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BallasCast – Episódio 90 – Andrei Moscheto (Parte 3)

EPISÓDIO 90 - ANDREI MOSCHETO (PARTE 3).





 


Senhora e senhoras, ladies and gentleeemaaans, madames et messieurs, coalas e coalos, e coalos, ecoá-los, á-los, á-los, halos, halos, está começando mais um…


BALLASCAAAST!


MÚÚSICAAA!


Olá, olá, olá, seja estratosfericamente bem-vindo ao BallasCast! Para você que está ouvindo pela primeira vez, olha para o primeiro episódio, porque este é o terceiro de uma entrevista e não faz nenhum sentido você estar ouvindo essa entrevista nesta parte. Pra você que me acompanha toda semana, re-bem-vindo, welcome again! Para você que não entendeu a piada do ecoá-lo, é do ECO, mas não importa. Porque o que importa é que vamos terminar hoje a entrevista com ele que é improvisador, professor de improvisação, do grupo Antropofocus de Curitiba, ele faz espetáculo como convidado do Improvável, do Barbixas, faz Noite de Improviso, ele faz um monte de coisas e está aqui hoje com a gente… Andrei Moscheto!


(Palmas – Música)


ENTEVISTA COM ANDREI MOSCHETO (PARTE 3 – FINAL)


(Música)


– Andrei, queria começar… Você, professor de improviso…


– Sou professor de improviso!


– E eu queria começar sabendo, um aluno que chega pra você e fala “Professor, o que são as bases do improviso? O que são as três coisas que você acha mais fundamentais para aprender para ser um improvisador?”


– As três coisas que eu acho que são mais fundamentais é: Aprender a cuidar do outro…


– Cuidar do outro! Fala mais disso!


– É, porque as vezes as pessoas acham que elas vão fazer improvisação e elas vão entrar e brilhar e arrasar e serem as estrelas da noite, e normalmente, como você está tendo que trabalhar em conjunto, o seu objetivo É CUIDAR PARA QUE OS OUTROS ESTEJAM BEM, e isso faz imediatamente, que você fique bem também. Então eu sempre insisto que você tem que entrar em improvisação, para aprender a cuidar dos seus colegas, porque isso vai ser o melhor para você!


– Legal! Muito legal! Isso é legal! É uma coisa até, que eu falo um pouco nas minhas aulas, e é muito legal o que você está trazendo, cuidar do outro, fazer o outro brilhar, co-criar, por isso que o exercício de co-criação, no improviso o exercício de co-criação. Segunda coisa que você falaria?


– A segunda coisa eu falaria é que a pessoa não tivesse MEDO DE ERRO, DE JEITO NENHUM!


– Perfeito! Não tenha medo do erro!


– Não tenha medo do erro! Porque muitas vezes as pessoas, elas têm essa necessidade de serem perfeitas, elas têm essa necessidade que elas sempre façam o que dá certo, e na verdade o que a gente deveria aproveitar com a improvisação, já que ela tem essa característica de que não foi ensaiado, não foi pensado antes, está sendo produzido na hora, o erro é inevitável, assim como na vida! O erro é inevitável, você vai ter que lidar com ele. Então o grande barato é só você entender que você pode errar, e de você saber como você lida com o erro quando isso acontece.


– Legal! Isso também é muito legal! Porque o erro faz parte da criação, faz parte do processo criativo, e como você falou, no improviso, a gente aceita o erro, joga com ele, brinca com ele, enfim… O erro acaba fazendo parte da criação e acaba sendo as vezes um dos momentos mais legais, como a gente bem sabe… E terceira coisa que você falaria, é?


– TEM SEMPRE O PRÓXIMO!


– Tem sempre o próximo?


– Tem sempre o próximo, porque muitas vezes as pessoas entram para fazer uma cena de improviso e eles acham que, ele fez cagada ou ele acha que a cena foi péssima, ou ele acha que o espetáculo daquela noite não foi o momento mais incrível da sua vida, e eu acho que você tem sempre o próximo espetáculo, você tem sempre a próxima cena, você não fez a sua melhor cena da sua vida essa noite, porque a não ser que você tenha feito e que você tenha falecido na sequência, você vai fazer a sua melhor cena ainda! Sua melhor cena, vai ser sempre a próxima!


– Ah, legal! Oh, isso vale pra vida! E Andrei, você fala um pouco de história, como é que você começou a entrar no circuito de improvisação?


– Olha, eu já fazia improviso em Curitiba, fazia, dava aula sobre isso, gostava disso, a gente tinha no Antropafocus uma parte de improviso, no qual você conheceu, inclusive você viu o Antropofocus improvisando, e aí em 2007, quando o Jogando no Quintal fez o seu primeiro campeonato, onde vocês convidaram não palhaços para jogar juntos, eu fui um dos convidados…


– Ah, a gente fez o aniversário de 5 anos, se eu não me engano? Do Jogando, em 2007…


– Sim, em 2007, perto de um viaduto, que era uma cena de circo…


– Sim, sim… Na Pompeia, é!


– Exato!


– 700 pessoas na arquibancadona


– Exato! E foi um tesão assim, porque era um baita de um espetáculo e de repente você me convidou, aí eu vim para São Paulo, e foi muito legal porque assim, eu tinha improviso de ator, daí eu encontrei a informação de improviso de palhaço, e a gente estava jogando de igual para igual, então eu realmente tinha a linguagem, com essa linguagem de improviso eu realmente senti que eu podia visitar os lugares e que a gente poderia falar a mesma linguagem.


– Legal, isso era uma coisa muito legal do improviso, né? Você vê que a gente chamou um improvisador de Curitiba, a gente chamou um improvisador de Curitiba, que eu conhecia, mas o elenco não conhecia, né? E de repente você estava jogando com gente que você nem tinha ensaiado, nem tinha…


– Bom, e as pessoas tinham a dupla desconfiança comigo, né? Que era, eu nunca vi você na sua vida, e você não está usando o nariz de palhaço…


– É!


– Então, espera! Que bicho é você? Então as pessoas no primeiro dia, elas me olharam com cara de alienígena e foi muito legal que no final do ensaio a gente estava tudo amigo já.


– Quem era seu time?


– O meu time era o Allan


– Allan Benatti!


– Allan Benatti e na noite que eu joguei foi a estreia como improvisador do Marcos Gonçalves


– Olha, Marcão começando, porque ele jogava na banda, né?


– Ele era músico, então na noite… Na noite que eu estava estreando jogando, o Marcão estava estreando também do meu lado.


– Olha história, hein? Isso era 2007, Barbixas então, nem existia ainda o Improvável? Nem existia, eles nem tinham começado ainda…


– Não, não, eles não tinha começado! A gente tinha inclusive, se desencontrado, porque eles foram para Curitiba conversar com a gente, a gente não conseguiu se encontrar, e daí que o Barbixas começou depois disso. E daí o que aconteceu foi que muitos anos depois, de novo você me convidou para São Paulo, pra gente fazer o É tudo improviso


– Ah, programa na Band


– É tudo improviso… E daí quando eu vim para o É tudo improviso foi muito legal, porque o meu colega de trabalho no É tudo improviso, os dois episódios que eu gravei, foi o Gustavo Miranda!


– Ah, o Gustavo Miranda, ator colombiano, exímio, que legal!


– E daí a gente começou, a gente fez os espetáculos, a gente fez a gravação dos episódios aqui em São Paulo, e depois disso acho que vocês mesmo deram referências para o Barbixas “Olha, vocês estão querendo improvisadores, tem esse garoto de Curitiba“, o Antropofocus veio apresentar em São Paulo naquele ano, veio fazer peças aqui em São Paulo, os Barbixas foram assistir o espetáculo, chamaram a gente para treinar juntos…


– Ah, legal!


– E daí depois deste treino juntos, eles me convidaram para jogar com eles, eu, a Anne, que também já foi convidade e já jogou várias vezes, joga o Improvável, e eles conhecem também o grupo pra futuros convites.


– Legal, porque para você que está ouvindo e não conhece a história do improviso, como linguagem, né? O Jogando no Quintal é um espetáculo que começou em 2002, e a gente quis, saibamos, foi o grupo pioneiro que começou a fazer esse trabalho, não só de investigação, o trabalho de mostrar o episódio inteiro criado na hora para o público assistir com essa, o que a gente chama de impro, de improviso, né? Em alguns anos depois a gente chamou o Andrei, que já fazia essa pesquisa, lá em Curitiba, com o grupo dele. E que já tinha trabalho de improviso também junto com o grupo dele. E aí só depois que os Barbixas, que é o grupo que fez o Improvável, me chamou para fazer um treino com eles, eles se envolveram nessa linguagem, fizeram o Improvável, foram para a internet, acabou indo para a televisão, então… Tem toda uma história, que é uma história mais ou menos recente, se a gente for falar de improviso como linguagem no Brasil, né? É mais ou menos contemporâneo, né?


– E outra, o Antropafocus estava trabalhando uma outra coisa, a gente não só estava trabalhando o improviso para criar cenas, né? Que a gente já falou num dos episódios anteriores, mas também a gente estava fazendo, a gente tinha momentos improvisados, porque a gente gostava muito… Até por vinda do teatro, a gente tinha um monte de textos, um monte de músicas que a gente tinha, criava as músicas e tudo mais, então era mesclado o improviso pra gente, não era só o improviso. E já nessa epoca o Jogando fazia um espetáculo que era completamente improvisado.


(Música)


– E aí eu queria falar com você, em relação a princípio de novo, é? A gente falou em relação a gente que trabalha, né? Os novos alunos assim, agora pra quem já faz improviso, o que que você acha por exemplo, que são os erros do improvisador ou os vícios do cara que fez alguns cursos e tal, e começa a fazer espetáculo, que que você acha que são as coisas que, novos improvisadores que começam a fazer e acabam caindo em pequenas armadilhas? Que que você acha que acontece, quais opiniões você tem sobre isso?


– A sedução pela risada, que é o pior problema, né?


– Isso é muito legal, fale mais sobre isso…


– Porque quando as pessoas, quando elas vêm os espetáculos de improviso, elas veem as grandes gargalhadas que elas conseguem, que os profissionais conseguem. Aí quando a pessoa começa conquistar essas coisas de risadas, ela acaba descobrindo que pequenos truques, que pequenas piadas prontas, elas acabam conquistando essa risadinha, só que aí o improvisador congela no tempo e ele começa a repetir exatamente a mesma coisa, de novo, de novo, de novo, na esperança de conseguir aquela risada. Nesse momento o improvisador para no tempo, porque ele para de se mover, ele para de procurar a novidade, ele para de procurar o próximo. E isso me preocupa!


– É, isso é uma coisa que acaba acontecendo com todo mundo… Todo mundo já passou por isso, mas é bem lego o que você está falando, porque acontece muito com quem está improvisando e vai vendo ou ele acha uma piada que ele pode fazer que ficou engraçada, ou uma pequena que surge, ele vê em algum lugar, ele repete, ou mesmo ele sucumbe a essa necessidade de ser engraçado o tempo todo, que acaba muitas vezes revertendo contra, quer dizer, o cara… Eu falo isso na aula, né? Quanto mais o cara quer ser engraçado, menos engraçado ele fica, e ele fica menos co-criador, porque ele está menos preocupado em criar com o outro e está mais preocupado em fazer uma piada, fazer um chiste, fazer uma gracinha ali, e isso é um saco pra quem quer co-criar, né?


– É, e essas pessoas acabam caindo em armadilhas horrorosas de improviso que a pessoa começa achar que bullying é legal. Porque bulliyng, se você fizer bullying com alguém no palco, é muito provável que você consiga risadas…


– Ah, com alguém do público?


– Com alguém do público ou com alguém do elenco, você faz um bullying com alguém do elenco e você vai conquistar risadas, a plateia vai rir, mas você acaba cagando a relação que você tem com o seu colega de cena, você acaba diminuindo as partes interessantes que você poderia ter conquistado naquela noite, e você diminui drasticamente as possibilidades que você vai ter de improviso.


– Legal, mais alguma coisa que você pensou quando eu falei de armadilhas, obstáculos ou coisas que um improvisador, as vezes ele sucumbe ou ele esquece, sabe coisas que a gente que é mais velho esquece de algum detalhe?


– Agora falando do Antropofocus, uma coisa que a gente resolveu para nós, algum tempo atrás, é que a gente não faria jogos com tanta frequência, porque a gente acha que o jogo as vezes, ele é tão legal para a plateia, e ele é tão legal para os improvisadores, que as vezes o jogo é maior do que interpretar a cena, e como o Antropofocus é um grupo focado em teatro e em interpretação, a gente não quis fazer tantos jogos, porque a gente falou assim “Nossa, a gente vai ficar muito bons em jogos e a gente gostaria muito que isso continuasse a ser uma ferramenta para a gente criar espetáculos”, então a gente tomou a decisão de que “Espera, a gente vai fazer o máximo possível pra gente criar coisa pra que continuem a ajudar a gente a criar espetáculos”.


– Você falou de criar, a gente… Antes da gente terminar, sobre criatividade, né? Você é ator, comediante, faz um monte de coisas, como é que você enxerga a criatividade para as pessoas, muitas pessoas ouvem o podcast buscando “Ah, como eu posso ser mais criativo? Como vocês artistas fazem, criam espetáculos na hora”, que visão? Que olhares você tem sobre criatividade?


– Eu acho que criatividade é você estar apto a usar as informações que você já tem, e que as vezes você tem a impressão de que para ser criativo você vai ter que adquirir um conhecimento extra imenso que você ainda não conseguiu ver em si mesmo para você poder fazer as coisas. Mas na verdade criatividade, é você ter o domínio das coisas que você já sabe, das referências que você já tem, e você só vai ter que reaprender a articular as suas memórias, as suas vontades, as coisas que você já aprendeu na vida e você vai ter que aprender que aquilo que você sabe já é importante, aquilo que você viveu já foi incrível, a gente só tem que colocar isso em movimento porque está tudo parado em você.


(Música)


– Vamos terminar com o momento JOGO SURPRESA. Eu queria propor a você chamado ENTREVISTA AO CONTRÁRIO!


– Tá bom!


– Esse é um jogo que a gente não faz muito, que é um jogo muito difícil, não tem na internet, não fizemos no programa, porque ele é um jogo mais difícil e eu queria experimentar com você, se der certo, legal, se não der certo, a gente edita e não vai ao ar e faz outro jogo, e se der certo mais ou menos vai ao ar, porque o importante é você ver o jogo bruto mesmo, errando, e a gente fazendo o possível dentro dele. Regra do jogo é a seguinte, vamos fazer uma entrevista aqui, só que vai ser ao contrário, ao invés da entrevista começar do começo, ela vai começar do final. Você vai ser o apresentador e eu vou ser o entrevistado.


– Tá bom!


– Tá bom? Então vamos pegar uma profissão… Pega aí do seu aplicativo uma profissão…


– Piloto de helicóptero!


– Piloto de helicóptero… Eu vejo muitos, bem fácil pra mim… Então vamos lá, 3, 2, 1… Valendo! 


– Obrigado você pelo convite!


– Eu entrevistei aqui o Marcio, o piloto de helicóptero mais famoso da cidade!


– www.pilotodehelicoptero.com.br


 – Ah, foi ótimo realmente, e como é que as pessoas fazem para encontrar você, Marcio?


– Então, eu acho que a coisa mais importante no helicóptero é a hélice. Se a hélice não está funcionando, a gente tem que ter cuidado extremo com a hélice, as vezes a gente checa 5 vezes…


– Escuta, antes de eu entrar no helicóptero, o que que eu tenho que pensar para não morrer?


– O meu pai! Realmente o meu pai!


– Então quando você está lá pilotando e dá lá uma turbulência, você tem que começar a rezar, o que que você fala?


– É muito bom isso, eu falo, achei muito bom, faz todo sentido! Muito bom!


– Porque helicóptero em Santa Catarina, é avião de rosca, né?


– Todos os dias que eu acordo eu beijo minha esposa, beijo meus filhos e é mais um dia de trabalho, o helicóptero pra mim é um instrumento de trabalho!


– As pessoas ficam curiosas, né? Qual é a vida emocionante de um piloto de helicóptero?


– 37 anos!


– Quando você perdeu a sua virgindade, foi?


– Olha eu acho que assim, a vida pra mim é como o ar, vai pra lá, vai pra cá, você não vê, mas ela está sempre lá…


– Marcio, fala alguma coisa poética para as pessoas acharem que é profundo.


– Olha, é um prazer estar aqui, eu assisti você, desde pequenininho eu assistia você, e agora a gente tem essa oportunidade…


– Porque o Marcio que é piloto de helicóptero, ele vai conversar com a gente, não é mesmo, Marcio?


– Deu certo?


– Deu certo!


– Sério?


– Sensacional!


– Nossa, eu nunca tinha feito esse jogo na minha vida!


– É isso aí. É o jogo de entrevista ao contrário. Senhoras e senhores, Andrei Moscheto!


(Música)


Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um episódio (AAAHHH) mas na segunda feira tem mais (EEEHHH).


E se você ainda não entrou no BallasCast, que é o grupo que a gente tem no Facebook, entra lá, porque lá tem informações exclusivas, eu vou colocar um jogo de improviso com o Andrei para você assistir, eu vou colocar um momento de erro de improviso, que aconteceu essa semana comigo pra você assistir, então entra lá, pede a sua aceitação que eu aceito você, NOW!


E agora para gente encerrar, vamos falar juntos o final?


– Vamos falar junto o final!


– Eagoravamosfinalizaropodcastesperoquevocêsvoltemparaouvirospróximosepisódios. Um beijopracadaumdevocêsevamosconvidarpessoasparaouviressepodcastquesechamaBallasCast…


Thank you


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Bye bye