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BallasCast – Episódio 10 – Do Palhaço ao Improviso

 

Clique aqui para ler a transcrição do episódio.


Senhoras e senhores, laaaadies and gentlemaaaaaaaaaaaaans, mesdames et messieurs, escrivãos e escrivoas, está começando mais um…


BALLASCAST.


Música…


 


Olá, olá, olá!


É um prazer ter você aqui novamente, esteja você onde estiver…


No Brasil, na América do Sul, América do Norte, Oceania, África.


Mais dois territórios a sua escolha.


Tô realmente muito feliz de fazer esse podcast, eu sei que ele tá sendo ouvindo por gente de muitos lugares do planeta Terra inteiro.


Gente de Marte, gente de Júpiter, Netuno, Saturno, Vênus, Mercúrio, Cromo, menos Plutão, coitado, que foi rebaixado e tá mal…


Tá muito mal…


Ouvi falar que ele ficou arrasado, lagriminhas saindo do cantinho do planeta, mas enfim…


Vamos começar mais um episódio… NOW!


 


DO PALHAÇO AO IMPROVISO


 


Eu estava no meu terceiro ano em Paris agora, continuando meus estudos pra tentar ser palhaço profissional.


Lá eu fazia pequenos trabalhos pra pagar meu aluguel, pra pagar minhas contas.


Eu cuidava do pequeno Luka, que agora tava já com sete anos, e eu fui fazer baby sitter dele todos os dias, e eu fazia espetáculos de rua, passava o chapéu pra ganhar mais uns trocos.


Eu estudava numa escola chamada Le Samovar que é uma escola de palhaços, então lá eu trabalhava também arrumando os figurinos, organizava o espaço pra poder ganhar uma bolsa, enfim…


Tomava muito vinho, não porque eu gosto de vinho, mas porque era uma bebida muito boa e barata que você compra em qualquer lugar muito barato.


Comia meu pão chocolat e meu croissant com queijo de almoço diariamente, e novamente recebi um convite pra viajar com os Palhaços Sem Fronteiras.


Dessa vez a expedição seria pra Madagascar


E lá fomos nós…


Uma nova expedição com outros artistas em direção a Antananarivo, a capital de Madagascar.


E diferente do que mostra o filme da DreamWorks, Madagascar não é nenhum “dream”, muito pelo contrário, é um país onde tem muita pobreza, muita corrupção…


E as coisas não estavam nada bem em 2000…


Então a nossa expedição foi pra lá e mais uma vez eu tinha que apresentar num lugar onde as condições eram absolutamente desfavoráveis.


E lá fomos nós fazer espetáculos no meio da África.


 


Música.


 


Um dos lugares que a gente foi — foi um centro de educação, onde tinham 500 crianças de 12 a 19 anos e a gente fez o nosso show lá.


Esse lugar era tão difícil, mas tão difícil de chegar que a gente demorou mais de 3 horas.


Quando acabou o espetáculo, uma das crianças chegou perto de mim e ficou passando a mão assim na minha mão, alisando assim, meio que pesquisando…


E eu achei engraçado e eu fiquei só observando e a moça do Care International, que era a ONG que organizou essa expedição, me falou:


– Nossa Marcio, aqui é um dos lugares que nunca veio um branco, então pode ser que nós sejamos os primeiros brancos que eles tenham tido contato.


E foi muito louco porque eu nunca tinha ido num lugar que era tão afastado do nada assim, em toda a minha vida.


Outro espetáculo que foi muito incrível, foi o espetáculo que a gente fez dentro de uma prisão.


Então a gente entrou na prisão, fomos revistados, passamos grades de ferro e tal, então já tipo assim, entrar numa prisão já é uma coisa muito NÃO NORMAL né, pelo menos pra mim né…


Eu não sei você que tão ouvindo, mas enfim…


Eu nunca fui preso na minha vida!


Então a gente entrou e depois de vários portões a gente chegou no pátio central. E era muito louco porque onde a gente começou a fazer montagem nesse pátio central, as celas davam vistas pra esse pátio.


Então todos os presos, atrás das grades, ficavam olhando pra gente com uma cara de “meu… QUÊ QUE ESSES CARAS TÃO FAZENDO AÍ? QUEM SÃO ESSES CARAS?”


Umas caras absolutamente amarradas, umas caras muito mal encaradas, e eu confesso que eu fiquei inclusive, com muito medo nesse momento.


Os presos tavam lá por vários… delitos.


Desde coisas graves até coisas muito simples, muito pequenas, tipo, roubou mandioca, roubou uma coisinha no armazém.


Como a justiça lá era muito morosa, muito lenta, eles chegavam há ficar seis meses, um ano na prisão, só pra esperar o julgamento deles.


Enfim, a gente aprontou todo o espetáculo e num momento eles abriram e todos os caras vieram pra lá.


Eles sentaram meio mal encarados, meio olhando de lado… e o espetáculo foi começando aos poucos, os palhaços foram os primeiros a sair pra aquecer o público…


Então eu e a outra palhaça saímos e começamos a fazer as primeiras brincadeiras, os primeiros olhares.


Fomos aqui, aí um cara falou uma coisa, aí a gente repetiu o que ele falou na língua deles, eles acharam engraçado.


E aí o espetáculo começou a pegar, começou a pegar, começou a pegar, no final eles amaram o espetáculo, ficaram muito felizes, aí vieram abraçar a gente, a gente fez uma roda.


Esse não tinha crianças, mas mesmo assim a gente distribuiu o nariz vermelho pra deixar alguma coisa com eles.


Então foi mais um espetáculo muito emocionante, dentro de um lugar muito louco que eu jamais tinha ido em toda a minha vida.


A expedição de Madagascar durou duas semanas e eu voltei novamente para Paris.


 


Música.


 


Eu voltei a Paris e minha vida seguiu normalmente, na rua Moulin Vert, 44. Até que um dia um amigo meu me convidou pra assistir um espetáculo de teatro.


E eu falava bem francês, só que pra assistir uma obra assim você precisa ter um francês nota dez e não era o meu caso.


E eu falei:


– Não, não! Merci!


E ele falou:


– Não Marcio, é um espetáculo de improvisación teatral!


Quando ele me falou IMPROVISACIÓN TEATRAL, eu lembrei, que há muitos anos atrás, antes de eu ir pra fora, antes de eu virar profissional, eu fazia parte de um grupo chamado Tela Viva.


Esse grupo era o Alê Eders, tem o Fábio Four , Dani Tauszig e o Dan Stulbach.


Dan Stulbach que é ator da Globo e blá, blá, blá, blá, é meu amigo de infância e a gente fazia esse grupo juntos.


E um dia a namorada dele tinha ido viajar pra Itália, a Adriana Londoño, e quando ela voltou, ela veio no ensaio falar pra gente:


– Galera, eu assisti um espetáculo de improvisação na Itália.


E a gente “Ahn? Como assim improvisação?”.


Ela falou:


– É… Eles fazem o espetáculo na hora ali improvisado mesmo… É a cara de vocês!


E eu fiquei com isso na minha cabeça durante muito tempo.


Um espetáculo de improvisação? Como é que é isso?


Espetáculos de improvisação não existiam no Brasil fazia então ninguém sabia o que era.


Eu não sabia o que era nem eles que faziam teatro faziam ideia e aquilo ficou na minha cabeça, guardado por anos e anos e anos.


Quando ele me falou isso, eu lembrei da Adriana Londoño me contando isso, e eu falei:


– Nossa, eu quero ir!


E lá fomos nós assistir o espetáculo de improvisação teatral.


Então a gente chegou no teatro e quando a gente chegou lá, pessoas da produção davam pra gente papeizinhos…


E nesses papéis a gente tinha que escrever um título, cada um de nós escreveu um título e esse título foi colocado numa caixinha, numa urna.


Quando entramos lá, o apresentador começou a explicar que ali seria um espetáculo “totalment improvise”, improvisado 100%.


É o que eles chamam lá de Le match d’improvisation théâtre. Esse formato foi inventado no Canadá, por dois canadenses e eles têm uma história curiosa.


Esses dois canadenses tavam assistindo um dia um espetáculo de rock com dez mil pessoas, um show de rock daqueles né? Tal, tal, tal…


E eles falaram:


– Meu… Por que que tem tanta gente aqui, dez mil pessoas e nos nossos espetáculos tem trinta, quarenta pessoas?


E aí eles falaram:


– Puxa! Tem a coisa do jogo… Da competição.


Então eles resolveram criar um formato de improvisação com competição, que é esse que é chamado de match de improvisação teatral, onde tem dois times.


Então lá tinha o time azul que era formado por cinco atores franceses contra o time amarelo, outros cinco atores.


Um juiz… E esse juiz ele retirava os títulos da caixinha.


Daí time azul fazia improvisação, o time amarelo fazia outra improvisação com o mesmo tema e no final de cada rodada o público votava com cartões qual dos dois times tinha sido o melhor.


Aí ganhavam um ponto, dois pontos, três pontos e aí no final do jogo quem tivesse mais pontos era o vencedor da noite.


E eu achei aquilo sensacional.


Num determinado momento o juiz tira e lê o título da próxima cena e o título da cena era meu…


Eu que tinha escrito aquele título.


E aí eu vi na minha frente, atores criarem uma cena totalmente improvisada, sem nada ensaiado, sem nada roteirizado, sem nada combinado.


E eu fiquei maravilhado com aquilo.


Não era possível que alguém podia fazer a criação ali na hora, ao vivo, na frente dos meus olhos.


 


Música.


 


Quando acabou o espetáculo eu fiquei passado. Pas-sa-do.


Não conseguia nem falar com os meus amigos assim… Eu ficava penando “como é que os caras podem fazer isso ali na hora?”.


Tinha cenas, as cenas eram engraçadas, as cenas tinham início, meio e fim. Era uma coisa que eu não podia fazer… Aquilo era inconcebível pra mim…


Sabe quando você vê algo impossível e você fala:


– Nossa! Eu JAMAIS faria isso!


Mal sabia eu que anos depois… Este que vos fala… Seria um dos responsáveis pela disseminação da linguagem do improviso no Brasil.


Mas isso é história para um outro capítulo.


Finale…


Bien…


Fin.


 


Música.


 


Muito bem, muito bem, muito bem, chegamos ao final de mais um capítulo (AAAAHHHHHHHHHHHH),mas segunda feira que vem tem mais (EEEEEEEHHHHHHHHHH).


E se você quiser me contar o que você tá achando desse Podcast, você pode entrar no meu grupo BallasCast no Facebook, ééééééé….


Eu tenho um grupinho onde a galera dá opiniões, sugestões, pitacos…


Me contam quem que quer ver ser entrevistado aqui por mim, mandam coraçõezinhos, emoticons (aqueles com lagriminhas nos olhos, dois olhos aqueles tipo “Ai, foi muito engraçado isso hein Marcio?”).


Enfim…


BE FREE… SEJA LIVRE … e falando em liberdade, vamos ao MOMENTO MERCHAN


“Marcio, como posso fazer cursio de improvisio?”.


SIIIIIIIIMMMPLES Assim… se você quiser fazer cursio de improvisio com o Marcio é muito fácil.


casadohumor.com.br


Pra qualquer pessoa de qualquer profissão, engenheiro, advogado, médico, analista de TI, paraquedista, é simples…


Você só não pode ser criança, por que de criança basta os meus filhos…


Muito obrigado por ter chegado aqui.


 


FELIZ ANO NOVO!


FELIZ NATAL!


 


Aliás, nesse Natal eu fui no shopping, foi muito interessante porque eu entrei na fila, eu sempre quis conversar com o Papai Noel, eu sempre tive uma curiosidade assim.


Na fila só tinha criança, eu entrei… E aí quando chegou minha vez ele falou:


– Pois não?


Eu falei:


– Papai Noel, posso fazer uma pergunta?


Ele disse:


– Claro meu filho!


Ai eu falei:


– Mas Papai Noel é uma pergunta intima…


Ele falou:


– Claro! Quê que é?


Eu disse:


– Papai Noel… Você rói unha?


Ele disse:


– HOU HOU HOU.


ME DESCULPE POR ESSA…


Vamos terminar rapidinho antes que eu me arrependa.


 


TCHAU!