a
a

BallasCast – Episódio 76 – Entrevista com Felipe Anghinoni (Parte 1)

EPISÓDIO 76 - ENTREVISTA COM FELIPE ANGHINONI (PARTE 1).


Senhoras e senhores, ladies and geeeeeeentlemans, madames et messieurs, sommeliers e sommelieras, está começando mais um…


BALLASCAST…


MÚÚÚSICA!


Olá, olá, olá, seja criativinovadamente bem-vindo ao BallasCast, pra você que está chegando pela primeira vez, welcome! Pra você que nos vê, ouve sempre, welcome again! Pra você que é de São Paulo, está ouvindo este episódio em julho, eu estou no Teatro Eva Herz, em temporada com meu solo “Bagagem”.


Tem que ver. Por que tem que ver? PORQUE TEM QUE VER!


Quintas e sextas, aqui no Eva Herz na Avenida Paulista, na Cultura. Na Avenida Paulista. Venha ver porque está muito legal!


Entao vamos receber o nosso convidado de hoje, eu estou muito feliz, estou hoje aqui em Porto Alegre, porque eu vou dar uma palestra na Perestroika, que é a escola que ele fundou.


Ele é educador, ele é professor, ele é palestrante, ele fala sobre a criatividade e um monte de coisas, e ele é co-fundador de uma das escolas mais fodas do mundo, que chama-se Perestroika, com vocês…


Felipe Agnoni… PALMAS!


(Música)


Entrevista com Felipe Anghinoni


(Música)


– Felipe Anghinoni, da onde vem esse sobrenome, Felipe?


– Esse é um nome tipicamente italiano, né? É engraçado porque aqui em Rio Grande do Sul não precisaria nem perguntar…


– Aqui é normal?


– Aqui é forte assim, o pessoal ouve assim e já, ah colono, descendente de colono.


– E fala uma coisa, no episódio passado eu falei sobre criatividade, eu queria já começar desse assunto, como é que surgiu a Perestroika, como é que ela começou?


– Bah! Vou tentar dar respostas curtas e aí se tu achar que tem que aprofundar eu vou, tá?


– Ótimo!


– Cara, começou… Eu era publicitário, eu tinha um amigo que também era publicitário, na verdade eram dois amigos. A gente trabalhava na área de criação de agência de propagandas, e lá pelas tantas a gente conversou e falou “Puta, a gente dominou uma técnica nesse trabalho, que é uma técnica de processo criativo, a gente aprende a ter ideias”, né? Porque numa agência de propagandas, as vezes tem que ter dez, as vezes tem que ter quinze ideias num dia só…


– Sei…


– E aí tu aprende que não dá pra ficar dependendo da inspiração, que eu tenho que ir atrás e achar essa ideia. Esse é o processo criativo! Só que o out puch, né? O resultado desse processo criativo, era a peça publicitária, e aí a gente falou “Cara, quem sabe a gente usa essa técnica que a gente sabe fazer, para ter ideias, mas para ter ideias para alguma outra coisa, mudar o resultado, vamos fazer que sejam negócios criativos”. Então o nosso primeiro desafio foi “Tá, vamos criar um negócio… Vamos criar algo que vai ser o nosso projeto paralelo, que pode virar um negócio, e que tem que ter a ver com criatividade e não pode ser um agente de propaganda, e a gente começou um processo de um ano e meio de brainstorming


– Brainstorming


– Eu vou tentar usar a tua técnica de inglês aqui… De ideia de negócios… De ter várias ideias… E lá pelas tantas surgiu essa de montar um curso de criatividade, era uma ideia que não tinha necessidade de nenhum investimento, a gente não precisava de sócio, era muito simples de colocar em prática, e por isso ela foi meio que foi escolhida, e foi daí… Daí começou um curso de criatividade chamado Perestroika, que depois de um ano começou a ter outros cursos e acabou virando uma escola mesmo disso.


– Tá, então me fala do assunto criatividade, que outro dia você deu uma definição, no Hardworkpapai, com o Murilo Gun… Você, como é que você vê, o que que é a criatividade para você, como é que você define quando você dá as suas aulas, suas palestras, como é que você…


– Então cara, até é legal você perguntar isso mesmo sem ser frasezinha protocolar, porque esse é uma coisa que eu fiquei estudando um tempo, comecei a montar aulas de processo criativo, de criatividade, e comecei a estudar. E aí eu vou as vezes em empresas, ou nos cursos mesmo e pergunto pra galera “Quem acha que criatividade é uma coisa importante, né? Para se ter nas empresas, para se ter como  habilidade pessoal?”


Todo mundo levanta a mão, todo mundo, todo mundo, 100% das pessoas… Aí eu pergunto “Tá, quem de vocês estudou já criatividade, leu algum livro?”


Aí já vai pra cinco, 5%.


– Ótimo!


– “Quantos de vocês praticam isso, ou escreve alguma coisa, ou compõe música, ou pintam, ou fazem teatro? Quantos de vocês fazem isso?”


E aí também fica aí uns 5%… Então todo mundo considera que é uma habilidade importante, mas vai estudar como é que se faz preço, como é que se gerencia pessoas e ninguém vai praticar isso… E aí quando pergunta qual é a definição de criatividade, vem um monte de coisas, porque é uma coisa meia etérea e aí eu apresento a minha definição que veio depois de algumas pesquisas… E aí eu vi várias coisas interessantes, juntei tudo numa frase que eu acho que é interessante, que é…


– Opa!


– Criatividade é conseguir imaginar algo que eu nunca tenha visto! É uma habilidade mental, na minha concepção, isso não quer dizer que ela seja certa, uma habilidade mental de eu conseguir imaginar uma coisa que eu nunca vi antes.


– Conseguir imaginar algo que eu nunca tenha visto! Tá… Fala mais sobre isso porque a primeira coisa que vem a cabeça é a pergunta de “Ah, mas eu consigo imaginar”, só que de imaginar, fazer é outra coisa…


– É outra coisa!


– Outra coisa…


– É outra coisa…


– Tá…


– E o importante é fazer!


– Tá!


– Por isso que eu acho assim, criatividade todo mundo tem, todo mundo consegue ter, não é um dom, não é talento…


– Legal… Outra coisa também que eu não tenho muita… Que as pessoas vira e mexe falam… Que eu falei disso no episódio anterior, “Ah Ballas, você tem o dom”, porra… Eu estudei pra caramba! Há vinte anos atrás eu era ruim, não é assim, né? E as vezes é quase um falso elogio, né? Porque parece que a gente tem uma coisa que nasceu dos deuses, mas não é, né? Você não acredita muito nessa coisa de dom também, ou…


– Eu já tive essa sensação. Já passei por isso de achar que, sei lá, eu era especial, tinha uma facilidade, um talento nato pra isso… Depois quando eu comecei a trabalhar com propaganda que eu tinha lá que criar um negócio e as vezes me apertava, puta que pariu cadê a criatividade? Eu vi que não! Que é uma técnica!


– Sei…


– Obviamente tem gente que tem mais facilidade, porque desenvolveu, sei lá… Os pais, a educação, o signo, ascendente, a Lua, essas porra toda influenciam, mas não quer dizer que ela não esta acessível aos outros, é uma questão de prática, de treino… Mas voltando a questão, que tu estava falando, “Tá, mas e aí…”, o exemplo que eu dou pra isso é o seguinte… A minha filha chega pra mim com um monte de rabiscos, e fala para mim “Ai que lindo esse desenho que eu fiz pra ti pai”, eu falo “Ai que lindo, filha”, tal… Mesmo que eu veja só um monte de rabiscos… Eu pergunto “O que que é isso filha?


Ela fala “É um galo com cabeça de pizza”, né? Então imagina você que está ouvindo o BallasCast, um galo que até o pescoço é um galo e depois uma fatia duma pizza marguerita assim, com tomate em cima dela… Apesar daqueles garranchos não serem um desenho bem feito, não representarem aquilo que está na cabeça dela, se ela nunca viu isso, se ela nunca teve essa referência, se ela misturou, ela criou aquilo. E isso é a criatividade. Eu acho que é por isso que falam que crianças são tão criativas, porque tem um monte de coisas que elas nunca viram, e elas chegam lá, imaginam, e trazem aquilo. Em comparação, se eu descubro que foi uma coleguinha da escola dela que falou e desenhou esse galo com cabeça de pizza na escola, e falou “Ah, esse aqui é um galo com cabeça de pizza”, e ela pegou e reproduziu a piada ou a brincadeira comigo, ela não criou aquilo, foi uma outra pessoa que criou… Se uma pessoa na China criou aquilo, mil anos antes, e tem um desenho animado com um frango com a cabeça de pizza, eu acho que até aqui tem, e a minha filha nunca viu isso, a ideia dela não é inédita, alguém já teve essa ideia antes, mas é uma criatividade, é original, surgiu dela…


– Sei…


– Se uma outra menina de sete anos desenha a Monalisa igual, Monalisa foda assim, que vamos supor até um expert olhe e fale “Nossa, essa menina tem os traços do Leonardo“, Leonardo Da Vinci, que foi quem pintou a Monalisa, porque eu não sei como é que é a qualificação do grupo…


– Como é que é a qualificação dos meus ouvintes, estão menosprezando vocês…


– Bom, aí… Putaquepariu… Essa menina ela tem um talento, um dom, uma facilidade, mas não é criatividade, ela não criou a Monalisa. Ela tem um processo técnico manual muito bom, muito apurado, incrível, tem que ser celebrado mesmo. Mas não é criatividade, ela não criou, ela está olhando e reproduzindo. Isso significa que quando chega alguém numa empresa e fala assim “Olha meu, me contrata aí que eu sou muito criativo, olha aqui meu frango com cabeça de pizza”, aí eu vou contratar porque eu quero alguém criativo? Não. Porque quando a gente está num ambiente de empresa, quando a gente está num ambiente artístico, a gente quer uma criatividade que ou resolva algum problema, ou que tenha algum valor e tal… Mas aí eu faço uma distinção, existe a criatividade pura e a criatividade aplicada.


– Opa, legal…


– Criatividade pura…


– Pura…


– É essa que não tem julgamento de valor, é um frango com cabeça de pizza, ela imaginou e não tem se “é bom ou ruim”, “é bom ou ruim isso aqui”, não interessa… Foi criativo… Na aplicada já tem o julgamento. Se ele é bom ou ruim, se ele é adequando ou não, se ele é estético ou não, se a música é bonita ou não, se a peça é engraçada ou não, se a pintura resolve um problema estético ou não… O que eu acho é que a criatividade aplicada, essa criatividade profissional a gente adquire ela praticando a pura…


– Sim… Ah, entendi!


– Entendeu? Então a gente tem lá um executivo numa puta empresa que fala “Não, eu quero criativo, passa, quando chegar o momento, surgir o problema, eu vou ser criativo”, e aí surge o problema e ele não consegue, ou ela não consegue ser criativa porque não treinou. Não escreveu um bilhete para a namorada, onde tem uma criatividade. Não escreveu, vai fazer o aniversário do filho, faz da Galinha Pintadinha, em vez de criar o seu próprio tema, quando vai sei lá, fazer a sua própria festa de aniversário e faz uma festa normal… Não pratica, né? No bilhete da namorada dá pra eu fazer uma manifestação criativa, vou dar um exemplo bem básico, durante uma época da agência de propagando eu cuidava da pauta da criação. Então eu era redator publicitário e além disso cuidava, todos os trabalhos que entravam eu que dizia “Fulano vai fazer esse, fulano vai fazer aquele”, de manhã e de tarde, e  fechava a pauta. E aí teve um vez que na segunda feira tinha fechado a pauta da semana, não tinha mais como colocar nenhum trabalho na semana, então tinha que avisar toda a agência, “Olha gente, surgiu muito trabalho, a pauta está fechada”, ao fazer isso eu escrevi o “Soneto da Pauta Fechada”…


– Soneto da Pauta Fechada?


– Então eu não tenho aqui a memória de como que era, mas era um soneto, com as rimas de um soneto, então fazia lá, não sei o quê então e dava a informação… Surgiu muito trabalho, vai ser difícil pra caralho, afinal é segunda, todo mundo tomou na bunda… Fiz algumas coisinhas assim, e fiz lá o soneto. E as pessoas já liam aquilo e já riam… “Que legal”, é a mesma coisa, eu poderia informar “Gente, a pauta está fechada”, ou fazer aquilo, quando eu fazia aquilo a pessoa entendia que a pauta foi fechada, e ainda tinha uma pequena diversão digamos assim, né? Então quando eu faço esse soneto que não precisava ser feito, não é a maneira mais objetiva de fazer aquela comunicação, mas eu estou treinando e aí é isso, o bilhete pra namorada, cada coisinha que a gente faz a gente vai treinando a pura, e aí quando vem uma necessidade, “Opa, temos um problema pra resolver”, tá… Agora eu estou treinado e vou tentar imaginar soluções que nunca foram vistas para esse problema.


– Legal…


E paramos por aqui a primeira parte da nossa entrevista… NOW!


(Música)


Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um episódio (AAAHHH) mas na segunda feira que vem tem mais (EEEHHH).


E se você ainda não faz parte do BallasCast, que é o grupo que tem lá no Facebook, entra lá. Porque lá eu deixo coisas exclusivas, eu vou deixar o material do Felipe Agnoni, da Perestroika pra você dar uma olhadinha e outras coisas mais.


BallasCast no Facebook, entre se você quiser, se não, não entre porque você é livre.


E vamos agora ao nosso momento merchan…


“Ballas eu queria ser mais criativo que nem o Felipe, mas eu não sei como exercitar a minha criatividade, como é que eu faço?”


É fácil, agora em julho lá na Casa do Humor, tem curso de improviso, com o Marcio Ballas… No caso, eu. De final de semana, sábado e domingo, tem curso de palhaço com a Bete Dorgan, sábado e domingo. E tem curso de stand up com o Nando Viana e Patrick Maia.


Quem quiser saber mais entra lá no casadohumor.com.br


É isso aí! Thank you very much


Çsefjswçkjdpjgisng


Alfhwejbfpdhfsg


Lwegfouwbljhvsf


Svbsifhvpisignpis


Sdkkvsngbslfv


See you next Monday


Bye bye…