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BallasCast – Episódio 61 – Gabriella Argento – Cirque du Soleil (Final)

EPISÓDIO 61 - GABRIELLA ARGENTO - CIRQUE DU SOLEIL (FINAL)


Senhoras e senhores, ladies and geeeeeeeentlemans, madames et messieurs, gorilas e gorilos, está começando mais…

BALLASCAST…

MÚÚÚSICA!


Olá, olá, olá, seja despauteriamente bem-vindo ao BallasCast, ou bem-vinda ao BallasCast, ou bem-vindxz ao BallasCast, não importa o gênero, não importa de onde, não importa quem, o que importa é que você está aqui e eu estou aí…

A verdade é que eu estou aqui e você está aqui, ou nós estamos aquixz, neste mundo, nesse universo, pra quê?

Não sei, isso não importa… Viajei um pouquinho, mas o que importa é que hoje vamos encerrar, terminar o ultimo episódio dessa entrevista que eu tô achando muito, muito, muito, muito, muito supimpa, as pampas, com ela, a primeira brasileira no Cirque du Soleil, palhaça improvisadora, atriz, foi do Jogando no Quintal, foi dos Doutores da Alegria, foi de muitas coisas e hoje está aqui, palmas para ela… Gabriella Argeeeeentooo!


(Música)


Varekai é um outro espetáculo do Cirque du Soleil...

– Sim!

– Que você foi chamada pra fazer uma das personagens, palhaças…

– É! Palhaça!

– E você teve que entrar de susto, não teve isso?

– Tive! Substituta profissional!

– Substituta profissional…

– Atacando de novo, porque a gente, o Cirque passa por todo um processo de integração longo, né? Tudo muito cuidado, mas eu passei por Montreal, fiz todos os figurinos, cená… Maquiagem, pá, pá, pá… Quando eu cheguei, eles estavam em Lima, no Peru. E eu cheguei e aí ia ter mais duas semanas de ensaio. E aí eu ensaiei um dia, só minha cena, sem as outras entradas e tal, no dia seguinte eu tô tomando café da manhã, o diretor vem e fala assim “Como você se sentiria em fazer o espetáculo hoje?”

– Hoje?

– É! Eu falei “Bem, porque?”

“Não, porque a palhaça está doente, você vai ter que fazer!”

– Nossa!

– A menina teve uma infecção alimentar, uma intoxicação alimentar, sei lá…

– Nossa…

– E eu lembro, tinha um momento que eu tinha que estar num lugar preciso, que a luz acendia e eu já tinha que estar no palco…

– Sei…

– E o palco do Varekai são umas arvores, que são nos cantos, que é tudo igual… É tudo igual, e você não sabe, tipo e eu falando com o deus dos palhaços, eu e o deus dos palhaços o tempo todo, eu parei num lugar e fazia assim “Deus, por favor, me faz estar no lugar certo, me faz estar no lugar”, e eu estava…

– Por isso que eu falo que Deus é clown né?

– Deus é clown, Deus é clown

– Sem dúvida!

– Sem dúvida!

– E aí você fez nesse dia, no mesmo dia à noite…

– No mesmo dia à noite, fiz e deu tudo certo… Tropecei, cai, estava no caminho de todo mundo, mas o show rolou, eu fui e fiz…

– A gente tá falando de momentos incríveis, tem algum fracasso que você lembra?

– Ai, olha… Muito né? Sendo palhaço você está, fadado a esse…

– Conturbado, na situação de que, nossa…

– Eu fiz muita roubada na vida…

– Tipo o que?

– A maior roubada que eu fiz foi festa infantil…

– Você fez?

– Que foi uma só que eu fiz na minha vida…

– Sei…

– Porque eu tinha acabado de passar no teste do Soleil, e o meu agente me vendeu como uma palhaça do Soleil… Os caras pagaram uma grana, uma grana, de verdade sabe, dava pra pagar dois meses de aluguel com um dia de festinha…

– Uau!

– E aí eu fui né? Cara… Nunca mais…

– Não?

– É outra coisa que precisa ter talento específico, eu não tenho condição…

– Sei…

– A hora que eu vi, eu tava, cavalguei, eu subi… Como fala? Escalei, escalei um caibro, não sei nem com que força eu escalei o caibro, eu em cima do…

– O que que é um caibro?

– É tipo um pilar!

– Ah tá!

– Escalei um pilar, e as crianças todas embaixo “Mooooorre palhaaaaaça!”

– Hahahaha… Nossa!

– “Moooooooorre, moooooorrriiiiiii”, E eu lá em cima falando “Eu preciso do dinheiro, eu preciso do dinheiro”.

– Nossa, morre palhaça…

– Morre palhaça! Nesse nível…

– Falando sério?

– Falando sério, com as espadinhas de bexiga assim, tomados “Morre palhaça, mooorrrreeeeeee”. E eu assim “Ai meu Deus, o que a gente não faz por dinheiro nessa vida”. Mas foi a primeira e única, e o ultimo que foi um fracasso bem sério, no Royal Albert Hall, com Amaluña

Royal Albert Hall, com o Cirque du Soleil e Amaluña, espetáculo…

Amaluña, a gente estava fazendo o ato, um silêncio sepulcral, porque o humor inglês é diferente né? E o humor do Cirque é diferente também, ele é um humor neutro e limpo, porque ele tem que funcionar em todas as culturas…

– Sei…

– Então ele não é um humor aaahhhh engraçadéssimo, né?

– Sei!

– A gente fazendo a cena, um silêncio sepulcral, de repente alguém grita “Not funny!”

– Nossa, no meio do show?

– Nossa!

Not funny! não é engraçado!

– Não é engraçado! Tipo, NÃO TÁ ENGRAÇADO!

– Meu Deus que desespero, eu ia morrer, eu ia morrer!

– Nossa, mas o meu maior desespero foi, é que isso aconteceu com o Soleil, porque o meu treino de improviso, o meu treino de palhaço, tudo o que eu queria era levantar… “Liga a luz, quem foi? Foi você? Obrigada! É a gente não é engraçado mesmo, você pode vir aqui por favor? Você pode…” eu queria ter feito alguma coisa!

– Sim, jogar…

– Mas você não pode fazer nada porque, entendeu? Tem tipo uns protocolos e tal, então eu olhei pro meu parceiro, a gente se olhou e falou “Ok, continua remando…”

– Nossa!

– Que a gente tava remando no barquinho, continua remando, foi o maior floop da vida, porque uma coisa é você sentir que a plateia não está gostando, então outra é alguém gritar…

– Sim!

Not funny!

– Alto ainda…

– Alto! Muito alto! Todo mundo ouviu… Todo mundo ouviu…

– Nossa dói, deve ter doído na alma.

– Doeu! Doeu!


(Música)


– Qual pergunta você não aguenta mais ouvir? Você dá bastante entrevista, Cirque du Soleil, qual a pergunta que você fala, “Ai, nossa, de novo essa?”

– “Como é ter vida pessoal, trabalhando no Cirque du Soleil?”

– Ah… Eu tenho uma pergunta pra você então… Ahn, como é que é ter vida pessoal trabalhando no Cirque du Soleil?

– Olha, você quer ter a resposta protocolo ou você quer a resposta de verdade?

– Ah, fala a protocolo primeiro…

– Olha, é complicado né? Porque a gente trabalha muito, mas é possível. Muita gente tem família, muita gente tem filho, muita gente consegue, eu não consigo!

– Gabi, como é que é hein? Fala a real!

– NÃO TEM VIDA PESSOAL!

– Não rola isso?

– Não tem disponibilidade. As pessoas tem família, as pessoas tem filhos, mas eu não sei como elas fazem, eu não entendo que horas elas amamentam a criança.

– Sei…

– Entendeu? Porque é muito trabalho. Tipo, hoje eu vim aqui, mas eu já tô, assim…

– Já tá indo embora…

– Eu preciso ir embora, porque tem que treinar, e tem que ensaiar, e eu levo uma hora pra fazer minha maquiagem.

– Uma hora pra fazer a maquiagem?

– Eu levo, e olha que eu tô rápida.

– Só pra fazer a maquiagem?

– Só pra fazer a maquiagem!

– Uma hora?

– Uma hora!

– Do meu dia! Do meu dia!

– Uau! E figurino, mais?

– Eu levo meia hora pra me aprontar, pra começar o espetáculo… Eu começo o espetáculo dez minutos antes de todo mundo, que eu faço um pré show. E eu tenho que treinar, eu tenho que fazer pelo menos os 45 minutos de cardio todo dia, mais um treino funcional de…

– Uau… Todo dia?

– Fisioterapia de 45 minutos, 1 hora…

– Uau…

– Então acabou o dia, entendeu? Eu não sou mais jovem, eu não tenho mais estrutura psicotrópica pra isso, entendeu?

– Sei, sei…

– Então eu simplesmente durmo, tento dormir, vou pra lá, trabalho… Eu sinto muita falta dos amigos…

– De ter vida!

– De ter vida! Eu sinto! Porque tem gente que consegue, eu tô sendo extremista, porque eu sou assim, isso é pra mim, mas obviamente que as pessoas conseguem… Mas é um nível de sacrifício alto assim, a gente passa muito tempo lá!

– Me fala, a pergunta que é muito do momento e eu preciso fazer pra você que é, COMO É QUE É SER PALHAÇA MULHER NOS DIAS DE HOJE? Você é a primeira palhaça brasileira no Soleil, você é uma super palhaça daqui do Brasil, e eu queria saber como é que é…

– Eu poderia falar, é difícil, mas é redentor…

– É redentor?

– É redentor! Porque a gente tá num momento de mudança mundial, de tudo assim, eu acho que se eu não fizer nada da minha vida, pelo menos um legado eu deixei, e que é exatamente esse, que você tem o maior circo do mundo, que resolve num dado momento fazer um espetáculo sobre mulheres, e colocar a figura da palhaça mulher em destaque nesse espetáculo…

– No Amaluña mesmo?

– No Amaluña!

– Legal!

– E eu tenho uma chance de estar fazendo parte disso, e eu vejo não como uma vitória pessoal. Eu vejo como uma vitória histórica. Porque uma mulher estar numa personagem de palhaça, no maior circo do mundo, no começo do século XXI, é histórico, né?

– Sim!

– Porque até 1940, a gente mal podia entrar no palco.

– Nem podia né? As mulheres…

– Não! Em circo a mulher era o bibelô. Ela era ou a deformação…

– Sim…

– Ou a mulher barbada, a cotoca, a torta, que era o freakshow… Ou ela era a beldade, a figura dela…

– Sei a bonitinha, que quer…

– Era apoiar o homem…

– Sim!

– Né? Então a gente andou um bom caminho por aí, por isso que eu falo que é redentor, porque a gente tá colhe… Tá começando, eu acho que a gente tá vivendo uma época onde a gente tá começando a colher os frutos de toda a batalha feminina, pra alcançar algum lugar de destaque na palhaçaria. E se o circo, como o Cirque du Soleil tá colocando isso em voga, é resultado sim! Então… Não é fácil! Ainda não é fácil, ainda o ambiente é muito machista. A comédia ainda se baseia muito no gosto machista…

– Sim!

– Né?

– Muito!

– É difícil achar o tom feminino do cômico, o que que é o tom feminino? O que que difere o humor da mulher do humor do homem? Difere? Precisa diferenciar?

– Você acha que é diferente?

– Eu acho que nós somos seres de matérias diferentes, então vai ser diferente, claro que vai ser diferente! Não acho nem melhor, nem pior.

– Claro!

– Eu não levanto bandeira… Ah palhaçaria feminina, não, eu acho que é igual… Mas eu acho que a gente precisa de mais espaço.

– Sim!

– Eu acho que isso, e isso tá acontecendo, então como eu tenho essa questão, eu gosto de filosofia, eu gosto de antropologia, eu gosto de ver a figura geral das coisas. Eu gosto de me distanciar, como se eu estivesse sobrevoando uma situação, um momento. Se você olhar a linha história tá tudo bem, a gente tá onde a gente devia estar. Estamos caminhando, ainda não estamos lá. Mas estamos no caminho!

– Legal! Gabi, uma frase que te inspira, uma frase que você gosta, uma frase que você acha legal, ou uma frase que é a única que você lembra na sua cabeça.

– ARTE NÃO É ESCOLHA, É URGÊNCIA!

– Uau! Arte não é escolha…

– É urgência!

– É urgência! Uau!


(Música)


– E vamos agora para o nosso momento TEM JOGO!

– AAAAAHHHHH

– Eu não te avisei, mas a gente vai fazer, queria sei lá, propor qualquer coisa pra gente jogar, pra conversa não ficar só filosófica…

– Vai aí! Vamos lá!

– Primeira coisa eu queria, a gente fazer uma brincadeira, que é uma coisa de gromelô, que a gente trabalha no palhaço, só pra gente brincar um pouquinho, esquentar…

– Uhum…

– Por exemplo, produção, fala uma língua… Sempre que você fala produção, eles não estão… Produção… Fala uma língua qualquer pra gente, uma língua estrangeira conhecida…

– Japonês?

– Japonês! Então vamos falar, e falem um assunto qualquer…

– Cotonete!


(Improviso em japonês)


– Outra língua…

– Italiano!


(Improviso em italiano)


– E uma ultima língua… Francês será?

– Francês!

– É difícil, né? Que a gente…

– Vocês sabem né?

– Pode ser um assunto, fala um assunto!

– Camisa!


(Improviso em francês)


– Você é atriz né?

– Eu sou atriz!

– Dramática, tem formação e tal, então eu queria, eu vou falar a frase e eu te falo o estilo, e eu quero que você fale a frase no estilo!

– Tá! E essa frase que eu vou falar, antes de você falar, é que sou atriz por formação, palhaça por opção! Um slogan!

– Atriz por formação e palhaça por opção! Gabriella Argento! Muito boa essa hein? Muito boa!

– Então vamos…

– É, quando você escreve na ficha, você escreve o que? De hotel?

– Depende do meu humor, eu escrevo atriz ou palhaça, quando eu quero incomodar eu escrevo palhaça…

– Eu sei como é, o pessoal olha… Acha que você está meio zoando…

– É!

– Então eu quero que você fale a frase… A primeira frase vai ser… EU ACHO QUE O MUNDO DEVERIA MUDAR UM POUCO. Eu quero que você fale isso de uma maneira dramática…

– Eu acho (respiração entrecortada), que o mundo deveria mudar um pouco!

– Uau! Eu quero que você fale a mesma frase de maneira absolutamente mega feliz, como se você tivesse descoberto isso…

– (quase pulando) Eu acho que o mundo deveria mudar um pouco!

– Eu quero que você fale como uma garotinha de 5 anos de idade…

– Euachoqueomundodiviamudarumpoco!

– Um velhinho de 78…

– Eu acho que o mundo deveria mudar um pouco (quase morta)…

– É, tipo novela mexicana…

– Eu acho… Que o mundo… Deveria… Mudar… Um pouco!

Gabriella Argentooooo! Gabriella Argento, a gente vai ver você no Cirque du Soleil, no espetáculo Amaluña, que fica aqui em São Paulo até…

– 17 de dezembro…

– São sessões, quantos dias?

– De terça a domingo, sessões as 9 da noite e as 5:30 da tarde!

– Pra terminar a gente vai fazer um momento poesia, eu falo uma rima e você tem que complementar…

– Tá!

– Tá bom?

– Tá bom!


Estou muito feliz,

Porque hoje é quarta feira…

Mesmo estando sonolenta,

Fui capaz de lidar com toda essa asneira!


– Agora você fala o começo e eu completo…


E eu aqui com o meu amigo,

Me faltando inspiração.

Mas isso é porque,

Você mora no meu coração…


Sempre digo que você

É uma pessoa sensacional…

Ah, isso são seus olhos

Como você não tem igual!


E se me perguntarem o que sinto mais saudade

Falo com vontade

Isso é coisa de felicidade

Porque isso não tem idade

Nos dois somos duas beldades!


(Música)


Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um episódio (AAAHHH), mas na segunda feira que vem tem mais (EEEHHH).

Que alegria, que alegria, que alegria, que alegria… Que aleeegriiiiaaaaaaa, que tem mais, senhoras e senhores… Tô dando umas piradinhas hoje, mas se você ainda não faz parte do BallasCast, que é o grupo que faz parte do Facebook, entra lá, porque lá tem muitas informações legais, tem desconto pros meus cursos, tem desconto pra Casa do Humor, tem informações novas, relevantes, não relevantes, irrelevantes, mas tem pouca coisa, o que é muito bom.

Então vamos agora ao nosso momento merchand…

“Oh Marcio Ballas, eu tenho um evento, uma convenção na verdade, em vendas, e a gente queria um mestre de cerimônias, um mestre de cerimônias que fizesse assim, tipo uma conexão entre as coisas, e trouxesse um pouco de bom humor e diversão, porque o evento normalmente, ele sempre é insuportável, então entre esses eventos, a gente precisava de um mestre de cerimônias. Você faz essas coisas?”

É claroooo!

Se você quiser trazer um pouco de alegria, descontração, leveza e tranquilidade para o seu evento e precisa de um mestre de cerimônia diferentes… Diferente… É só você contatar marcioballas.com.br


É isso aí! Chegamos ao nosso final dessa entrevista!

Muito obrigado a você que ouviu essa entrevista inteira, por completo, os comentários são muito, muito, muito, muito bem-vindos, serão repassados para a Gabriella Argento, e sendo assim…


Thank you very much.

Kjeççjgivwenugpuwpeuge

Wleh gwehipg h et~tiwgh

Eljgtieh5ieh çhçu ogw

Wehlgkweçhg oihetvçtogv

Bye bye!