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BallasCast – Episódio 79 – Entrevista com Felipe Anghinoni (Final)

EPISÓDIO 79 - ENTREVISTA COM FELIPE ANGHINONI (FINAL).


Senhoras e senhores, ladies and geeeeeeentlemans, madames et messieurs, guarda costas e guarda costos, está começando mais um…


BALLASCAST!!!


MÚÚÚSICAAA!!!


Olá, olá, olá, seja bissalmente bem-vindo ao BallasCast. Se você está vindo pela primeira vez, welcome… Se você está vindo pela quarta vez, welcome quarta vez again… Se você ouviu todos os podcasts, você mora no meu heart.


E se você mora em São Paulo, já deve saber, mas eu vou falar de novo, porque o meu solo está em cartaz, lá no Teatro Eva Herz, está muito legal… É um solo que mistura texto, improviso, histórias da minha família.


É um solo que eu demorei dois anos e meio para fazer, eu estou muito feliz e você que está ouvindo tem que ir lá assistir.


E vamos agora ao final, a quarta parte da nossa entrevista, com ele que é professor, educador, pensador, triturador, adestrador, mestrador, um dos criadores da Perestroika, que é a escola mais legal de criatividade do Brasil, eu acho… Junto com outras aí que deve existir, mas eu acho muito, muito, muito legal lá…


Então vamos receber, pela ultima vez – ai que tristeza – o nosso convidado de hoje, palmas para ele, Felipe Anghinoni.


(Música)


Entrevista com Felipe Anghinoni (Parte Final)


(Música)


– Felipe Anghinoni, novamente aqui conosco, eu queria já começar de um curso que eu comprei, fui aluno, que eu achei incrível o que você fez, online também, né? Está na Perestroika online, que chama-se “Onde está a graça?”, esse é nome do curso, acertei?


– Onde está a graça?


– Onde está a graça? O que que você fez nesse curso, e porque que você quis fazer?


– Cara, eu sempre fui um, eu sempre gostei de coisas engraçadas. Quando eu era pequeno toda segunda feira tinha , Programa do Jô, na Globo, depois da novela, e na quarta feira tinha Chico Anísio


– Sim…


– E aos domingos Trapalhões


– Sim…


– Então desde aquela, daquele momento, eu comecei a gostar do Loucademia de Polícia XIII, eu gostava de ver filme de comédia, tive a oportunidade de morar nos Estados Unidos quando eu era adolescente, meu pai foi estudar lá e eu tive a oportunidade de ir com ele e toda a minha família foi… E aí vi, conhecia o formato de stand up, né? Assistindo na TV, achei super interessante, então via isso, e aí lá, no começo da Perestroika, em 2001, eu e meu amigo viajamos para a Califórnia e a gente foi num show de stand up, “Vamos lá, que é um negócio legal”, e aí quando a gente voltou, a gente “Puta, dava para fazer e tal”, aí ele “Deixa eu te conectar com um amigo da minha mulher que está começando a fazer isso, deixa eu te conectar com o Rafael“, que era o Rafinha Bastos


– Ah olha, O Rafinha que foi um dos precursores do stand up… Muito legal…


– Pelo menos dessa, desse novo, né?


– Sim…


– Dessa onda que pegou mesmo, né?


– Sim, sim…


– E aí a gente conversou “Cara, eu estou pensando em fazer stand up”, “Cara, eu  estou aqui em São Paulo, querendo fazer stand up também”, não sei o quê… Daqui há pouco ele “Meu, não consigo mais te responder porque eu comecei a fazer aqui”, e estava rolando, então gostava… Até em 2008, 2009, fiz um grupo de stand up, aqui no Rio Grande do Sul, junto com o Léo Prestes, que é um amigo meu, e o Nando Viana, que depois seguiu isso aí, virou um puta cara nacional disso…


– Que legal…


– Então sempre foi um interesse meu… Lá quando começou a Perestroika, em 2007, eu dava uma disciplina de referências criativas, e falei “Ah, vou montar uma aula sobre humor”, né? “Vou montar uma aula de stand up”, e aí comecei a trazer, estudei um pouco, aí fiz um stand up de cinco minutos para começar a aula, primeira vez que me apresentei de stand up, mas era só uma brincadeira, e aí eu fui, os alunos me deram feedback e aí eu fui estudando, fui vendo e tal, e aí eu tentei me dedicar a responder uma pergunta, que é “O que que fazem as pessoas rirem?”


– Ótima, puta… Ótima, ótima…


– O que faz as pessoas rirem? Quais são as coisas, quais são os pequenos traços, que fazem as pessoas rirem? Como se fossem os ingredientes, né? A gente, de repente vai comer um risoto e vai falar “Ah, estou sentindo o gosto do alho, da cebola, da calabresa”, né? O vinho lá, está bem equilibrado… Então eu não queria entender os fenômenos psicológicos, o que que acontece na cabeça da pessoa, não! O que que tem de comum que a gente, que faz as pessoas rirem? E aí comecei a ver um monte de coisas, tem lá no material de pesquisa, vi memes, filmes, vídeos, textos, adesivos, camisetas, e comecei identificar padrões “Puta, mas olha só como isso aqui, essa piada desse filme é parecido com aquela daquela música… Olha como essa camiseta tem a ver com aquilo ali”, e comecei a agrupar porque eu comecei a chamar de “os gatilhos do humor”…


– Legal…


– São gatilhos que quando eles estão presentes, muitas vezes as pessoas riem. E aí no começo eu identifiquei quatro, depois eu falei “Não, bem mais que quatro, são nove”. E aí depois apresentava e os alunos falavam “Não, e tal coisa…”, “Pô, tal coisa tem sentido, eu não tinha pensado”, aí eu fui indo, cheguei em dezesseis, BUM… Depois de nove anos fazendo esse estudo, que não era estudo assim que eu ficava numa sala, eu pensava, passava um dia, passava um mês, olhava, alguém me mandava eu começava, falei “Cara, tem 25 gatilhos”.


– 25 gatilhos, né? Caramba!


– E aí agrupei esses 25 gatilhos em 5 módulos e criei um mapa do humor, que seria tipo uma tabela periódica, que ao invés de agrupar elementos químicos, organiza elementos humorísticos…


– Sensacional!


– E aí montei esse conteúdo, comecei a fazer aulas em alguns cursos sobre isso, vi que tinha fundamento e falei “Não, eu quero montar um curso só disso”, então é um curso onde eu apresento o que na época, eram nove anos de estudo. E eu apresento esses 25 gatilhos aí, organizados em 5 grandes módulos.


– Muito legal. É muito gatilho, mas eu queria que você desse alguns exemplos o que você acha que são, nem precisa ser os mais importantes, mas assim, que dá um exemplo para o cara que está ouvindo, que é uma pergunta que me fazem muito. “Ai Ballas, como é que faz para ser engraçado, como é que faz para rir?” então o que que você, ou os módulos, me dá uns exemplinhos assim para o cara que está ouvindo pela primeira vez isso aqui.


(Música)


– Tem uma parte que eu gosto muito que é a parte que eu chamo de “Gêneros” ou “Estruturas Narrativas”, então este é um dos módulos, e ele se refere a quando a gente tem uma piada, quando a gente tem uma história, começo, meio e fim, né? É diferente do cara que estava descendo do ônibus, escorregou… Essa é uma forma de humor mais básico, menos narrativa. Quando vem narrativa? Quando é uma piada? Uma piada é quando eu quero dizer que é o humor transformado em história, a metáfora que eu faço é assim, a mesma coisa quando a gente vai ver um filme, qual é o gênero do filme? Ah, é terror? É comédia? É drama? É suspense?


– Faroeste…


– Guerra, né? Então têm vários! Então tem uma piada, tem um estilo que é o de literalidade. Então, o de literalidade é quando tem algum elemento literal na história, a questão de entendimento literal é importante, que é, por exemplo, vou dar um exemplo básico… Qual é a piada do pinto? Não sei! Pio! Então a graça daqui é… Qual é a piada do pinto? E aí a pessoa acha, ah ele vai contar a piada do pinto… Qual a piada do pinto? Pio! Porque pio é uma piada, né? Uma piada no sentido do pinto piar…


– Aham…


– É pavê ou pacumê?


– Sei…


– Piada de literalidade, e tem formas que vão ser mais rebuscadas. Então tinha um quadrinho da MAD, lado irônico de Dave Berg…


– Sei…


– Que tem uma mulher toda sensual, toda languida, e ela olha e ela aponta meio assim, para a blusinha dela e fala assim para o cara “Quer ver onde que eu fiz a minha operação de apendicite?” e aí o cara faz uma cara de tarado “Claro, claro, quero”, e aí no próximo quadrinho ela aponta para a janela e fala “Foi naquele hospital ali”. Então apesar da gente ver, obviamente que a narração dessa piada não é tão engraçada quanto ver…


– Sim, sim, sim…


– Mas a gente vê que a piada do pinto é infantil , a piada do pavê ou pacumê é uma coisa meio de tiozão, mas a piada do Dave Berg já é mais elaborada…


– Sim…


– Mas todas elas tem uma questão, que é o literal, é o entendimento literal, então piadas de português tem muito disso, né? Que o português está indo no Rio de Janeiro e aí chega o ladrão e fala “Pare”, aí o português vira pra ele e diz “Ímpare”, aí o assaltante “Pô meu, não tá vendo que eu tô te roubando?” “Ah, se estas a roubar não jogo mais”. Então essa é uma, digamos, um caminho… E a gente encontra piadas boas e ruins aí dentro, mas a questão literal é um gênero, é como se fosse o faroeste, né?


– Muito legal, eu lembro de um, eu não sei se ele é classificado em gênero… Mas eu achei muito legal, porque eu vi que foi você que inventou até o termo, você falou alguma coisa do tipo “SBT”…


– Fator SBT…


– Fator SBT, o que que é isso?


– Cara, o fator SBT é, sabe quando a gente vê um negócio que é tão ruim que é bom?


– Sei, sei bem, trabalho nisso bastante…


– Então as vezes a gente tá lá olhando, tem uma novela mexicana e a gente sabe que é tudo muito ruim, mas a gente fica assim, fica rindo daquela tosquice, então é um fator meio tosco, meio a vida real, que o SBT eu acho que tem um pouco disso, né? A gente olha a produção do SBT, da epoca que eu era criança, a gente vê que era uma segunda qualidade em relação a Globo, entendeu? A estética era mais brega, digamos assim, e o “Fator SBT” tem muita linguagem das duas…


– Sei, sei…


– Tu te lembra do programa “Aqui, agora”, que tinha o Gil Gomes?


– Que era um noticiário de policial?


– Tipo Datena..


– Sim…


– Policial, “E aqui o meliante e não sei o quê”, e vinha e tal, então eu acho que, sabe quando tem muito meme que rola isso “o bom do Brasil é o brasileiro”, e aí sai uma foto que é uma pimenta que tem lá no mercadinho no interior escrito “pimenta ardência no rabo”…


– Sei…


– Sabe?


– Sei, sei…


– Ou sei lá, um lugar muito tosco, uma casinha quase de pau a pique no interior, né? Sei lá, de um lugar muito desprovido dessas regiões, tipo Norte e Nordeste, você vê que está lá no interior do interior… Aí tem lá uma placa do MC Donald’s que ou o cara achou no lixo, ou ele pegou de algum lugar…


– Sei…


– E ele colocou lá, e pôs MC Donald’s, então é essa coisa meio vida real sabe?


– Sei, eu passei numa loja “Engenheiros do Açaí”, uma loja de açaí em Porto Alegre, sei lá… Muito legal, então o cara pode comprar esse curso na Perestroika online, aliás esse curso está com o preço, tipo, está quase de graça. Custa, 100 reais? 80 reais?


– Cara, está muito barato, custa 87 reais…


– 87 reais…


– É um curso de bastante horas de vídeo, umas 10 a 12 horas de material, é um curso que está bem produzido, acho que está um valor super democrático, super honesto assim, dá pra fazer, paga em vezes, e é só procurar lá no perestroikaonline.com.br, ou entrar no site da Perestroika, ou procurar “Onde está a graça?”, se você está procurando a graça, procura no Google “Onde está a graça?”


– Você vai achar…


– Que você vai achar!


– Eu acho muito legal, porque as pessoas querem muito, você fez uma coisa que eu acho que ninguém fez, eu nunca vi, tanto que eu fui, me inscrevi de aluno mesmo, que é ir atrás da teoria, do que que tem por trás, do que que, ele dá um exemplo, você põe vídeo, você põe piadas, você põe memes, e analisa estruturalmente, então acho que você que está ouvindo e se interessa… E não é que você que quer ser comediante, acho que isso também é muito legal e bem, é legal deixar claro, é para QUALQUER PESSOA QUE QUEIRA ENTENDER SOBRE HUMOR, entendeu? Então não precisa entender… Você não precisa querer ser comediante nem nada, não é um curso para comediantes, muito pelo contrário, é para qualquer pessoa, procede?


– Para qualquer pessoa, ele não é um curso que você, se você quer ser comediante não é um curso que vai te deixar engraçado, né?


– Sim, também você fala isso no começo! Que é legal!


– Não é um curso de prática, ele é um curso de quem gosta de humor, de quem gosta de rir, então já teve vários advogados, professores, médicos, gente que gosta do gênero, gente que quer saber mais, é uma coisa que ajuda, né? De uma certa maneira também estraga, porque depois disso você começa a ver uma esquete, começa a ver uma peça, e já começa a falar “Aqui ele usou tal gatilho, ah, aqui eu acho que ele vai usar tal”, e as vezes acerta, então é como se a gente enxergasse um apartamento e conseguisse enxergar a planta baixa dele, né?


– Sei…


– Mas pô, é realmente aberto pra qualquer um que se interessa, agora… Se não gosta de humor, vai tomar no cu….


– Vai tomar no cu, né? Não estaria ouvindo isso aqui! Para a gente encerrar eu queria que você me falasse qual o seu sonho, Felipe Anghinoni. Você pode realizar o seu sonho, você só tem um, então um gênio, TAAAAM, você tem um sonho, claro, pode englobar um monte de coisas, você pode se imaginar, assim, é como se “Ah eu me imagino tal, tal, tal, fazendo tal coisa, e ter feito isso e estar fazendo isso”, o que que vem de primeira também, não é para…


– Certo! Cara, eu queria pedir pro gênio para perder esse sentimento que eu tenho vária vezes, de “ai, não sei se vai dar certo”…


– Uau…


– “Ai não sei, acho que isso aqui, acho que agora não sei se vou conseguir resolver”


– Caraca!


– “Ah, eu acho que… Não sei… Tô com medo”, eu queria não ter mais esse sentimento, eu queria… Sabe tipo assim, Michael Jordan recebe uma bola para bater um lance livre, ele não fica cagado naquela hora, ele fala “tá, eu vou acertar, já treinei essa porra”, e de vez em quando ele até pode errar, mas na hora que ele arremessava, ele não tinha insegurança, eu queria atingir esse ponto da confiança. É aquele ponto da confiança, que não é a confiança prepotente, mas a confiança “cara, vai dar certo, eu sei que vai”. Eu queria pedir para não ter mais essa sensação…


– Uau… Gostei dessa… As pessoas querem dinheiro, as pessoas querem imóveis, as pessoas querem coisas de Nova Iorque, Paris, mas não… Ele só quer ser destemido, até porque destemido se consegue tudo, né?


– Consegue todo o resto… Exatamente!


– Felipe Anghinoni, senhores e senhores… PAAAAALLLMMMAAAASSSS!


(Música)


Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um episódio (AAAHHH), mas na segunda feira que vem tem mais (EEEHHH).


Thank you very much… junfiasopjspgpihrpgv


Facebook, entra lá, please, por que o grupo está muito legal…


And thank you


Mnhjgpirshçskgnsçrh


Sçelgjowsjho


Slljhordjhodr


Bye bye!