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BallasCast – Episódio 87 – Entrevista com Luciano Pires (Final)

EPISÓDIO 87 - ENTREVISTA COM LUCIANO PIRES (FINAL).


Senhoras e senhores, laaadies and geeeeentlemans, madames et messieurs, reporteres e reporteras está começando mais um…


BALLASCAST!


MÚÚÚSICAAAA!!!


Olá, olá, olá, seja bem-vindo de novo ao BallasCast. Você está ouvindo esse podcast, provavelmente você está no terceiro episódio (EEEHHH), então você ouviu os dois anteriores. Você é o que eu chamo de “ballascaster“, você é um ouvinte, você é alguém que me ouve, e eu amo você… Independente de quem você seja… I love my country!


Então vamos hoje finalizar a entrevista com ele, que é um podcaster profissional. Ele é palestrante profissional. Ele subiu o Evereste profissional. Ele escreve, faz cartoon, faz um monte de coisas, e é o provocatator, profissinator, recebam hoje, Luciano Pires


PALMAS!


(Música)


Entrevista com Luciano Pires (Final)


(Música)


– Queria que você me contasse a história da eguinha pocotó! Porque eu sei que foi uma história que…


– Foi… Sim!


– Uma virada… Que que é essa… Conta… Conta ela com detalhes…


– Um belo… Eu voltei… Eu fiz a minha viagem para o Evereste, voltei da viagem, escrevi meu livro “Meu Evereste”, decidi a partir dali voltar a desenhar, voltar a escrever, etecetera e tal… Eu era executivo de uma grande indústria…


– Então, desculpa… Só para… Você era executivo de uma indústria, saiu…


– Sim! Tirei 30 dias de férias, fui fazer uma viagem muito louca, voltei, quando eu fiz a viagem eu falei “Cara, se eu fiz essa loucura eu posso fazer o que eu quiser, vou voltar a fazer os meus cartoons e desenhar”, que era uma coisa que estava guardada, e eu era o executivo.


– Legal! Só para, só para também nortear… Você foi para o Evereste?


– Eu fui para o campo base do Evereste, fiz uma viagem que era uma caminhada de 15 dias…


– Legal…


– Nas montanhas do Himalaia, que me deu oportunidade de refletir tremendamente sobre a vida…


– Sei…


– E quando eu voltei, eu falei “Cara, se eu venci essa loucura, que eu posso fazer o que eu quiser eu vou repensar a minha vida”, e aí voltei e criei o ambiente onde de dia eu era o super homem e a noite… De dia eu era Clark Kent, e a noite eu era Super Homem… De dia eu estou de terno e gravata como executivo de uma montadora, de uma multinacional de auto peças e a noite eu sou o cara que escreve, desenha, faz cartoon, prepara o site, etecetera e tal…


– Legal!


– Vivi 8 anos isso! No final de 8 anos eu embarco de cabeça no Café Brasil, que é isso que você conhece hoje aqui! Mas em 2003, quando eu estou naquele processo de voltar a desenhar e escrever, eu estou em casa em fevereiro, não me lembro do dia, de tarde eu ligo e estava começando o programa do Gugu Liberato… E o Gugu “Gente, não sei o quê”, e trás e apresenta a eguinha pocotó, entra o MC Serginho e Lacraia e canta o “eguinha pocotó”, com todo mundo, aquela loucura, eu vejo aquela loucura, que horror, e desliguei. Fui fazer o que eu tinha que fazer… A noite eu volto, ligo a televisão e estava no SBT, ia terminar o programa… E o Gugu volta em cena e fala o seguinte “Gente, essa tarde nós tivemos todos os recordes de audiência batidos, e para comemorar eu vou repetir o que passou a tarde”, e bota o “pocotó“…


– Ai meu Deus!


– Outra vez!


– De novo?


– Quando eu vejo aquilo duas vezes, e na segunda vez em horário nobre na segunda maior rede de televisão do Brasil, aquela coisa, eu olhei e falei “Bicho, o Brasil acabou”…


– Sei…


– O Brasil acabou, essa bobageada toda…


– Sei…


– Porque tanto tempo para isso? Porque de novo? Pá-pá-pá… E aí nasceu aquela ideia de cara… Escrevi um texto… Vomitei o texto, onde eu falava “Cara, eu como pai educando os meus filhos estou preocupado, porque só isso na televisão, né? Porque que só essa bobageada? Porque que só entretenimento de quinta categoria? Não dá para fazer um negócio mais nutritivo na televisão?” Esse texto é lido, no dia seguinte, na segunda feira seguinte, pelo Irineu Toledo… Num programa que eles tinham na rádio Nova Brasil aqui…


– É lido… Como chegou lá?


– Chegou o texto…


– Mas porque alguém mandou ou você mandou?


– Não! Eu não lembro se na epoca eu já colaborava… Acho que eu já colaborava, eu já mandava textos para eles… Eles liam os textos para mim… E era uma leitura que passou a ser meio que um momento do programa…


– Sei…


– Onde “Vamos ler o texto do Luciano Pires”, e esse texto é lido, não foi pelo Irineu, foi pelo sócio do Irineu na epoca, mas ele leu o texto no ar… Cara, explode a caixa postal da rádio, explode a minha caixa postal, porque estava todo mundo com aquele treco na garganta…


– Uau…


– Quando aparece alguém falando aquilo, nego explodiu com aquilo lá, né? E eu recebo uma carta do SBT, dizendo que onde já se viu, que não é bem assim, essa sexualização não existe, afinal o que seria do verde se todo mundo gostasse do amarelo, que o que eles faziam era um programa pá-pá… E eu pego e escrevo um texto de resposta à eles, e o no final desse texto eu termino “Bom, considerando o que foi dito ali eu tenho, a gente tem mais é que se conformar em ser “brasileiro pocotó””, e esse termo que nasceu ali do nada, foi um fechamento de texto que acabou virando o título do meu livro…


– Seu livro… É!


– Eu escrevi o livro “Brasileiros pocotó”, onde eu expunha essa história toda e descrevia um Brasil em 2004, onde eu falava o seguinte “Cara, essa baixaria toda vai levar a gente para um caminho sem volta cara, esse país aqui vai empobrecer de montão, porque essa baixaria toda não vai levar a nada, né?” E aquele livro explode, aí faz um puta sucesso, e daí pra frente bicho, o resto é história…


– Uau…


– Esse “Brasileiros Pocotó” acabou servindo como, o meu, né? O que que eu faço? Eu ajudo a “despocotizar” o Brasil…


– “Despocotizar


– Exatamente!


– Olha, conceito, né?


– O que é o pocotó? O pocotó é o sujeito que tendo chance de escolher, ele decide seguir o mainstream, “Eu não vou escolher, eu vou ouvir o que querem que eu ouça, eu vou comer o que querem que eu coma, eu vou vestir o que querem que eu vista, e sendo assim eu faço parte do rebanho, e o vendedor vai fazer comigo o que ele quiser, cara”…


– Uau…


– Inclusive, politicamente, não é?


– Agora, você já pensou que essa porcaria, né? Essa eguinha pocotó também ela foi o que te ajudou a… É muito louco, né?


– Claro!


– É interessante assim…


– Claro! Claro! Não… Ela é…


– Fazer traje cômico aqui, né?


– Sim… Ela é o gatilho, né?


– O gatilho, né?


– Quando a Lacraia morreu, eu escrevi um puta texto em homenagem ao cara, entendeu? Reconhecendo que o seguinte cara… Nada era culpa deles… Não!


– Claro. Nada é centrado, né?


– Não! Esses caras estão fazendo o papel deles, bicho! Aliás o cara está lá, ele faz o papel dele, tem quem goste, tem quem consuma e esse cara tem todos os méritos do mundo para isso, entendeu? Aliás eu tenho que respeitá-lo, ele acertou numa mosca em alguma coisa, e ali ele conseguiu que de novo, o Maurício Pereira que fala isso cara, toda coisa que consegue uma audiência desse tamanho, ela tem um toque de sagrado nela… E não importa se é a Jojo Toddynho, funk cantando uma baixaria, tem milhões de pessoas indo ali, então há alguma coisa importante acontecendo ali, né?


– Legal…


– Ela não é o problema, o problema é uma estrutura que faz com que exista só isso. Essa estrutura expulsa tudo para dar visão só a isso, então tem alguém que escolheu que agora vai ser esse funk de baixaria, e é só isso, cara… Os caras que estão produzindo material de primeira linha não conseguem nem chegar perto. Não tem espaço, eu não consigo aparecer em programa nenhum, cara. Ninguém me chama! Para lugar nenhum, eu não vou dar entrevista para ninguém, porque está tudo ocupado por essa coisa, que não é culpa da coisa, é culpa de quem programa. E a tese do livro era essa, sabe? Quem detém o poder de jogar cultura no mercado, tirou de lado e está jogando só aquilo que dá audiência baseado no Thanatos e no Eros, sabe? Ou é muito sexual, ou é muita baixaria… Qualquer uma das duas dá muita audiência, né?


– Sim… É…


– Então eu ponho só isso no ar e está resolvido o problema!


– Agora você acha que as pessoas, né? A TV ou os comunicadores tendem também a menosprezar um pouco o público, de achar que o público, né?


– Claro! Você é um idiota! Você é um idiota e eu vou te passar coisas que vão fazer com que você, como o idiota que é, consuma e me dê seu dinheiro. Político faz igual cara, político trata no discurso dele você como um idiota. Vai ver um debate, o cara abre a boca, você fala “Bicho, esse cara está achando que eu sou idiota”, entendeu? Falando esse tipo de coisa, esse populismo barato é porque ele acha que eu sou um idiota, né? E a empresa de televisão também acha que eu sou um idiota e portanto ela me dá esse alimento de quinta categoria… Não está preocupada em fazer eu subir um degrau, porque ela sabe que se fizer isso o programa vai ao ar de madrugada, e vai ser assistido por 300 pessoas. E eu quero que seja 10 milhões de pessoas, como é que eu faço? Sushi erótico, bunda, sacanagem, neguinho quebrando a cara, acidente, tiro, murro… É isso que eu… Entendeu?


– Eu vi alguma vez você falando, você falou de idiota, que vê se isso faz sentido? Que o mundo é feito de gênios e idiotas, foi você… Eu fiquei pensando… Eu não sou gênio, então eu estou achando que eu sou…


– Isso vem de um livro, né? Eu fiz o “31”, uma palestra que eu faço a respeito, e eu peguei, tem um livro muito interessante chamado “O homem medíocre”, né? Esse livro ele conta, diz o que que aconteceu… José Ingenieros, é o nome do autor, né? E ali eu usei esse conceito para montar esse gráfico, e eu falo… O mundo é feito de gênios numa ponta e idiotas na outra, o mundo tem poucos gênios e tem poucos idiotas… Ele tem bilhões de pessoas que estão no meio… Algumas mais próximas a genialidade, que são os talentosos, e outros próximos da idiotice que são os inferiores, né? Então onde é que eu estou? Você vai falar “Pô mais por favor, eu não sou gênio, mas se eu não sou gênio eu quero ficar perto dos talentosos, eu não quero estar perto da idiotia, né?” E aí eu faço daquilo uma puta provocação, porque isso não é absoluto, né? Porque se você pegar, eu Luciano Pires, como jogador de futebol sou um perfeito idiota cara, agora como podcaster eu acho que eu sou talentoso, entendeu? Então depende de onde você aplica aquilo, eu sou o idiota ou eu sou o talentoso! Eu coloquei aquilo como uma generalidade, né? Falar, cara… No fim do dia, quando eu passar a régua das atitudes que eu tomei ao longo do dia, das escolhas que eu fiz, eu… Me colocaram perto do idiota, ou perto de um cara talentoso, do ponto de vista da vida, como sociedade, entendeu? Então é uma baita provocação, né? E o programa que eu faço é um programa para levar as pessoas para o talento, eu quero te encher o saco a ponto de ajudar você a estar sempre perto dos talentosos e longe dos idiotas!


– Sei! Puxar mais para cá, né?


– Exatamente!


(Música)


– Você faz bastante palestras, até te conheci numa palestra, né? Porque eu também estou nesse universo de corporativo de palestras e tal, e eu vi que você deu um nome bacana que você chamou de “provocacionais“, é isso?


– É! Isso aí…


– O que que você apresenta? Eu sei que têm várias palestras, mas o que que você… O que que são as essências das suas palestras?


– “Provocacional” foi para tirar o rótulo de motivacional…


– Tá!


– Isso é uma bobageada, né? E é uma tão forte que acabou rotulada, “Quero uma palestra motivacional”, “Eu vou assistir uma palestra motivacional”, puta bobagem… Você não motiva coisa nenhuma cara, motivação ou está dentro de você e sai, ou não acontece nada, o que eu posso fazer é te provocar… Eu vou te inspirar e vou te provocar, e talvez o resultado disso conforme você processar, vai ser motivação… Pode ser que você decida motivar, pode ser que não te motive nada, pelo contrário, vê minha palestra e fica mais puto ainda, né? Então eu falo “O que que faço? Eu provoco as pessoas! Ao quê? A pensar! Eu quero que você pense!” Agora o resultado desse pensar, só Deus sabe o que vai acontecer, só você sabe o que você vai fazer com isso, cara… O cara veio aqui falou um monte de bobagens, me deixou puto da vida, e eu decidi que eu vou fazer alguma coisa, eu vou sair e vou dar um murro nele, eu vou furar o pneu do carro dele, ou eu vou tentar descobrir de onde esse cara leu isso para ver se as coisas não estão certas e eu estou errado, entendeu? Então eu vou escolher a reação que eu vou ter a provocação recebida, né? E isso acho que tem dado muito certo… Porque nós estamos aqui, né?


– Você acha que essa mediocridade, ela tem um jeito assim, no Brasil… Você acredita que está… Porque… Puta, o debate estava péssimo, o que que… Você é um otimista assim?


– Não! Eu acho que não tem jeito, cara…


– É mesmo?


– Não! A mediocridade, ela só tem a aumentar e vai piorar… O que nós podemos fazer? A gente pode não se conformar com isso… E aí vem a tecla que eu bato muito… Vem uma escolha individual, cara… Individual… E eu vou escolher, se eu faço parte desse rebanho gigantesco, ou se eu vou estar fora desse rebanho, e o que eu prego é essa escolha individual, entendeu? Já que não tem um jeito, eu não vou ficar lá dentro, eu vou fazer alguma coisa para sair dali de dentro… E vou tentar ajudar o máximo de pessoas a sair também, entendeu? E é por isso que eu sei que o meu podcast, por exemplo, nunca vai ter 7 milhões de ouvintes…


– Sei…


– Não vai ter cara, ele vai ter 100 mil, e dentro desses 100 mil vai ter 10 mil que fazem acontecer… Meu foco são esses 10 mil, entendeu? É para eles que eu falo, são eles que eu quero comigo, eles que eu quero me ouvindo, eles que eu quero trocando ideia comigo, eu quero esses caras… Eu não quero esses 20 milhões porque nem dá certo… Nem vai dar certo!


– Você faz bastante palestra, tem alguma situação curiosa que você lembra, alguma coisa que aconteceu…


– Cara…


– Que faz muita palestra, o que que você lembra assim…


– 30 anos fazendo palestra… Só tem história, cara… Só tem história! Tem uma boa, que eu gosto de contar, que aconteceu lá em Caruaru. Eu estou fazendo uma palestra, estou terminando, chegando ao final da palestra, e de repente o ultimo cara da fila lá, dá um salto, levanta correndo, e aí o da frente levanta também, e o da frente também levanta… Eles começam vir como se fosse um dominó, levantando e pulando…


– Levantando da cadeira e pulando…


– Eu falei “Cara, curto circuito”, né? Um cabo passando no chão, eu… Curto… Curta está andando, e os caras estão pulando… E aquela gritaria toda… Quando um deles grita “É cobra!”


– Cobra? Nossa!


– Cobra coral entrou na sala, e veio pelo fundo andando embaixo das cadeiras, caminhando na minha direção, e começa a pular todo mundo e começa a voar cadeira para todo lado e eu sou obrigado a interromper uma palestra por causa de uma cobra que entrou dentro da sala…


– Que ótimo! Nossa, esse seria um ótimo exemplo, né? Eu estou fazendo uma palestra nova sobre apresentação, as pessoas não entendem que coisas acontecem, coisas dessas, e a gente tem que lidar com isso, é o tipo de coisa que “Ah, mas não estava preparado”, cara, como é que você vai se preparar? São coisas que você nunca vai imaginar na vida…


– O que que você vai fazer cara?


– Acontece…


– Fui fazer uma palestra… Puta evento gigantesco, cara… De uma das maiores empresas do Brasil, num dos maiores resorts do Brasil… Eu estou lá no palco, pá… Palestra, aquela coisa toda, mil pessoas na plateia, quando eu estou chegando mais perto do final, da plateia vem a diretora, começa uma chuva lá fora… E eu falando e aquela chuva gigantesca lá fora… De repente a diretora de marketing levanta, vem na beira do palco e fica fazendo um sinal para mim… E eu entendi que ela estava falando “cara, acabou o tempo”, e eu “Não, já vou terminar”, e ela dizendo “espera um pouquinho, me dá o microfone”, eu passo o microfone para ela, ela pega o microfone, vira para o público e fala o seguinte “Olha… Pessoal, nós vamos interromper a palestra aqui, agora, e vocês vão sair vagarosamente da sala, com cuidado, todo mundo quietinho… Porque a chuva que está caindo lá fora inundou aqui, e o palco foi todo inundado, e o cabeamento elétrico está embaixo d’água, embaixo do palco onde o Luciano está em pé…”


– Nossa…


– E tem que sair todo mundo devagarinho dali, com o risco de ter o maior curto circuito ali, “e vocês voltem daqui há  1 hora, 1 hora e pouco, porque nós vamos terminar a palestra”, e para aquilo tudo, eu saio e volto depois para dar a palestra, terminar o final da palestra, fazer o final da palestra porque eu acabei fazendo em capítulos, né?  Cara, eu estava num dos maiores lugares do Brasil, estrutura profissionalíssima, como é que você conta com uma dessa? Acontece!


– É, né?


– Acontece, cara!


– Me fala uma ultima historinha também que eu li, você falou, você estava dando uma palestra na IBM e você foi com alguma coisa…


– Aquela foi legal… Improviso total, cara! Essa foi improviso total… Eu vou para fazer uma palestra para o pessoal da IBM na área de vendas de computadores, né? E chego lá para dar a palestra, o pessoal arrumaram o meu computador ali fora, e tiro o computador e é um Dell


– Uau… Dentro da IBM


– Dentro da IBM! E o cara que estava olhando ele fala assim “Você não vai entrar com esse computador lá, né?” Eu falei “Bicho, minha palestra está aqui. Não dá tempo de mudar, eu vou ter que usar esse computador”, ele falou “Cara, essa sala está repleta… Tem 300 caras que vendem IBM, eles vão te matar”, eu falei “Bom… Dá um tempo”, peguei um tempo, arrumei ali, vou fazer a palestra, entro e o pessoal não saiu da sala. Então eu entrei numa sala, eu vou arrumar minhas coisas, tiro o computador, boto, no que eu boto na mesa eu já sinto… Abro a tampa, viro aquele puta Dell para os caras…


– Sei…


– Aí eu pá… Ligo o equipamento… Preparo toda a palestra e falo “Olha gente, eu vou fazer a palestra, vocês me desculpem, mas vocês estão vendo que esse equipamento aqui é um Dell, mas eu não posso fazer nada porque quando eu fui escolher o equipamento que eu queria usar eu optei por um Dell, porque é um equipamento de… Bom, com preço benefício… Pá-pá-pá”, e a plateia urrando… E aí eu falei “Bom, tá legal, mas eu vou fazer a palestra”. Aperto a tecla e entra uma tela azul… BUM… Deu pau no computador… E a plateia “Tá vendo? Tá vendo?” Muda a tela, e a próxima vem escrito assim “Bem feito, quem mandou não usar um IBM?”


– Que ótimo!


– E a plateia PLAU… Aquela festa toda… E eu faço a palestra na boa, e transformei o que poderia ser um puta limão numa limonada, mas aquilo foi, né? Na hora…


– Uau…


– Não tem como sair, tem que inventar na hora…


– Sensacional… É o que eu digo, a gente tem que lidar com a coisa, jogar com ela, e quem sabe transformar, porque é isso que eu falo, as vezes um problema vai ser o seu grande momento…


– Sim…


– Provavelmente esses caras que estavam lá, vão lembrar desse momento “Não, o Luciano foi tão bom… Você não sabe o que aconteceu”, né?”


– Porque esse é o improviso, né? Esse é o grande lance do improviso… Eu estava vendo um vídeo, acho que ontem a noite eu estava vendo, sobre… O vídeo está inglês, chama “o momento em que os atores não estavam interpretando”, eles estavam fazendo aquilo de verdade ali…


– Sei…


– E apareceu uma cena que é icônica, cara… Você assistiu lá o Django? Django do Quentin Tarantino?


– Que eu lembre…


– Django do Tarantino? É um faroeste…


– Sei…


– E um dos caras que trabalha, que faz um papel genial lá…


– Ah, que mata um monte… Sei, sei, sei…


– Ele faz o papel… É o Leonardo DiCaprio, ele faz o vilão… E você fala “Pô, Leonardo DiCaprio“, ele faz um puta vilão e tem uma cena que ele está discutindo com os caras na mesa ali, e traz a escrava que eles vão judiar da escrava, aquela coisa toda, ele está brigando e ele fica puto e dá um tapa na mesa, e nesse tapa ele corta a mão, ele corta a mão dele, e corta para valer a mão, e a mão começa a sangrar, e vai sangrando aqui e ele continua fazendo a cena e incorpora o sangramento da mão, e não sei o quê, e pá-pá-pá… E trazem a menina e bota ela sentada ali, e ele humilhando ela, ele pega a mão cheia de sangue e passa no rosto dela, e ensanguenta o rosto dela inteirinho e termina a cena com a mão dele cortada, né?


– Nossa…


– E o cara fala que ficou tão forte isso que incorporaram no filme, e quando você olha é uma cena marcante, que o cara na hora, de vez ele parar “cortei a minha mão”, não… Ele incorpora aquilo… Puta, isso é genial… É genial…


– Muito legal! Muito obrigado Luciano, pela sua presença… Senhoras e senhores, ladies and gentlemans, esse foi nosso provocador profissional Luciano Pires


PALMAS!


(Música)


Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um episódio (AAAHHH)) mas na segunda feira que vem tem mais (EEEHHH)


Toda segunda feria religiosamente, sem faltar, apenas algumas que eu falto, então não é religiosamente, é quando eu quiser, mas eu estou muito feliz de estar fazendo esse podcast, eu encontro pessoas nas ruas que vêm falar comigo. E se você não sabe, tem o grupo BallasCast no Facebook, que é o grupo onde eu clomplemento… Eu clomplemento, é isso mesmo… Eu clomplemento infolmações, como diria o Cebolinha, então entra lá, pede a sua solicitação que eu aceito…


E thank you very much…


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Bye bye!