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BallasCast – Episódio 84 – A Revanche dos Atores

EPISÓDIO 84 - A REVANCHE DOS ATORES.


Senhoras e senhores, ladies and gentleeeeeemaaaaaans, madames et messieurs, congressistas e congressistos, está começando mais um…


BALLASCAST…


MÚÚÚSICAAA!


Olá, olá, olá, seja calabresamente-vindo ao BallasCast, welcome for you the fisrt time, e re-bem-vindo você que está voltando aqui e não é o seu primeiro BallasCast. No episódio de hoje, vou voltar às antigas, vou voltar aos primórdios, vou voltar onde tudo começou.


O ano é 2001, a cidade é Curitiba, e o episódio começa N-O-W!


 


A REVANCHE DOS ATORES.


(Música)


Para quem me acompanha no BallasCast sabe que em 1997, quando eu tinha 26 para 27 anos de idade, eu larguei tudo para tentar ser palhaço profissional. Acabou que eu fui para Nova Iorque, acabei indo para a França, se você não ouviu isso, ouve nos podcasts anteriores, voltei ao Brasil e eu estava começando a minha carreira como palhaço profissional e ia rola o festival de teatro de Curitiba.


O Festival de Teatro de Curitiba é o maior festival de teatro do Brasil e eu me inscrevi para apresentar um espetáculo de rua que eu chamei de “Mi Casa, Su Casa”, meu espetáculo foi aprovado e lá fui eu para Curitiba para apresentar o meu espetáculo.


Vou voltar mais 4 anos, esse show era um solo de palhaço, era um solo de rua. E eu criei ele, na França mesmo, um dia eu fui convidado para fazer uma apresentação num festival de Mobilie Ustensiles Cotidiene, um Festival de Mobiliários e Utensílios Cotidianos, era um festival de arquitetura de objetos de design e eu falei “Poxa, o que que eu posso fazer, alguma apresentação aqui”, e eu tive a ideia de fazer um espetáculo onde as pessoas eram os móveis do espetáculo, onde as pessoas eram as coisas do espetáculo. E eu bolei todo o espetáculo em cima disso, e acabou que ficou legal, e eu resolvi em Curitiba, pegar essa mesma ideia apresentar na rua, no Largo da Ordem, que é uma praça que é central em Curitiba.


O Festival de Teatro de Curitiba é um festival que muita gente vem de todos os lugares do Brasil, então os espetáculos de rua sempre têm bastante público. Não porque as pessoas me conheciam porque eu era um reles desconhecido, mas porque as pessoas estão andando na rua, vendo a programação… É de graça obviamente, então todo mundo gosta de ver coisa de graça… Então já no primeiro dia tinha um público que tinha umas 500 pessoas, o que acho que talvez era o meu maior público. Fora o Palhaços Sem Fronteira eu nunca tinha apresentado para tanta gente.


O espetáculo foi muito legal, no segundo dia, muita gente que viu o primeiro dia voltou para ver. Mesmo que era o mesmo espetáculo, como tem muito improviso, muita coisa com público, as pessoas voltaram… Então devia ter umas 600 pessoas, e no terceiro dia, acho que tinha umas 800 pessoas.


Quase bateu 1000 pessoas num show de rua.


Então era muito legal, tinha gente por todos os lados, eu fazia um solo na companhia de um músico, e era muito, muito, muito bacana, muito divertido e tal…


O espetáculo começou, no início eu faço uma interação com o público, brinco, jogo e tal, e como funciona? Qual a ideia do espetáculo?


A ideia é que eu vou chamando pessoas do público para serem a minha casa, por isso que ele chama “Mi casa, su casa”, então eu chamei a primeira pessoa do público. “Qual o seu nome?”


Adriana. “Adriana, coloca a mão assim, faz assim, faz assim, abre pra cá, pra cá… Senhoras e senhores, essa é minha porta… Palmas”.


Então a menina foi ser a minha porta. E eu explicava “Olha, quando eu bater aqui, você vai fazer o barulho da porta, toc-toc, quando for assim você vai abrir… Tal, tal, tal, tal, tal, tal…”


Então essa ia ser a primeira.


Depois escolhi uma segunda pessoa para ser o mancebo, expliquei para ela “Você vai ter que ficar nessa posição, vai ter que fazer assim, tal, tal, tal… Senhoras e senhores esse é meu mancebo”. Depois escolhi uma terceira pessoa, coloquei a mãozinha dela em cima assim, abertinha, coloquei a mão fechada embaixo, “Senhoras e senhores, esse é o meu chuveiro”


Então explicava para ela onde ligava e desligava e tal, chamei uma quarta pessoa, “coloca as mãos abertas assim, ajoelha… Você vai ser a minha televisão… Televisão ligada, televisão desligada, vamos ver a programação”, ele fazia.


Então a gente ensaiava um pouquinho cada um deles, porque eu ia montando a casa aos poucos. Então só faltava eu chamar meu quinto e ultimo voluntário. Dei uma olhada no público e vi um cara que estava com uma cara muito boa, estava com o olhar aberto, a gente quando sabe que as pessoas estão gostando escolhe as pessoas que estão gostando, obviamente. Então chamei ele ao palco…


“Ah, tudo bem, como é o seu nome?”


Ele falou “Sérgio“.


“Ah, Sérgio… Que legal! Sérgio o que que você faz?”


“Ah, eu trabalho em um jornal”.


“Que jornal você trabalha?”


“Eu trabalho na Folha de São Paulo


“Ah, que bacana… O que que você faz lá no jornal?


“Ahn, eu escrevo!”


“Eu sei que você escreve, todo mundo que é jornalista, trabalha na Folha de São Paulo, só pode ser… Mas você escreve o que?”


Ele ia enrolando assim, parecia que ele não queria muito responder… Aí ele falou “Ah, eu escrevo as críticas de teatro”


OI?


Silêncio na plateia….


“Como?”


“É, eu escrevo as críticas dos espetáculos de teatro”.


Silêncio no público. Sem querer, por acaso, por esses encontros do universo, eu peguei o crítico de teatro da Folha de São Paulo para fazer parte do meu show de palhaço. Aí ficou aqueles segundos assim, “Ahaaaan quer dizer que você que fala mal da gente, né? Ahan, quer dizer que é você que fica escrevendo aquelas coisas que as vezes ferram a gente, não é?”


E as pessoas riam, e ele ria… Ele estava super a vontade assim, um mix de constrangido, mas assim dava para ver que ele, não é que ele estava me odiando, se ele quisesse ele podia sair obviamente, mas ele estava assim, participativo e colaborativo, digamos assim. E aí eu li no crachá dele, realmente estava escrito, Sérgio Sálvia Coelho, crítico da Folha de São Paulo, e pelo nome, quando eu li o nome eu lembrei também porque era um cara conhecido, é um dos poucos caras que criticava teatro e tal, e estava lá no Festival exatamente para isso. Não sei porque, não sei de onde, tem tantas, milhares de peças no festival, tem amostra oficial, tem os espetáculos que vão nos teatrões, não sei porque, não sei da onde ele tinha parado no meio daquele espetáculo de palhaço.


(Música)


Bom, mas crítico ou não crítico, não importava para mim, eu tinha que continuar o meu espetáculo com o roteiro que era o roteiro mesmo do espetáculo, eu não improvisei, eu não inventei algo novo, vocês vão entender o que eu estou falando… Porque era parte do roteiro mesmo, já era o que eu ia fazer mesmo, então eu pedi para ele, falei…


Sérgio, então faça o seguinte. Por gentileza, se coloca assim, imagina Romeu e Julieta. Imagina que está a Julieta aqui na sua frente e você tem que se ajoelhar com uma perna só, como se você estivesse ó Julieta, tal, tal, tal…”


E foi assim, super fofo, o público bateu palmas, ele foi ótimo.


Aí eu pedi assim “Congela! Então para assim, isso… Um joelho no chão e um joelho levantado… E agora junta as duas mãos uma com a outra alto assim…”


Aí ele juntou as mãos uma com a outra, aí ele ficou parado nessa posição, aí eu falei “Senhoras e senhores, essa vai ser a minha privada.”


As pessoas começaram a rir, as pessoas estavam desacreditando, porque de uma hora para a outra o crítico do maior jornal, que estava lá, do país, estava fazendo a privada do show do palhaço.


Era a total inversão dos papéis naquele segundo, naquele instante estava o mundo ao contrário. E ele riu e tal, ele não sabia nem o que ia acontecer, porque nesse momento todo era a preparação dos personagens.


Então uma vez que esse quinto personagem estava posto, coloquei todo mundo na sua posição. Em primeiro lugar tinha a porta, depois disso tinha o mancebo, depois disso tinha a televisão, na sequência o chuveiro e depois a privada. Todos a postos… OK…


“Então agora”, eu falei para o público “vai começar a nossa cena… Um… Dois… Três… Ação!”


E tudo isso era encenação.


Aí eu comecei… “Bom, estou voltando aqui do supermercado… Bom… Ixi… Esqueci a chave de casa, deixa eu bater na porta”, e a porta fazia toc-toc-toc, aí todo mundo ria… Aí eu abria porta, a porta abria, eu fechava a porta, aí ele fazia o barulho da porta fechando, aí eu falava “Ah, deixa eu colocar as minhas coisas aqui nesse mancebo, abaixa a mão aqui mancebo”, aí o cara abaixava a mão, eu falava “Nãããão, mancebos não mexem, vamos tudo de novo!”


Aí voltava tudo de novo, toc-toc-toc, abre a porta, e aí a porta abria, barulho da porta, aí vinha “deixa eu colocar minhas compras aqui. Mancebo abaixa a mão”, aí ele não abaixava, ele entendia a brincadeira. Aí pendurava um negócio, pendurava mais um negócio, pendurava um negócio, um monte de negócios nele tal, tal, tal… Aí uma hora eu falava assim “Ai, que dor de barriga”, aí olhava para o crítico ali, em posição de privada ali, todo mundo ria, rachava o bico, aí eu falava “Passou, passou… Sorte a sua passou…”


E aí continuava, “Ah, agora deixa eu ver uma televisãozinha, deixa eu ligar minha televisão, deixa eu ligar num jornal, vamos ouvir o Jornal Nacional… Aí eu ligava e o cara fazia “Boa noite, agora vamos ouvir a notícia”… “ah, não, não… Vou mudar eu quero um desenho, “hei Tom, onde você está, hei Jerry eu estou fugindo de você” ah não gostei desse vou mudar para a novela”, “José Carlos, eu preciso te contar uma coisa, eu sou a sua mãe”, aí todo mundo ria vendo a novela, vendo a TV assim, e aí “Ai, bateu uma dor de barriga, agora é sério gente”


Aí ele lá com aquela cara, ah não, aí passou, passou, graças a Deus passou… E aí fui fazendo, brincando, brincando, e aí depois eu pegava um público inteiro… “Nossa estou ouvindo um barulho de vento aqui” aí todo o público fazia…. “Parece que tem um estádio de futebol aqui”, aí todo mundo fazia, “olha a ola”, para o publicão inteiro participar, eram 800 pessoas ali, alucinadas e tal… Depois ia para o chuveiro, eu peguei uma garrafa de Coca Cola, cortei ela na metade e fiz como se fosse o suporte, a base do chuveiro, então o cara ficava com ela levantadinha e aí eu colocava água assim, e pingava água em mim e pingava água no cara também, que era muito legal, o cara se molhava um pouquinho eu me molhava, e tomava minha ducha, tal, tal, tal, e aí terminava e falava “bom, acho que está terminando, mas eu preciso ir ao banheiro”, e as pessoas “AAAAAAAHHHHHH.”


Cada vez que eu mencionava o banheiro as pessoas entravam em polvorosa, as pessoas estavam loucas, loucas, loucas, então finalmente eu tive que ir ao banheiro, ele estava lá, fiquei na dúvida do que eu fazia, do que eu fazia, então eu fiz só um xixizinho assim, “Ah, vou fazer um xixizinho”, que já era engraçado tal, tal, tal… Aí ele fez o barulho da descarga, ele foi ótimo, ele jogou muito bem, ele foi muito bacana e muito colaborativo mesmo, né? Aí ele fez o barulho da descarga tal, tal, tal… E aí eu falei “Pra mim estava bom”, só que o público estava muito louco, e as pessoas começaram “ah, tem que sentar… Senta, senta, senta, senta”, a massa pediu, e a voz do povo é a voz de Deus, então eu saí do banheiro e falei “Ah não, a dor de barriga voltou, infelizmente a dor de barriga voltou então eu vou ter que realmente fazer o numero 2”.


As pessoas “EEEEEEEHHHHHHH”, e aí eu fui me aproximando na direção dele, e aí o músico… Aquela música meio de tubarão, meio de suspense… Oh my God… Ele ria falando assim, dava para você ler nos olhos dele falando assim “meu, onde é que eu me meti, tô a meia hora aqui nessa posição, com o joelho no chão, da rua, no meio da rua, 800 pessoas, né “, aí fui até lá, falei…


“Bom, senhoras e senhores, vamos ao momento histórico, depois de milhares de anos, chegou o momento dos atores cagarem na crítica”, as pessoas assim, estavam loucas, loucas, loucas assim, né? E era realmente uma situação curiosa, assim, né? Porque eu não estava sacaneando, não foi de propósito, aconteceu, acaso colocou a gente lá, e era o que acontece muito com o palhaço, né? De ele fazer essa inversão de papéis, né? O palhaço é aquele que pega o presidente, pega… Ele brinca com as autoridades, ele brinca com o poder, né? E lá estava com o máximo do poder, de certa maneira, de quem tem o poder de elogiar, de criticar, de levantar ou acabar com o espetáculo e tal…


Então as pessoas “EEEAAAAHHH”, aí eu sentei assim nele, as pessoas bateram palmas, clapt, clapt, clapt… Fotos para todos os lados, aí brinquei, fiz meu cocô nele, foi meio constrangedor assim, engraçado… Aí sentei, sentei, aí falei “Ah, vou ficar um pouquinho mais, está gostoso”, realmente sentei na perna dele do jeito obviamente que não o machucasse, e falei “Bom, agora acabei… Ixi, não tem papel”, e eu lembrei da musiquinha, “Jingle bell, jingle bell, acabou papel” e o público falou “não faz mal, não faz mal limpa com jornal…”


Quando a gente falou isso alguém falou “Eu tenho jornal, eu tenho jornal”, alguém do público, aí eu falei “Opa, tem jornal”, fui buscar… E era por um acaso, por sorte o cara tinha a Folha de São Paulo, o jornal mesmo, não era um jornal qualquer, um jornal de Curitiba, e aí eu falei “Gente, uma Folha de São Paulo“, as pessoas assim, alucinadas assim, estava muito, muito, muito catártico, então ele fofinho, humilde, ainda se delatou, ele vira para mim e fala “Tem uma crítica minha ali na parte da Ilustrada”, e aí eu falei “Não, não, então para, para…”


Abri o jornal e fui lá, procurei, procurei, achei, peguei a crítica dele “Senhoras e senhores, o crítico”, aí rasguei a crítica dele em vários pedaços, e as pessoas “AAAAAAHHHHHH”, aí passei, limpei na bunda “AAAAHH”, obviamente não na bunda, né? Na roupa por cima, mas obviamente fakeando assim, fazendo a cena acontecer, e as pessoas catarses total, “E esse foi Mi casa, su casa senhoras e senhores, obrigado”.


(Música)


Bom, final da história é que esse dia foi o maior chapéu que eu já ganhei na rua em toda a minha história, quer dizer, as pessoas deixaram grana, que era um espetáculo que não tinha cachê, era chapéu mesmo. Então eu passava o chapéu, as pessoas deixavam grana mesmo, então foi um espetáculo rentabilíssimo, né? Ganhei uma graninha na rua, no final conversei com ele, falei com ele obviamente, não pedi desculpas porque eu não acho que fiz nada de errado. Mas falei assim, gentilmente “Ah, Sergio era uma brincadeira, tá?”


E ele falou “Imagina, achei muito legal, achei incrível, você tem uma relação incrível com o público, você joga muito bem com as pessoas, eu vou escrever inclusive uma crítica do seu espetáculo”.


Eu falei “Opa, espero que seja boa”, tal… E até hoje as vezes eu estou em Curitiba, ou mesmo em outra cidade, aqui em São Paulo, já aconteceu… Tem gente que eu encontro que me para e fala “Você não sabe, eu estava no dia que você pegou o crítico”, as pessoas que estavam naquele dia, elas lembram daquele espetáculo foi um espetáculo inesquecível.


Bom, eu guardei tudo, fui embora feliz da vida, deu dez minutos, toca meu celular… Era o Cassio Chamecki, que além de um dos meus amigos é um dos criadores do festival de Curitiba, e ele fala para mim com uma voz assustadora “Ballas, que que você aprontou?”


“Como assim?”


“Não, já está todo mundo falando que você pegou o Sérgio Coelho, e colocou ele no seu espetáculo, e meu… O que que você aprontou?”


“Ah, eu não fiz nada demais, o universo que deu esse presente para todos nós, eu apenas caguei na crítica, pura e simplesmente, mas foi só um dia só, foi só um momentinho só, foi só naquele dia só”.


Naquele dia aconteceu a revanche dos atores… Fim do espetáculo… E do episódio!


(Música)


Muito bem, muito bem, muito bem chegamos ao final de mais um episódio (AAAHHH), mas na segunda feira que vem tem mais (EEEHHH).


Só para deixar bem claro aqui, nestes tempos de polêmicas, que eu não tenho nada contra os críticos de teatro, nada contra a crítica… Pode escrever, pode fazer, pode falar, cada um é livre também, cada um faz o seu filtro também, é só que a história tinha esse lado peculiar e curioso, né? Que acabou acontecendo, então foi um grande presente que eu, o público, e ele também acabou ficando meu amigo, acabei cruzando ele várias vezes. É um cara muito bacana inclusive, escrevia boas críticas, então nenhum problema com a crítica dele em específico, nem com o jornal Folha de São Paulo, nem com o mundo, nem com o universo…


Afinal, como o palhaço tem esse olhar de olhar para todo mundo é igual, todo mundo é igual, o crítico, o presidente, o gari, o segurança, a enfermeira, o arqueólogo, todo mundo é igual, todo mundo é homem, porque somos todos humanos, e essa é a lição que temos para hoje, ou não.


E se você ainda não se inscreveu no grupo do Facebook chamado BallasCast, entra lá. Porque tem muitas coisas exclusivas, tem muitas coisas legais, eu coloco ingresso para o meu show “Bagagem”, que está rolando aqui as sextas feiras aqui no Teatro Eva Herz, eu dou ingresso para o show do Comedians, eu pergunto para as pessoas, então é um lugar que eu tenho acesso com as pessoas que gostam e querem ouvir as coisas que eu falo, dessa língua que eu tenho aqui dentro da minha boca.


Thankyou very much


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Bye bye!