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BallasCast – Episódio 88 – Andrei Moscheto (Improviso)

EPISÓDIO 88 - ANDREI MOSCHETO (IMPROVISO.


Senhoras e senhores, laaadies and geeeeentlemaaaans, artistas marciais e artistos marciouas, está começando mais um…


BALLASCAST…


MÚÚÚSICAAA!


Olá, olá, olá, seja dionisíacamente bem-vindo ao BallasCast, para você que está vindo pela primeira vez welcomeforthrfirsttimekhfgkbdkvm… Para você que acompanha a gente semanalmente, todas as segundas feiras, bem-vindo again-again-and-again!


No podcast de hoje eu vou falar de um assunto que eu gosto muito que é teatro. O improviso, o teatro e comédia, tudo misturado!


Eu estou aqui com ele que é professor de improviso, ele dá aula de improviso, ele tem escola de improviso, lá em Curitiba, ele dirige um grupo de comédia chamado Antropofocus, que é foda, e está fazendo 18 anos, olha que… Deve ser talvez o maior, o grupo mais antigo de comédia no Brasil.


Ele é ator formado, ele é formado em direção teatral, ele é dramaturgo, ele é marido de uma das melhores improvisadoras do Brasil, ele é faixa preta de Aikido, e hoje está aqui, presencialmente, recebam com uma salva de palmas… Andrei Moscheto!


(Música)


ENTREVISTA COM ANDREI MOSCHETO


(Música)


– Fala Andrei Moscheto, bem-vindo ao BallasCast!


– Obrigado Marcio Ballas! É um prazer estar no BallasCast! Um programa que eu escuto indo fazer meu treino de Aikido, toda terça feira…


– Você é ouvinte mesmo?


– Eu sou ouvinte! O BallasCast chega na segunda feira, na terça feira de manhãzinha eu estou indo, estou escutando toda semana, seus episódios!


– Sensacional! Bom, você é professor de improviso, que eu acho muito legal, porque como eu dou aula de improviso, eu vejo que você agora está produzindo materiais para a internet, falando sobre isso, então acho que vai ser muito legal. Para quem se interessa por improviso, por teatro, por comédia, porque você faz também um monte de coisas, eu já queria começar sabendo… Antropofocus, que é o seu grupo, eu assisti o seu grupo há 18 anos atrás… 17 anos vai, não era tanto… Então ele devia estar mais ou menos nos primórdios, não mentira, era um pouco… 14, 15… Mas eu fiquei muito impressionado, foi talvez o melhor espetáculo de comédia que eu vi na epoca, e ainda vocês eram novos… Me conta sobre esse grupo, rapidamente, e me conta essa coisa do vocês fazerem comédia, vocês fazerem improviso e vocês estarem no meio do teatro também, e como é que é isso?


– Então, a gente começou um grupo, porque a gente era um bando de alunos da faculdade e a gente queria fazer comédia, e ninguém na faculdade queria falar sobre comédia.


– Ninguém queria?


– Ninguém queria, as pessoas falavam “Não, comédia é URRRGGG, comédia é uma coisa UUUURRRGG”, e daí não tinha aula, não tinha nenhuma aula sobre isso, aí os alunos falaram assim, uma galera falou assim “Péra, então vamos fazer umas coisas a parte”, e aí a gente foi fazer umas coisas a parte. E daí um amigo meu inventou uma coisa na cidade dele, de Castro, no interior do Paraná, o Célio Sávio que é fundador do grupo, inventou que a gente ia apresentar lá, a gente foi lá apresentar as cenas que a gente tinha feito, fazendo aspas no ar, com a nossa “pesquisa”…


– “Pesquisa”


– Com a nossa “pesquisa” de comédia, a gente foi apresentar lá e foi um sucesso, a plateia delirando e ficou super feliz, e daí alguém no final dessa apresentação falou “Vocês não vão parar, né? Porque o que vocês estão fazendo é legal”, e daí a gente voltou animado para tentar fazer um espetáculo de comédia e assim surgiu esse grupo chamado Antropofocus.


– Antropofocus, que é um grupo de nome difícil que quer dizer alguma coisa ou é um nome engraçado?


– Ele é um nome que quer dizer alguma coisa profundamente, porque nós éramos alunos de faculdade na epoca, então veio esse nariz empinado nojento junto…


– Sei…


– Que quer dizer foco no ser humano, é só isso… Antropofocus… É só isso!


– Olha só você que está ouvindo… Cultura também, latim, grego, Roma


– Mas fazendo um parênteses aqui, tinha um integrante que na verdade sugeriu que a gente fizesse alguma piada de cu…


– Ah, não… Mentira!


– Para a gente batizar o nome, e daí nessa história de querer fazer piada de cu, eu falei “Péra, piada de cu é demais.”


– Não dá!


– E daí a gente… A gente é um grupo cabeção que no fundo está fazendo uma piada…


– Entendi! Você acha que no teatro ainda, o pessoal olha o improviso como sendo uma coisa menor?


– ACHO! EEEEEEEEEHHHHHHHH!


– É um clássico isso pelo mundo. Eu até acho que eu não sofri isso aqui em São Paulo, porque male-male a gente começou era novo, teve uma certa coisa interessante, acho que eu não sei, o meio teatral um pouquinho se interessou, nem sei dizer, eu não sofro isso. Mas eu sei que no mundo inteiro tem isso, e eu queria saber como que é lá para vocês…


– Olha, o que acontece… O que eu acho que acontece, em geral com a ideia que as pessoas fazem de improvisação, é que como elas acham que é uma arte de entretenimento rápido, feita no teatro, as pessoas confundem espontaneidade com falta de treino, e daí as pessoas acham que é uma coisa menor, que a pessoa está lá só fazendo alguma bobagem, que aquilo não tem o sacrifício que a gente sabe que tem para fazer, que sabe o quanto a gente sacrifica para estar preparado para estar lá. E o Antropofocus, enquanto grupo, ele está no pior viés de todos os preconceitos do universo.


– Uau! Conta isso! Porque?


– Porque nós somos um grupo de teatro focado em comédia, aí o pessoal de teatro acha que a gente é comédia, e o pessoa de comédia acha que a gente é teatro, então os dois grupos meio que olham a gente “ok, ok”, e daí quando a gente começou a fazer coisas, a gente no primeiro espetáculo, a gente já tinha um momento de improvisação, era tudo muito escrito, mas tinha um momento que a gente falava com a plateia…


– Sim, eu lembro… Eu vi este espetáculo! O que era o…


– “Amores e sacanagens urbanas”.


– Isso! Amores e sacanagens urbanas, vi e amei!


– E uma das sacanagens que a gente fazia com os atores era “Plateia, falem o que vocês quiserem que eles vão fazer na hora”.


– Sim!


– Isso em outubro de 2000, e daí a gente começou com esses exercícios de improvisação, até porque era assim que a gente fazia na sala de ensaio, a gente improvisava com os atores e através do improviso a gente criava as cenas que a gente acabava escrevendo, dirigindo, cortando, para apresentar no palco.


– Legal! Você já falou uma coisa interessante, que eu falo sempre, que é… Esse tipo de improviso mais contemporâneo, que a gente vê a improvisação acontecendo, nascendo, ele é contemporâneo, digamos assim, mesmo que também já tenha tido outras experiências na História, mas assim, o improviso dentro do teatro, e você está falando agora, dentro da comédia, ele é muito utilizado como recurso, né? Explica isso para quem não sabe, mas assim, como assim você está montando um espetáculo de comédia e num processo tem improviso, para que que tem? Para que que serve?


– Então, no nosso caso, no Antropofocus o que aconteceu foi, a ideia era que a gente montasse um grupo em que todos fossem colaboradores e criadores das cenas que fossem para o espetáculo, então em vez de alguém ir para casa, pensar uma cena, escrever e falar para os outros atores “oh, lê isso e a gente executa”, a gente começava desenvolvendo uma ideia em sala de ensaio, com qualquer coisa que os improvisadores, qualquer coisa que os atores tivessem de ideia, e depois a gente reformulava essa ideia para funcionar. Porque quando é feito de maneira improvisada, é divertido só pela loucura que é você improvisar na frente das pessoas…


– Sim!


– Só que quando você repete, repete e repete, repete e repete, e as pessoas começam a esquecer que aquilo é improvisado, aquilo começa a demandar muitas outras coisas da cena, então a brincadeira que a gente formulou, dentro do Antropofocus, sempre foi… A gente começa improvisando e agora a gente vai transformar isso numa ferramenta, vai transformar isso em uma cena para sobreviver ao palco.


– Legal! Então é um improviso utilizado, você falou bem da palavra, uma ferramenta para criação de uma cena, uma ferramenta para criação de personagem, uma ferramenta para criação de uma esquete, né?


– É, mas a gente se divertida tanto fazendo…


– Sei… Fazer uma que estava lá? Sim! Sim!


– A gente resolveu fazer no palco. Porque a gente falava assim “Nossa, é tão divertido fazer isso”, se eu sei que vocês no Jogando passaram pela mesma coisa, como a gente não fazia ideia de que isso era uma coisa difícil, a gente foi lá e fez, na frente das pessoas… 


– Sim! Sim! E aí as pessoas…


– Ninguém falou pra a gente “Nossa, o que vocês estão fazendo é muito difícil”, a gente simplesmente achava divertido e foi fazer.


– Nossa! Tem uma coisa que é também, a gente só foi descobrir depois, e vocês também, pelo que você está falando, que é… O público ao mesmo tempo que ele vê a dificuldade, o fato de ele ver que isso é muito difícil ser feito, ele está muito cumplice, então ele está torcendo… Ele sabe que você está no abismo, ele sabe, então ele está numa torcida cumplice, né? Então eu acho que isso é interessante porque isso ao mesmo tempo que aumento o nosso desafio, também é um pouco o que faz com que o público dê valor a isso, e as vezes uma coisa média, mas que foi feita na hora, ele gosta muito, porque ele fala “Nossa, vocês fizeram isso agora”, né?


– E tem o carinho também, né? Porque se você começa com alguma coisa que vem da plateia, né? Quer dizer, a plateia é a ORIGEM da cena que acabou de nascer, então a plateia vai achar divertido até pelo fato de que ela participou de todo o processo, desde o início, ela estava lá! Então, e ela vai sair daquele teatro falando assim “Ah, hoje aconteceu a piada em cima de um marceneiro, porque eu falei! Eu tenho um vô marceneiro e eu falei para eles e eles fizeram… Ai que legal!”


– Isso!


– Então tem todo esse jogo com a plateia que é muito bonito!


– Isso é muito legal, o que você está falando. E para você que está ouvindo, ou que acompanha o BallasCast, ou que sabe um pouco de improviso, acho que é uma das coisas bem interessantes e peculiares do improviso, né? Que é, o público ele é co-criador do espetáculo, nesse sentido de que ele realmente, ele é parte do espetáculo, não só porque ele veio assistir, obvio que sempre que o cara vem assistir ele é parte, eu digo assim… O fato de ele dar um título, ele escolheu o marceneiro… Opa, então ele vê que ele participou dessa criação… Ele deu “Ah”, quando a gente pede “falem um lugar”, e o cara fala “Um parque”, ele percebe que a cena foi criada num parque, então ele fala “Nossa, eu ajudei a escrever”, então ele é uma espécie de dramaturgo, uma espécie de co-autor dessa peça e ele se sente muito envolucrado, eles falam em espanhol, né? Ele se sente engajado na história, né?


– E a gente apresentava em teatros, os Antropofocus se apresentava em teatros nessa epoca, em especial, a gente apresentava em lugares que tinham, 100, 200 lugares, ou seja, quando alguém dá a sua sugestão, todo mundo do teatro olha para essa pessoa, então a alegria dessa pessoa de ser ouvido na frente de 200 pessoas já é metade do processo da alegria dessa pessoa de estar participando de tudo.


– É, legal! Super!


(Música)


– Como você definiria o improviso em uma palavra? Tem que escolher só uma palavra…


– Só uma?


– …uma palavra, eu sei que é difícil, eu sei que ele é sintético. Sempre que eu pergunto dá um silêncio, por isso que eu estou enrolando um tempo assim, mas você não, você já tem uma palavra… Como é que você definiria?


– COLABORAÇÃO!


– Colaboração! Olha, eu perguntei algumas vezes e nunca veio essa…. Colaboration! Agora explica, why?


– É porque na verdade não existe NADA de improviso que surja sem o impacto e sem a dimensão de alguma outra coisa.


– Uau! Bonito!


– Mesmo sozinho…


– Sozinho…


– Mesmo sozinho… Porque eu acho que quando um improvisador começa a ter uma ideia, e ele tem a ajuda da plateia, existe esse impacto inicial que é a ajuda da plateia, que acaba movendo ele a fazer alguma coisa…


– Sim!


– Quando ele está com o parceiro, o impacto surge no parceiro que rebate para ele, então a gente acaba colaborando em alguma ideia, quando você está sozinho e você está treinando para isso, muitas vezes você usa alguma coisa recente da sua vida que você leu, que você sentiu, que você fez, para impactar em você e poder ir para frente. Então eu acho que colaboração faz parte no âmago da improvisação em qualquer formato.


– Legal! Sensacional! Achei ótimo! Gostei muito dessa coisa, até porque as pessoas falaram várias coisas até hoje, já falaram sobre ESCUTA, foi uma das respostas, outra resposta foi o JOGO, outra resposta foi AQUI AGORA, mas COLABORAÇÃO é a primeira vez! Vou fazer perguntas para você que as pessoas me fazem, como você é professor de improviso, vou fazer as mesmas que eu respondo… Tanto as boas quantos as ruins, tá?


– É… Vocês não estão vendo, mas eu estou apertando meu rosto agora, morrendo de medo do que é que vai vir na sequência…


– Não… Do tipo perguntas que eu ouço muito assim, que eu já respondi muito, as vezes eu nem sei mais como responder… Mas por exemplo, “Andrei, mas você está lá improvisando, nunca deu um branco? O que que você? Nunca te deu um branco ali, que você não sabia o que falar e deu aquele, o famoso branco?”


– Deu! Deu branco, e branco a gente chama de sensação branca, é o pior desespero de todo improvisador… Então quando dá o desespero da folha branca, eu começo a fazer alguma coisa… Fingindo que eu tenho a completa noção de que eu sei o que eu estou fazendo, porque na verdade a contemplação, ou assim, a espera para realizar a sua melhor improvisação é o seu pior inimigo… Porque você fica aguardado, como “Péra, então me deu um branco, então plateia espera um pouquinho, eu vou aqui ter a melhor ideia do mundo e eu já volto”, e não é fato, né? Porque nem todos os dias você vai ter a sua melhor ideia do mundo, mas se você… Se a plateia falou alguma coisa, seu primeiro impulso já veio, e você começa imediatamente a realizar alguma coisa, seja começar a falar alguma coisa de cena, ou mesmo fazer uma ação física, de a pessoa perguntar alguma coisa e você começa a lavar um copo em cena, só pelo fato de que você já começou, parece que todo mundo fica mais tranquilo de que a cena existe, que a cena vai existir… Se o branco acontece no meio da cena, e eu não estou em monólogo… Porque tem gente louca que faz monólogo, né?


– Que sou eu! Mas são poucos!


– Fora monólogo, se o branco acontece no meio da sua cena, você está cercado de pessoas para te ajudar, você está cercado de colegas de palco, você está, mesmo um monólogo, você está cercado de iluminador, de sonoplasta, de pessoas que estão ali para ajudar com qualquer estímulo para que aquilo continue. Então eu acho que o problema do, o maior problema do branco é se você resolver que, eu tenho que sair daqui só quando eu estiver preparado, e se você acha que você só vai sair do lugar no momento em que você estiver preparado, você nunca vai sair do lugar!


– Ótimo! Isso são as aulas que a gente dá de improviso, são exatamente para trabalhar, porque quando eu me pergunto isso, você falou exatamente, com outras palavras, né? Não falou com as palavras, então foi legal de ouvir esse outro olhar, né? Mas assim, a gente trabalha exatamente para entender algumas coisas que vão fazer com que o branco seja, não tem uma trava… Acho que quando as pessoas fazem essa pergunta, elas têm muito medo de travar “Nossa eu vou ficar paralisado”, isso nunca aconteceu comigo e provavelmente nunca com você, porque? Quando a gente vai estudar improviso, quando a gente tem aula, a gente entende que primeiro, você falou a palavra colaboração ali atrás, é um trabalho colaborativo, a cena não é só minha responsabilidade. Então primeiro, tira a responsabilidade só de você, não é só sua, é nossa! Nesse grupo somos três, somos quatro, então não se preocupa, você vai dar uma parte dela, o outro vai dar uma parte, quando der branco em você tem o outro, e tem o outro e tem o outro… Então jpa tira da frente isso, que você falou…


– E tem uma, tem o contato com a plateia que faz com que tudo fique mais legal, porque assim, no dia que você fizer a sua pior cena de improvisação da sua vida, a cena mais chulé…


– Tosca… Ruim!


– Aquela… O cocô do cavalo do bandido, assim… O cocô da mosca do cavalo do bandido…


– Sei…


– No dia em que você fizer esta cena, a sua plateia vai ficar muito feliz de ter acompanhado o seu pior momento…


– Sim, sim…


– A gente tinha uma brincadeira, quando a gente começou a fazer no Brasil o “Resta um”, quando a gente começou a fazer o formato internacional no “Resta um”, a plateia vota na cena, a plateia vota se ela vai dar, dá para a plateia se cena foi muito ruim, se a cena foi mais ou menos, se a cena foi média, muito boa ou boa. E a gente, quando a gente vai fazer o “Resta um”, quando a gente ia fazer esse espetáculo, a gente sempre falava antes da apresentação “Gente, espero que um de vocês hoje consiga a nota 1”.


– Que é a pior?


– Que é a pior! E a gente conseguiu, a gente fez sete anos esse espetáculo e a gente conseguiu uma vez…


– Só uma?


– Só uma vez! E foi o dia que o elenco ficou mais feliz…


– Sei…


– Porque é isso, o gozo coletivo da pior coisa que poderia ter acontecido conosco…


– Legal!


– Então travar pra a gente, até o pior dos erros pode virar uma coisa boa!


– Legal, você falou disso também que é bem central do improviso que é, o erro, ele faz parte do processo criativo, e eu falo isso muito, e ele faz parte do improviso, ele é cerne do improviso.. Então muitas vezes, como você mesmo falou, a pior cena, vai ser a cena mais legal… Se ela é assumida, se ela é colocada de uma maneira que o improvisador ele assuma, ou alguém “Realmente foi ruim… Foi muito ruim”, a gente na abertura do Jogando tinha essa frase “Hoje possivelmente teremos momentos incríveis, é as vezes acontecem… Mas com certeza teremos momentos horríveis. E a gente avisa isso antes para vocês aí saberem que vamos ter momentos horríveis, porque? Porque está sendo feito na hora”, então o público ri disso, e realmente as vezes acontecem. E só para terminar conceitualmente o que você falou, porque as vezes ele falava o que é uma ação física, no exemplo que você deu também é , na cena quando o Andrei se refere a fazer uma ação física, significa que ele vai fazer algo para preencher digamos, o tempo, ou para a cena começar, digamos por exemplo… Quando ele deu o exemplo “Ah, vou lavar um copo”, então vamos fazer aqui um exemplo, eu gosto de dar um exemplo prático aqui, vamos pensar que o público, a gente vai começar uma cena e o público dá um título pra gente, um local pra gente… Então Andrei, fala um local qualquer…


– O local é AÇOUGUE!


– Açougue! Então vamos ver como funciona a cabeça do improvisador, quando o título da cena, é açougue, eu vou falar os meus pensamentos como improvisador e você fala na sequência. Então, açougue, eu preciso começar a cena, então eu penso, que elementos tem num açougue? Ah, tem o açougueiro, tem um cliente, tem o cara que está cortando uma carne, por exemplo três outras opções, que outras opções você pensou?


– Eu penso também que os frades no século XXII faziam várias coisas com carnes, que daí a gente poderia ter um tempo, não só um local. Eu penso que os, as vacas devem ficar super assustadas de ir para um açougue, eu penso na balança, porque a balança é uma parte importante do açougue.


– Legal… Então você viu que o improvisador ele tem, alguns primeiros pensamentos e ideias, e imediatamente um deles faz uma primeira opção, uma primeira escolha. Então vamos supor, eu vou fazer uma bem simples, bem básica, digamos assim, eu chego, entro na cena e começo a cortar carne.


 


“Oi, boa tarde! Eu queria meio quilo de acém!”


“Meio quilo de acém, está aqui. O senhor quer que eu embrulhe ou quer que eu entregue em sua casa?”


Eu quero que você entregue lá em casa, e quero que você vá bem perfumado!”


“C-c-claro, senhor… Me deixa seu endereço aqui e…”


“Eu vou te deixar o meu endereço, meu telefone, eu vou te deixar o meu tipo sanguíneo!”


“C-claro. Em duas horas está lá!”


“Duas horas? Duas horas é muito tempo! Eu preciso agora!”


 


– Ele quer cortar e eu estou continuando a cena. Ele começou a ficar nervoso aqui gente…


– Eu queria mostrar para o cara qual a sequência de um terceiro improvisador, mas a gente fez em dois, quer dizer, um improvisador dá uma ideia, um segundo cria em cima dessa ideia, aí devolve, aí vem uma cena de flerte aqui, a cena seguinte poderia se passar o açougueiro meio preocupado, indo lá e chegando e… BLIM BLOM…


 


“Olá… Ai, meu marido chamou você aqui, né?”


“Seu marido?”


“É! É meio quilo de acém?”


“É! Exatamente!”


“Querido! Querido!”


“Oi amor! Oi amor!”


“Querido, esse mocinho veio com o acém.”


“Ai que delícia… Amorzinho, você espera lá atrás, por favor?”


“Eu só vou deixar… Eu só vim para entregar mesmo, assim…”


“Mas você veio, né?”


“Eu vim!”


“Ai amor, parece que vocês se entendem! Eu vou deixar vocês dois sozinhos aqui um pouco!”


 


– Corta para a cena, a mulher sai… A cena seguinte seria o que? O que que é a continuação obvia? Eles dois na sala tendo aquele momento entre eles, e aí o público vai acompanhando essa história, e num momento a gente pode parar a cena e perguntar para o público “Público, falem uma emoção qualquer”, Andrei, fala uma emoção…


– A emoção é surpresa…


– Surpresa! Então, de repente essa surpresa entra na cena… O cara entra lá e fala…


 


“Nossa, você gosta também de skate. Esse skate é feito pelo Jhonny. Ele é campeão mundial, eu conheço!”


“Alguém que conhece Jhonny, eu nunca encontro alguém que conhece Jhonny. A ultima vez que eu encontrei alguém, foi num campeonato canadense de skate de 1997″


“…97! Eu estava nesse campeonato!”


“Meu Deus!”


 


– E aí a cena continua… E a cena vai sendo criada, isto é, a gente não pensou toda a história, a gente, um improvisador dá o início da história, o outro vem e complementa, eles colaboram, colaboram… E de repente, a gente vai ver essa história aqui, que é uma história ou de flerte ou de encontro, ou de amor, ou de amigos, e a gente vai deixar a cena acontecer, e é assim que a cena acontece. Não é mesmo, Andrei?


– Exatamente, Sr. Marcio!


(Música)


– Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um episódio (AAAHHH), mas na segunda feira que vem tem mais (EEEHHH). E se você ainda não entrou no BallasCast, que é o grupo que a gente tem no Facebook, onde eu coloco conteúdos exclusivos, eu vou colocar um trecho de vídeo desse podcast, vou colocar dicas do Andrei dando as entrevistas e falando sobre esse episódio, vou colocar os vídeos lá para você ver. Então entra lá no BallasCast, que é um grupo bacana, gentil, suave… E eu aceito você! E vamos terminar dando os créditos finais, cada um falando uma palavra, tipo um jogo de improviso, cada um falando uma palavra, pode ser?


– Pode ser!


– Obrigado!


– Por 


– Vocês


– Estarem


– Ouvindo


– A gente


– Aqui


– Agora


– Neste


– Podcast


– Do


– Ballas


– Caaaast!


– Por favor! Por


– Favor


– Voltem 


– Sempre


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– 


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– 


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– Baaaaaaaallllaaaaaaasss!


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– Thank you


– For


– Your


– Kind


– And


– Love


– You


– Sexy


– Mother


– Fucker


– IEEEEHHHHHAAHAAAAUUUUU


See you next Monday


Bye bye!