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BallasCast – Episódio 97 – Claudio Carneiro (Cirque du Soleil – Parte 2)

EPISÓDIO 97 - CLAUDIO CARNEIRO (CIRQUE DU SOLEIL - PARTE 2).


Senhoras e senhores, ladies and gentlemaaans, madames et messieurs, trapezistas e trapezistos, está começando mais um…


BALLASCAAAST!


MÚÚÚSICAAA!!!


Olá, olá, olá, seja transgressivamente bem vindo ao BallasCast! Para você que nunca ouviu, vai ouvir o primeiro, porque esta é a segunda parte da entrevista e para você que ouviu a primeira parte da entrevista, agora a gente vai fazer a continuação de uma entrevista muito legal, com ele, que eu acho um dos melhores palhaços do mundo inteiro, do mundo mesmo, mesmo, MESMO, MESMO, MEEESMO!


No Brasil ele já foi dos Doutores da Alegria e a muitos anos ele tem carreira internacional e é um dos palhaços que mais apresentou no Cirque Du Soleil, é…


Então hoje recebam aqui, de novo… CLAUDIO CARNEIRO! PALMAS!


(Música)


ENTREVISTA COM CLAUDIO CARNEIRO (PARTE 2)


(Música)


– Olá! Arriba!


– Hola, qué tal?


– Claudio Carneiro, o que que você mais ama? Três coisas que você ama, não a mais! Três coisa que vem na sua cabeça, “Ah, eu amo na vida, eu amo…”


– Nastassja Kinski, minha mulher, avião, meu filho Paco… Tanta coisa, a mulher do meu filho! Minha mulher!


– Eu vou tirar a família que eu ia tirar, mas você falou antes…


– Nastassja Kinski…


– Três coisas que você gosta assim, pode ser bobeira assim…


 Bobeira…


– “Ah, eu amo fazer tal coisa… Ah, eu amo fazer tal coisa… Ah, eu amo fazer tal coisa…”


– Eu amo fumar cigarro!


– Fumar cigarro!


– Criançada, Marlboro light é legal! Porque não é tão forte quanto o vermelho!


– Gosta de fumar um cigarrinho, você é um fumante que se não fizesse mal, você fumaria a vida inteira…


– Sim!


– Segunda coisa que você gosta de fazer assim…


– Andar! Andar rápido!


– Andar rápido! É mesmo? Sai andando…


– Sair andando… Anda rápido! Não tanto quanto parar e tomar uma cerveja, mas eu gosto de sair andando…


– E terceira coisa, bem específica, que você acha que pouca gente gosta, mas você “Ah, eu gosto de tal coisa, eu gosto de tal coisinha… Eu gosto de fazer de manhã, eu gosto de tal coisa…”


– Puta!


– “Eu gosto de passar fio dental”, não sei… “Eu gosto de…”


– Igual, em amo quando eu estou no Brasil, eu amo sentar em boteco e observar as pessoas, ficar assim, sozinho, tomando uma cervejinha e escrevendo, e observar as pessoas, eu piro, eu fico apaixonado pelas pessoas.


– Você é um criador de números, isso é uma coisa que eu sempre invejei em você, porque eu, ao contrário de você, tenho pouquíssimos números, quase zero, e você tem muitos números, muitos, muitos, quando eu te conheci…


– Sabe que eu tinha um puta ciúmes quando a gente começou?


– Por quê?


– Porque eu cheguei… Eu cheguei com uns 19, 20 anos, estourei nos concursos do Piccolo, Sarau do Charles, tal… E eu virei um, e foi uma coisa que eu meio que decidi, porque eu lembro que eu vi alguns palhaços incríveis, o Bosolo, a Thaís Cerrara, Gabriel Guimard, o Fernando Vieira


– Sei…


– E eu lembro que quando eu vi o Fernando Vieira eu falei, “Eu vou ser mímico, as pessoas vão me conhecer como um mímico”, eu falei mesmo… Tipo o livro O Segredo?


– Sei!


– Tem toda essa viadagem, mas tudo que eu falei, eu meio que consegui. Eu falei “Em um ano as pessoas vão me conhecer como Claudio Carneiro, o mímico“, porque eu adora, “Olha, Fernando Vieira, o mímico”, achava legal, enfim… E depois de um ano, toda a comunidade circense e de teatro assim, pelo menos o sudeste assim…


– Sei…


– Claudio Carneiro! O que que eu falei?


– Você falou que você tinha ciúmes de mim…


– Eu tinha! É…


– Por quê?


– Porque eu estourei, cheguei com muita energia e o Fernando Vieira, ele criou um concurso no Piccolo e no Fidalga


– Sei…


– Eu era aluno dele…


– Sei…


– O curso dele aliás, me abriu muito a mímica, te possibilita tudo…


– Sim!


– Ela pode ser incrivelmente horrível, ou pode ser incrível…


– Sei…


– Depende do artista e como ele é, mas eu adoro a mímica, eu acho meio engraçado, mas não sei, acho meio estranho a mímica. Mas eu amo! Eu sou um bom mímico graças ao Michael Jackson e o Fernando Vieira. E aí ele criou esse concurso e falou “Para quem quiser participar, para novos talentos ou para, pode ser pra músico, ou mímico, o que for, um talento, contar uma piada, tocar piano…”


– Sei…


– “Venham, tem que se inscrever, fazer uma audição! Se passar na audição, cada noite são quatro pessoas, que vão concorrer entre elas, sempre tem um jurado, três jurados famosos…”


– Sei…


– “E quem ganhar, ganha tipo…”


– 200 reais!


– “200 reais! E um relógio legal… Um jantar para duas pessoas”. era legal! E eu não tinha nada na vida, eu não tinha nem um salário, eu não estava nos Doutores ainda, não era conhecido, e eu estava ali, morando sozinho, os meus pais foram embora e meu pai falou “Pode ficar mais um tempinho com a casa”, mas eu não tinha nada como sobreviver. E eu já tinha o sonho de criar algo sobre aquilo na minha mente, e aí eu fui, me inscrevi e passei, criei um número, e um dia antes assim, um número que me vem inteiro, como uma inspiração, sabe?


– Como um número!


– Já estou enrolando! Já estou falando pra caralho! Vai cortar pra caralho…


– Por que tem ciúmes de mim? Eu quero saber, eu estou muito curioso…


– É, tá bom! Olha tá vendo, não tem nada a ver com o assunto… Enfim, eu sobrevivia disso, eu ia toda sexta feira, e eu tinha que ganhar o concurso, eu não podia perder… E eu criava números incríveis, eu criava números que eu me divertia…


– Eram incríveis!


– Sim! E aí ganhava, então durante 10 vezes eu ganhei e me sustentei assim, depois eu fiquei conhecido por muita gente, e consegui muitos trabalhos…


– Você não só ganhou, como ganhou 10 vezes?


– Eu ganhei 10 vezes e na 11ª eu empatei com a Edna, que é uma cantora incrível. Que é uma atriz e cantora incrível, sabe?


– Sei, sei… Lembro dela!


– A gente fez o “Palhaço com muito amor“, enfim… Mas eu estava estourado assim, era conhecido no mundo underground do clown


– Sei…


– E o mundo do clown naquela epoca era muito tesudo, era mais underground assim, sabe? Então eu estava há um ano, dois anos ali, sabe? Era o meu reinado! Durante um ano, eu era o reizinho da noite…


– Sei…


– Eu era “Você é muito engraçado…”


– Sei…


– Tudo que vem que faz um certo sucesso… E você chegou, e chegou acho que de Paris


– Sim!


– E você chegou também com sede, com muito tesão!


– Sim!


– Um puta amor do caralho, números incríveis, que eu adorava. E eu gostava, mas “Puta, quem é esse cara?” porque estava todo mundo assim, olhando pra mim… “O cara novo é meio laranja…”


– Era mesmo!


– Ah, legal! Aí começaram a olhar pra ele, e eu “Não! Não! Eu tô aqui! Eutôaqui!” E o povo começo a olhar pra ele… E eu “Filho da puta”, mas gente foi ficando amigos, e depois, eu não sei se eu te treinei nos Doutores da Alegria, mas a gente veio junto…


– Não! Quando você saiu, eu entrei!


– É verdade! Mas enfim, a gente foi ficando amigos, e você é um dos caras mais legais que eu conheço e além disso, é muito engraçado, adoro seu show, amei seu espetáculo solo, vem assistir, muito bom! Incrível!


– Oh, não sei quando você está ouvindo, mas sextas feiras no Teatro Eva Herz, se você está ouvindo em 2018, setembro, outubro, novembro, estarei lá…


– É maravilhoso! Eu ri pra caralho, me emocionei! Mas eu tinha ciúmes de você, mas depois eu me apaixonei, paixão de amigo assim…


– Legal…


– Também transamos, mas assim, me apaixonei mais como amigo!


– Mas é legal isso que você está falando, porque eu, quando cheguei no Brasil, eu fiz esse percurso parecido com você, eu fui no… Eu fui nesse do Fernando Vieira, ganhei também lá… Fui no Sarau do Charles, e as pessoas começaram a gostar de mim…


– Certo…


– E o que aconteceu comigo que as pessoas falavam, “Não, você precisa conhecer o Claudio Carneiro! Você precisa conhecer o Claudio Carneiro!” E aí foi muito legal, a gente ficou amigo e…


– A gente virou amigos de festas, depois, né? Era incrível!


– É… Era uma epoca muito boa!


(Música)


– Você, fez muito Cirque du Soleil?


– Sim!


– O que que você acha que, quais são os seus aprendizados no Soleil? Quando você foi, porque você fez bastante coisa no Brasil, fez um pouco fora também, mas aí você foi para o Soleil. As pessoas não sabem o tamanho do Cirque du Soleil! As pessoas, quer dizer, não sabem assim, no sentido que é meio tipo Hollywood, que é uma coisa gigantesca! O que que você aprendeu de coisas que você falou “Nossa, é incrível lá!” por exemplo, você estava me falando antes que quem fez o figurino seu, quem estava para fazer o figurino (seu) era?


 Eiko Ishioka. Quem fez o figurino do Varekai foi a Eiko Ishioka, que ganhou o Oscar do Drácula do Bram Stoker, que é um dos filmes da minha vida…


– Uau!


– E ela virou a minha amiga, em NY a gente saía junto, uma figura incrível! E a gente recusou o… Enfim, essa história eu não sei se… Enfim, mas a gente recusou as roupas dela, porque a gente queria ser vagabundo, a gente não queria ser Cirque du Soleil, a gente queria ser os vagabundos do Cirque du Soleil.


– Quando você foi para fazer então, essa era a pergunta, né? Que você já começou a me falar de… O figurinista é quem faz é um cara que faz para o Drácula


– É! Eles pegam os melhores de todo…


– Quanto custa? Você faz uma ideia de quanto custa?


– Não…


– Não o figurino, o figurino… Um show do Soleil?


– Puta que pariu! 160 MILHÕES, hoje em dia, talvez mais! Depende…


– 160 MILHÕES DE DÓLARES?


– É! Não só pra gente saber…


– Milhões de dólares…


– É só ordem de grandeza, que as sabem que é muito grande…


– 100 milhões, 50… Varia de show!


– Legal!


– Mas é absurdo! É absurdo, o valor…


– Os shows… Que shows você fez? Os nomes dos shows?


– Eu fiz o Varekai!


– Varekai!


– Depois o Dragone, depois o La Rêve, com o Dragone... Depois me chamaram de volta para o Cirque du Soleil, no Love, depois do Love eu fiz Banana Shpeel, que foi Chicago e Nova Iorque… Depois do Banana Shpeel, eu fiquei três anos no Brasil trabalhando com amiga e o Circo Zanni. E depois disso com o Rafinha Bastos e com a galera…


– Agradece a NF, fez um pouquinho de TV aqui.


– Foi, foi muito divertido fazer TV aqui! E ai me chamaram de novo para Cancun, um show fixo do Cirque du Soleil, o primeiro show com jantar, primeiro show cabaret que você viu…


– Incrível! É um show que você vai, janta…


– É! O primeiro… O show está indo muito bem… Tanto é que os outros shows do Cirque du Soleil, estão todos voltados pra gente perguntando, “Pô, tá legal o movimento aí, o que que está acontecendo? Qual o segredo?” Tem alguma fórmula ali que deu certo, e é uma delícia! Acabei tendo um filho mexicano, inclusive eu construí um muro entre o meu quarto e o quarto dele, pra ele não invadir, pra não roubar nem minha mulher, nem meu emprego…


– Legal! Você fez, sei lá, mais de cinco… Viajou pelo mundo todo muitas vezes… O que que você não tinha, você acha que, porque você já era palhaço, já era mímico, já era bufão, já era criador, os seus números eram muitos bons… Eu vi muitos números seus, eu atesto, né? O que que você aprendeu assim, que você falou “Nossa”, em termos de profissional da comicidade, o que que você acha que foram, pequenas coisas ou coisas que você que você…


– Ah, cara… Uma coisa que é do caralho, que… Desculpa, mas uma coisa que é foda… Desculpa, uma coisa que é muito impressionante, é assim, eu adoro tanto, a gente adora criar muito e fazer várias coisas, você tem vários shows, você faz de quarta improvisação, faz seu espetáculo de sexta feria… Quer falar onde de novo?


– Teatro Eva Herz, as sextas férias, pra você que está ouvindo em 2018, eu estou lá!


– Marcio Ballas, incrível! E é incrível mesmo, é muito bom! E aí uma coisa que é muito interessante, que eu sofri, fiquei muito deprimido no primeiro ano no Cirque du Soleil. No primeiro ano eu tive uma grande depressão, porque aqui eu era uma explosão de criação, eu criava, toda semana eu criava no mínimo um número. Eu estava assim, criando mímica, eu acho que eu fiz o maior número de mímica do mundo, eu te falei, andei a Paulista inteira só praticando mímica, só com o lado direito…


– Fazendo…


– Depois com o lado esquerdo voltando… É, tipo um bastão, assim… Que eu adorava a mímica, a técnica… Então aqui… Tinha muito cabaret, eu queria apresentar um número novo, uma explosão de criação. E lá de repente você tem, você tem dois números bem legais, você tem fama, você tem grana, mas não, esse saco, todo dia a mesma coisa, eu quero sair do cotidiano…


– Rotina…


– É forte isso! Muitos shows! São 7, 8, 9, 10 shows por semana!


– 10 shows por semana?


– Não sempre! Turnê é  8, 9… Las Vegas é show! Mas você acostuma, é tranquilo… De certa forma, isso é legal, você aprender a virar um profissional de circo, isso é interessante, e aí eu fiquei deprimido, eu falei “Caralho, antes eu fazia um montão de números, aqui eu tenho grande fama, mas fazendo só um dos meus números”, e outra, números de mágica eu passei a gostar, meu ultimo número de mágica foi com direção de Carl, que é um puta diretor… E aí eu tive uma grande depressão , por causa de uma mulher, de uma trapezista inglesa, que eu fui muito sacana com ela, depois ela não me quis de volta. Eu sofri, fiquei louco, voltei pra casa, fiquei um mês de licença médica psiquiátrica…


– Uau…


– É, foi bizarro! E quando eu voltei, depois de todo esse sofrimento, quando eu voltei, eu voltei e tive encontros incríveis aqui no Brasil me pra entender, quem sou eu, qual o meu papel como palhaço no mundo, como ser humano. E eu voltei e fui fazer número pela primeira vez, depois de um mês de licença psiquiátrica, eu fiquei meio… Eu voltei e tinha que ter esse túnel incrível, esses metros antes de falar “Em 5 minutos Claudison, era nome do meu…”, “In 2 minutes Claudison“, eu fui me preparando, era a primeira vez, depois da celebração, encarar 3000 pessoas, e fazer um número, e “Claudison, tem que atravessar um corredor que é meio NASA, um corredor grande, escuro. Sempre que você sai da tenda artística, que é o útero,  e você entra sozinho num corredor longo, e você vai atrás das árvores, no cenário e espera no escuro, pro “Ne me quitte pas” e aí nessa andada, me arrepia de lembrar… Nessa andada no corredor, me deu um tesão de encontrar essas 2800 pessoas, eu olhei assim “Como eu posse ter me aburrido? Como que eu posso ter achado que isso é chato? Porque mesmo que eu estou fazendo um mesmo show, e não é o mesmo show. Mas não, são 2790 shows diferentes toda noite. Eu não estou entrando pra fazer o mesmo, eu estou entrando pra fazer 2900 novos números, eu estou entrando para 2900 novos universos, assim… Aí eu entendi a força daquilo, caralho… E aí eu nunca mais me senti aburrido… Quando fala aburrido, em português é…


– Saco cheio!


– Saco cheio!


– Legal! Muito legal isso, porque é interessante, né? Porque tem alguns palhaços, inclusive das antigas, o Avner Eisenberg, que há 40 anos faz o mesmo espetáculo. Como você era um criador de muitos números, quando você de repente mudou e começou a fazer um mesmo número, muitas vezes, você passou… Mas é legal esse insight, porque claro, cada noite, primeiro que é diferente, segundo que é 2900 pessoas…


– Alguém como você ou como eu se deprime no começo!


– Sim, sim! Porque você não está acostumado!


– Aí depois você entende, mas tem que rolar um parto assim… Agora, hoje em dia eu amo os dois, uma coisa que é do caralho, desculpa eu te corte, mas uma coisa que é do caralho… Uma coisa que é muito legal… Uma coisa que é muito legal…


– Essa é a entrevista com mais caralhos da vida…


– Isso é um tesão! Porque é um trabalho de artesão, de talhador, isso é incrível… Então tem um número que eu adoro, que eu tenho um puta orgulho, que é o “Ne me quitte pas”, tem um outro…


– “Ne me quitte pas”, para que que serve? É um número que está no espetáculo Varekai, vai na internet, coloca Varekai, Claudio Carneiro...


– Que é a música do Jacques Brel, enfim… Aí você faz o número, aí depois de 6 meses aí você ganha uma intimidade com o tempo… Como você, com o improviso que você faz há 10 anos ou mais, você vai tentando talhar… E o número é muito legal, porque você vai talhando, talhando, talhando, e vira uma coisa preciosa, e agora eu entendo o Avner e esses palhaços antigos, que fazem, o George, vários gênios, eles fazem mesmo… Os palhaços clássicos, muitos deles, eles criam três números bons e fazem 10, 20, 30 anos… A vida inteira! A vida inteira! Só que os números viram uma pérola, eles são talhados… Em cada mês ele é talhado, ele muda uma qualidade… Você no começo, o palhaço novo tende a exagerar, depois você vê “Dá pra diminuir, ser mais sutil”, isso é muito legal, você cria uma intimidade com o número, com a improvisação, como perceber o público… No circo você aprende a ler o público, você precisa pegar gente da plateia…


– Você faz muito número de plateia, né?


– Sim! Eu adoro! Adoro!


– E uma coisa que me perguntam, né? Porque claro, com o tempo a gente vai pegando a manha e vai acertando, mais do que errando, na escolha da plateia, né?


– Sim, sim…


– Eu faço, eu pego uma pessoa da plateia e a pessoa fala “Nossa, que sorte que você deu, você encontrou um cara…” e eu falo Poxa, obrigado… Mas no fundo um pouquinho pode ser de sorte”, mas agente vai, a gente já fez, porque ao mesmo tempo não é que alguém ensinou “Oh, fazer um curso pra você escolher número 2…”


– Não…


– O que que você acha, olhando assim, porque agora é intuitivo, né? O que que você responderia assim, como é que você escolhe um cara da plateia, que coisas você percebeu que nota que são caras legais para estar em cena?


– Você tem que sacar caras que não são muito altos , que não alegres demais…


– Sei…


– Que não pode ser o legal demais…


– Pra não ficar over!


– Não pode ser o triste demais…


– Legal!


– Tem que ser muito temperado, tem que ser muito temperado. É o simpático, é o cara que está com um sorriso, é quase uma paquera!


– Legal!


– Se não você pode dançar, agora as vezes, não tem ninguém…


– Sei…


– E as vezes eu só tenho, no meu show as vezes só tem opção do cara, que eu já sei que o cara é chato, que o cara é horrível…


– Sei…


– Que eu sei que ele vai tentar me destruir, mas não tem ninguém. Porque é tudo velhinho no começo…


– Sei…


– E eu preciso pegar alguém na proximidade, você tem que ir com tudo, você tem que ir com um trator!


– Sei!


– Se ele tentar fazer uma piadinha, você engole ele, você está com o microfone, você controla a coisa…


– Sei…


– Você bota a mão no ombro, né? Você vai hipnotizando assim… Enfim…


– Legal! Puta, tá muito legal! Outro dia eu falei, que é uma pergunta que me fizeram, que eu nunca parei pra pensar e nomear, mas eu falei muito parecido com você, eu usei, eu falei “Eu acho que eu escolho um cara que eu olho e falo, esse cara é gente boa”, e você falou uma coisa que é muito boa também, que é a coisa da paquera, o Daniele Finzi Pasca, sabe quem é?


– Sei!


– Que eu também acho foda…


– Incrível!


– Ele fala que o palhaço, ele é um cortejador, né? E a gente nessa escolha, tem isso de, tem muito a ver com a paquera de você olhar e perceber, e duas coisas muito boas que você falou… Primeiro, não pegar alguém que é tímido demais, que você vê que o cara está suando ali…


– Vai sofrer!


– Vai sofrer… E também tomar cuidado com o cara que está lá… É o cara que vai, puta, encher o saco que sem querer vai acabar atrapalhando…


– Sim…


– Então tem uma medida, né? Que a gente vai aprendendo…


– Sim, sim… É um jogo muito interessante, e é muito legal que depois de… Eu estou desde 2001 no Cirque du Soleil, e antes a gente já fazia palhaçada em outros lugares, outros circos… E é muito legal depois de 20 anos, mais de 20 anos, comecei com 16 anos, de muitos anos ver que você domina mais, leva mais… Mas aí tem uns figuras, né? Tem uns Tortell Poltrona da vida, Chacovachi, Hugo Possolo…


– É…São os caras que a gente, fã… São os nossos palhaços mestres, né? É muito legal!


– É, como o Possolo, o segundo melhor palhaço do Brasil, cara…


– Claro, eu estou aqui, né?


– Ah quartinho…


– Muito legal! Muito legal essa coisa da escolha, né? Do cara da plateia, né? É uma…


– É uma arte nobre, assim, né?


– É uma arte… É muito fino, né?


– Não tem isso, você vê centenas, ou milhares de pessoas toda semana, e é tão interessante, cara… Você está ali e tem gente linda, gente feia, gente do bem, gente do mal, gente preconceituosa… Tá toda humanidade tá ali na plateia…


– Sim…


– São muitas história… Você, cada noite é uma relação, têm várias relações… Eu me apaixono pelos caras, me apaixono pelas mulheres… Nossa, esse cara foi incrível, eu queria abraçar ele… Tem cara, que eu quero correr no final “Meu, foi tão gostoso trabalhar com você…”


– Sei…


– Sabe? Que você queria um afeto mesmo assim…


– Sei!


– Eu, sei lá… Eu descobri quem vende drogas… Sei lá!


(Música)


Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um episódio (AAAHHH) mas na segunda feira que vem tem mais (EEEHHHH)

e se você ainda não fico sabendo, o BallasCast foi incluído na lista de 17 melhores podcasts do Brasil… Uma lista que foi feita pelo Mauro Segura, diretor de marketing da IBM e nós estamos lá. E se você ainda não entrou no Facebook, que é o grupo que a gente tem no Facebook, entra lá… Solicita sua aprovação… Lá eu coloco conteúdos exclusivos, lá eu vou pedir ajuda pra você pra fazer meu próximo podcast, em homenagem ao 100º podcast, enfim… Entra lá, que eu aceito você!


So… Thank youmnfjkldscd,m


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Bye bye!