem recebido pelos Instantâneos, Marco Graça, o outro Marco, o Nuno, Ricardo Soares, o Nuno iluminador, Fábio produtor, o João, técnico, enfim… Toda a moçada lá, muito atenciosa, muito bacana e muito receptiva, o que é muito legal porque você se sente absolutamente super acolhido.


E no primeiro dia, já aconteceu um espetáculo que eles chamam de Ensemble, um coletivo de improvisadores…


Isso é uma coisa que rola nos festivais de improviso que eu acho incrível, sempre fui muito fascinado por isso.


Então lá tinha, improvisadores do Brasil, Israel, Espanha, Estados Unidos e Portugal, todos juntos fazendo um espetáculo ao mesmo tempo…


Aí você deve estar se perguntando “Mas Ballas, como é que faz pra… Vocês já tinham ensaiado, vocês combinaram?”


NÃO. Isso é que é muito legal, teve uma proposta, que foi do Pedro Borges, dos Improváveis, que é um grupo lá de Portugal… Ele inventou um formato que era baseado num quiz game, tipo no “Quem quer um milionário”, era um quiz game, então ele era um apresentador do programa de perguntas, e então assim que entramos todos os atores no palco, eram 10 atores, descemos até o público e cada um ia conversando com uma pessoa.


“Como é que é seu nome?”


“O que que é a sua profissão?”


“Você faz o que? Ah, legal!”


Então cada um de nós escolheu um personagem baseado em alguém do público e de três em três passávamos como se fosse uma competição de perguntas.


Então ele era o apresentador, fazia uma pergunta pros três que estavam lá, os três davam sua resposta, era uma pergunta fictícia, uma bobeira, uma brincadeira, então quem ganhava essa rodada, a gente via um momento da vida dessa pessoa.


Então por exemplo, o meu personagem era Jorginho, o publicitário… Porque tinha um senhor na plateia que se se chamava Jorge e era publicitário… A outra era Andressa, a manicure, porque tinha uma moça que era manicure, enfim…


Então vamos supor que a Andressa manicure ganhou a rodada, então ele falava “Vamos agora ver, um dia na vida de Andressa manicure”, e aí a gente fazia uma cena improvisada da Andressa, improvisada…


Assim foram várias rodadas, até que teve um ganhador e a gente viu uma cena maior desse ganhador, e misturavam-se as cenas e tal. Então o que eu acho bacana, é que é muito incrível, é que nessa noite, eu joguei com vários improvisadores, de vários países, sem nem conhecer os caras.


Isso é muito legal, porque o improviso tem alguns princípios por trás, princípios de aceitação, de eu dizer sim, de eu trabalhar com  erro, de eu trabalhar em cima da proposta do outro, então como todos nós temos essa linguagem em comum, é possível de se fazer um espetáculo, na hora, ao vivo, mesmo com desconhecidos, que foi o que aconteceu lá, nesse primeiro Ensemble da primeira noite.


(Música)


Acabado o nosso espetáculo o púbico saía, tinha um intervalo de dez minutos e na segunda parte, teve um espetáculo que foi feito por dois americanos, Andy Coen, que é argumentista do Cartoon Network, olha que chique!


E a Yvonne Landry, que é professora do Second City, os dois americanos.


Então eles fizeram um espetáculo, obviamente em inglês os dois, lá no caso, em Lisboa a maioria das pessoas falam inglês, então o público entendia sim, então foi muito legal ver um espetáculo da gringa, dos americanos.


É interessante de ver que, diferente da América Latina, os americanos, eles têm uma maneira de improvisar muito deles assim… Em que sentido? O espetáculo não tem nenhum cuidado teatral, não tem luz, não tem cenário, não tem figurino… Eles improvisam com as roupas que eles estão, eles jogam com a luz que tem lá, não tem nada no palco, era um palco vazio…


Eles têm uma conversa muito franca e direta com o público, é muito formal o tipo de jogo. Então eles foram lá e perguntaram pras pessoas “Que grandes dilemas vocês têm na vida… Que perguntas fariam que não sabem as respostas?”.


E aí eles escolheram uma das perguntas que alguém falou que é “O que tem na vida após a morte?”


Uma vez que eles escolheram essa pergunta, eles começaram a divagar, os dois atores, sobre isso…


“Ah eu acho que depois da morte tem coisa…”


“Não, eu acho que isso…”


“Eu acho que isso…”


Falaram, falaram, falaram um pouco, a partir daí eles fizeram o início de uma primeira história, depois o início de uma segunda história, depois o início de uma terceira história, depois na segunda fase, o meio da segunda história, o meio da terceira história… E depois na ultima fase, final da primeira história, final da segunda história, final da terceira história.


É um formato meio clássico assim, parecido com Harol, digamos assim, pra quem conhece os formatos de improviso, mas foi interessante de ver os americanos, confesso que dado o meu inglês, nota 6.9, não peguei tudo, mas foi um espetáculo interessante de ver…


De ver como eles atuam, de como eles fazem a coisa acontecer ali, na hora, ao vivo.


Quando acabam os dois espetáculos, uma coisa que é muito legal nos festivais, é que todo mundo vai pro mesmo lugar, a gente vai sempre pro mesmo lugar, pra um bar chamado Sabot, que abriam só pra gente, e a gente ficava lá bebendo, e conversando, e falando sobre os shows… Dando feedback para os atores que fizeram conversando… “Eu achei isso legal”, “Não gostei disso”, “Achei interessante”, “Olha que legal isso”, “Poxa, nunca tinha visto”.


Então momento de troca, e momento muito bacana, e isso vai até altas horas da noite, ou da manhã para alguns.


(Música)


O segundo dia, era um dia brasileiro, quem abriu com o primeiro espetáculo é a Cia de Espetáculo de Improviso de Salvador, que é um grupo que eu não conhecia, e eu achei muito legal, o público recebeu eles super bem, e foi um espetáculo super bem falado, eu não vi porque eu estava me preparando para o segundo espetáculo.


Eles acharam um formato que era bem legal, que é baseado na história de Dona Flor e seus dois maridos, e o público saiu novamente, intervalo, e entrei eu, Márcio Ballas, sozinho, solitário, para o meu solo, que se chama “Bagagem“.


Eu estava muito nervoso, muito mesmo, era minha estreia, então eu estou ensaiando a praticamente 2 anos.


Não que eu esteja ensaiando diariamente 2 anos… Eu estou ensaiando de pouquinho em pouquinho em 2 anos, mas eu estava realmente muito nervoso, eu não sabia como ia ser, eu não sabia se o público ia entender 100% meu português brasileiro, obviamente eu falei do meu jeito, porque eles lá entendem melhor do que a gente.


É a primeira vez que eu faço um solo assim, dessa maneira, teatral, com cenário, com figurino, com luz, então assim… Eu me preparei bastante, eu sabia que ele podia ser legal, mas seu não fazia a menor ideia do que ia acontecer.


Então comecei muito nervoso, mais nervoso do que ever, eu tinha 20 anos de carreira e acho que faziam 20 anos que eu não estava tão nervoso no palco, sozinho.


Primeiro porque eu estava num festival internacional, segundo porque na plateia tinha gente que eu achava muito legal e muito bacana, e terceiro porque é um solo, você está sozinho. Eu tenho feito espetáculos com 2, com 3, a Noite de Improviso eu faço com 4, né? A gente sempre tá em galera, o improviso é sempre uma construção coletiva, fazendo Improvável, o É Tudo Improviso na Band, sempre coletivo, coletivo, coletivo.


E de repente eu me vi sozinho, solitário no palco… Bom, acho que vale um episódio inteiro pra o meu solo, mas fato é que foi muuuuuito legal, mas muito, muito, muito, muito, muito incrível… Quando acabou o público bateu muita palma, levantaram pra bater palma, o que é uma honra assim, porque nas Europas não é que nem aqui, que as vezes um levanta, outro levanta e só por educação e ficamos sem vergonha, a galera levanta junto, não…


A galera aplaudiu, bateu palma, eu me senti muito feliz, eu fiquei mega feliz, foi daqueles dias inesquecíveis que as coisas dão certo, todas as coisas dão certo.


Nem sempre assim, talvez nunca vai ser como esse dia, por assim, tudo, tudo deu absolutamente certo. Funcionou, foi legal, entrou direitinho, o Nuno que é o iluminador de lá, arrasou na luz. Quem fez a luz foi a Aline Barros daqui do Brasil, ela concebeu a luz, mas ele que operou, fez a coisa acontecer… A Rhena de Faria, minha diretora, arrasou, porque me ajudou a chegar lá, enfim…


Eu fiquei muito feliz, os feedbacks foram muito positivos, no final teve gente chorando, me abraçando… E eu chorava também, foi muito, muito, muito emocionante, e assim terminava o segundo dia do festival.


O festival estava chegando na metade e a gente foi todo mundo pro Sabot. E foi muito legal, porque as pessoas vinham falar comigo sobre o espetáculo, e aí vinham me dar feedback contando o que elas acharam, o que elas sentiram, o que elas pensaram, o que é muito importante, porque quando a gente faz o espetáculo a gente não sabe o que vai acontecer, a gente não sabe como ele está, a gente não sabe como ele saiu, porque eu estou ali dentro fazendo o negócio.


Então pra mim, foi muito importante. Primeiro porque tinham pessoas incríveis, o Omar Argentino, que é um grande mestre do improviso, escreveu livros, e é um cara que é referência, que eu acho muito foda, veio me falar coisas muito bacanas, o pessoal do ImproMadrid, que é um grupo parceiro lá de Madrid, que eu também acho incrível… Que veio me falar várias coisas legais, várias coisas pra eu pensar, várias coisa pra eu eventualmente, eu fazer pequenos ajustes, pequenas mudanças…


Todo mundo vinha me dar feedback e me contar o que achou, o que sentiu, o que pensou, porque é assim que a gente refina, é assim que a gente faz com que o espetáculo fique redondo. É claro que tem coisas pra eu melhorar, claro que tem coisas que eu vou mudar, claro que tem coisas que eu vou achar, é claro que tem coisas que eu vou fazer diferente da próxima vez, mas pra mim ficou a certeza de que sim, eu tenho um espetáculo, sim ele está bacana, ele esta legal… E agora é o que a gente faz quando tem um espetáculo novo, a gente tem que fazer ele, rodar ele, fazer ele acontecer, colocar ele na estrada.


Então agora que eu estou no Brasil, eu estou em busca de um teatro pra fazer, ou de um patrocinador, então se você é muito rico e quiser patrocinar, meu espetáculo, eu estou por aqui, mas enfim… Brincadeiras a parte, é hora de colocar ele na roda, colocar ele pro mundo, pras pessoas verem e assim fazer a coisa acontecer.


Até porque tem uma coisa de espetáculo de improviso, ou com improviso que é o meu caso, que tem uma parte que você não sabe o que vai acontecer, porque ela só pode ser feita na hora, então por mais que eu ensaie, por mais que eu fiz uns dois ensaios com algumas pessoas assistindo, não dá pra saber porque sem público, o espetáculo de improviso não existe, ele não é nada. Então isso é muito cruel porque você acha que tem alguma coisa pronta, mas ela não está pronta porque ela depende da outra parte, que é o público. Por isso que a gente fala que o público é cocriador do espetáculo, o público cria com a gente o espetáculo, e o espetáculo acontece ali no aqui agora, no momento único e por isso que ele é irrepetível. Sendo assim, terminamos essa primeira parte, desse episódio, Festival Internacional de Improviso de Lisboa, Sintra, Portugal, semana que vem tem mais…


(Música)


Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um episódio (AAAHHH), mas na segunda feira que vem tem mais (EEEHHH).


E se você ainda não entrou no BallasCast, você pode se inscrever que é o grupo que a gente tem lá no Facebook, onde eu vou colocar fotos do meu solo, pra você ver um pouco, pra você tentar entender o que que são essas imagens que eu estou falando aqui, no podcast. Senão você me acompanha nas redes sociais que tem coisas lá também sobre o meu solo, e sobre o festival… E vamos agora ao nosso momento merchan


“Marcio, eu tenho uma empresa e eu queria contratar o seu solo, será que a gente pode ver ele aqui dentro da empresa, no universo corporativo?”


É claro… QUE NÃO! Esse é um solo teatral que serve para o teatro, quem sabe você for de um Sesc, você pode me chamar, ou se você tiver um teatro, ou se você for um patrocinador SIM, se não, eu tenho um solo de improviso corporativo, é só você entrar em contato comigo no www.marcioballas.com.br


É isso aí, na semana que vem eu continuo com essa saga do festival internacional de improviso que eu fui viajar com a galera, queria citar uma frase do Instantâneos que tem no site dele, e eu achei interessante que ele diz.


“Improvisation is not what we do, is what we are!”


IMPROVISAÇÃO NÃO É O QUE FAZEMOS, É O QUE SOMOS!


Hein? Hein? Heeein?


E eu lembrei também de uma frase do Guilherme Tomé também, que a gente colocava na sinopse da Noite de Improviso, que é muito legal que tem um pouco a ver com isso, que diz o seguinte…


ELES NÃO SABEM O QUE VÃO FAZER, MAS SABEM BEM O QUE ESTÃO FAZENDO!


That’s improvisation!


Thank you very much…


Heiorhgvpeig


Ekhrgv pihewpig


hgv~ihveimçakjgheprrg


Llj]gv hj]tr ]jhójgojegvj


Bye bye!